quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Em branco



-Amanhã, quando os ponteiros do relógio se encontrarem a meia noite, um novo chegará. Amanhã, quando os ponteiros do relógio encontrarem o número 12, mais 365 dias estarão novinhos "em folha" esperando nossos sonhos, vontades, esperanças, desejos. Mais um ano. Mais milhares de horas, bilhões de minutos, trilhões de segundos. Limpos, novos, e o mais importante, em branco. Em branco para serem vividos, em branco para serem escritos, traçados, rabiscados, usados e abusados. Em branco porque serão inéditos, porque todos irão vive-los ainda. Porque trazem com eles a esperança de fazer deles dias melhores. Dias que prometem. Dias que são esperados. Os dias novos. O ano novo. 2011.

Um a mais que 2010, um a menos do que 2012. É exatamente o ano para fazer acontecer. Para não esperar mais por aquela oportunidade, para fazer a oportunidade. Para acreditar na beleza de um sonho. Para pular de alegria. Para chorar de dor, de tristeza. Para viver um grande amor. Ou vários casinhos de amor. Para fazer tudo aquilo que não foi feito em 201o por cansaço, preguiça, falta de motivação. A promessa de um ano novo vem junto com a promessa de uma vida nova. De lavar a alma a meia noite do dia 31 de dezembro. De ver os fogos e lembrar da vontade de querer coisas novas, de querer renovar. Queria 2011. Queira que 2011 seja um ano novo de verdade. Um ano novo. Um ano em branco. Para que uma nova história, ou uma antiga história, seja escrita. Escreva seu 2011.

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Feliz 2011 para todos!
Obrigada por mais um ano junto comigo, junto com meus olhos de de carvalho.

-Hoje alguém esqueceu uma data importante. Mas, enfim, ele tem até o final do dia para lembrar. Esperarei.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Gratidão


Marília, 22 de dezembro de 2010

Querido Papai Noel,

Como a carta do ano passado deu certo, resolvi escrever para o senhor novamente este ano. Espero que não se chateie com minhas palavras Papai Noel, pois sei que já sou grandinha para cartas. Só que penso que não existe idade para se ter fé. E eu tenho fé no senhor. Sabe, ano passado fiz vários pedidos, os quais, em sua grande maioria foram atendidos. Desse modo, não teria outro motivo para esta carta a não ser agradecer. O ano está acabando novamente, um ciclo se encerra, outro começa. Iremos contar os dias novamente, contar as semanas, os feriados, os fim de semana, as festas e os aniversários. Iremos fazer tudo de novo, de novo, para no fim, querer que tudo seja diferente. O meu ano foi diferente Papai Noel, o senhor sabe que foi. O meu ano foi totalmente inédito, um verdeiro mistério em todos os sentidos. E eu escrevo ao senhor, agradecendo. Obrigada por realizar meus sonhos, obrigada por permitir que eu fizesse parte daquela realidade que tanto sonhei ser minha. Obrigada por me fazer forte o bastante para enfrentar todas essas mudanças, esses turbilhões de mudanças. Obrigada por me fazer fraca o bastante para chorar na hora certa, pedindo ajuda, e obrigada por ter me ajudado. Obrigada por ter feito uma linha direta com seu superior lá nos céus para que, assim, quando fosse necessário, anjos pudessem me fazer companhia em horas de solidão. Obrigada pelas horas de solidão também, foi com elas que aprendi a querer momentos barulhentos com outras pessoas. Obrigada pelas dificuldades, pelas subidas, pelas escaladas, pelos problemas enfrentados. Obrigada pelos sorrisos, pelas alegrias, pelos beijos, pelos abraços, pelas vitórias, pelas festas, pelas palavras de carinho ditas. Obrigada pelas viagens, pelas novidades que vi, vivi, e ainda irei viver. Obrigada pelo amor que ganhei, pela vida de dividi, pelas lágrimas que derramei cada vez que meu coração partia e ele ficava. Obrigada. Obrigada por tudo. Obrigada pelo por-do-sol na cidade alaranjada e pelo amanhecer na cidade azul. Obrigada por ter me dado de presente, assim, em minhas mãos, tudo aquilo que humildemente desejava. Queria. Pedia. Obrigada por fazer de mim uma pessoa melhor a cada momento. Ou mais teimosa, mais que sabe que terá que mudar, e que quer ser mudada. Obrigada por me fazer terminar esse ano assim, contente, feliz, e com vontade de vencer o próximo ano que se inicia. Obrigada mesmo. Somente tenho motivos para te agradecer. E somente um pedido. Lembre-me, em todos os momentos de minha vida, que tudo o que ganhei foi batalhado, ganhado, suado. E que eu posso, eu consigo, se eu quiser.

Obrigada Papai Noel.
Obrigada mais uma vez pela atenção
Um Feliz Natal a todos os elfos, renas, e criaturas ai do Polo Norte.

Carolina

sábado, 18 de dezembro de 2010

A última



Marília, 18 de dezembro de 2010

Meus queridos olhos verdes,

Essa é, talvez, a última carta que te escrevo. A última de poucas cartas, e muitas palavras, sentimentos e lembranças. A última de uma série de confissões que dividimos. A última porque sinto, que finalmente, chegou ao fim. Chegou ao fim tudo o que teríamos para dividir durante o tempo que passamos juntos. Desde o nosso último adeus tenho pensado nisso. E mais uma vez os seus olhos verdes me disseram o que seria preciso fazer, quando sua boca calou-se para essa verdade. É hora das despedidas. É hora do último olhar, do último sorriso, do último abraço. Tudo termina aqui. Tudo deve terminar aqui. Juntamente com o ano que se finda, nossa história de compartilhamento e carinho também deve se findar.Não quero, porém, que as lembranças sejam apagadas, que a dor tome o lugar do amor, que a angústia roube o espaço da amizade que tivemos. Peço, e sei que peço de mais, que tudo fique. Que fiquem as memórias, as palavras, as tardes quentes, os dias frios, os segredos, os desejos, as cartas...Sim, peço que fiquem as cartas. Assim como seus olhos ficaram comigo em cada momento desse ano. Assim como seus olhos me acompanharam, e me incentivaram a cada passo. Seus olhos verdes. Seus claros e intensos olhos verdes. Seus distantes olhos verdes, opacos olhos verdes. É complicado explicar, mais, agora percebo porque eles não brilharam para mim na última vez que nos vimos. A verdade é que eles deixaram de brilhar já faz algum tempo. Desde do momento em que eles ganharam um substituto. Alguém mais próximo, mais presente, presente de verdade, de alma, de corpo, de coração. Não que você tenha deixado de ser importante, não que não pense mais, não lembre mais, não me inspire mais em você. Tudo tem seu tempo, meu querido. Tudo. E agora, assim como toda estação, tenho que deixar você para trás, e dar lugar a nova etapa que virá. Nova e maravilhosa etapa que virá. Acompanhada de amor. Amor que achei nunca encontrar. E que agora é presente. Você me acompanhou até aqui, guiou inicialmente meus pés para essa jornada. E agora, é hora de me deixar ir. Não sozinha, não estou mais sozinha. Me despeço de seus olhos verdes, me despeço dos conselhos, dos olhares, me despeço de tudo. Me despeço de tudo o que tivemos. Já é hora de eu ir. Já era hora de eu ir. Acho que falo por mim e por você quando digo isso. É hora dos caminhos se separarem, frente a encruzilhada do destino. Nos encontraremos mais a diante? Não posso dizer. Por enquanto, digo adeus. Por enquanto, digo que devo me despedir.

Esta, começou como uma carta explicativa, e termina como uma carta de despedida. No fundo, sei que esta sempre foi a finalidade dela. Quando seus olhos deixaram de ser a luz na minha estrada, quando outros olhos tomaram o lugar dos seus, percebi que isso deveria ser feito. Não guarda mágoa, não se chateie. Meu endereço é o mesmo. Esta é minha última carta, não precisa ser a última sua. É hora do silêncio falar por mim.

Adeus, adeus de verdade.
Obrigada por tudo. De olhos fechados, assino está carta, lembrando de tudo o que vivemos, pela última vez.

C.R.Z.
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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Sentir com V



-Viva. Viva a vida. Velozmente. Vagarosamente. Vigorosamente. Voe e volte. Voe e vá. Veja vistas vazias e vastos vales. Verdes. Vermelhos. Violeta. Viage. Vença. Vença valetas e viadutos, vulcões e ventanias. Vacile. E volte. Volte com vontade de vencer vinte vezes. Várias e várias vezes. Vá voando ver. Ver vagalumes. Veleiros e ventos. Vibre. Visualize vôos velozes. Verticais. Valentes vôos vindos de vagos vilarejos. Vigie. Vista-se de ventos e vá. Vá, que a vida vivida vale mais. Vale várias vezes mais. Varra vestígios de velhos vermes e venha ver valsas, veludos, versos versáteis e verdadeiros. Versos de verões, vermelhos verões. Versos visíveis para vocês verem. Versos inVisíeveis para somente verem. Versos vivos. Versos escritos. Escritos para serem sentidos. Sentidos com V.


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Esse textinho é uma velha aposta minha. Apostei com algumas pessoas que conseguiria fazer um texto inteiro só usando a letra V. Inteiro eu não consegui. Creia, é díficil. Mas, acho que até onde foi ficou até bom. Espero que gostem, e está paga a aposta. Venci?

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Um passo, dois passos...


"-Desde o dia em que ao mundo chegamos, caminhamos ao rumo do sol. Há mais coisas para ver, mais que a imaginação. Muito mais do que o tempo permite. São tantos caminhos para se seguir, lugares para se descobrir e o sol sempre a girar sob o azul desse céu, nos mantém nesse rio a fluir. Nesse ciclo sem fim, que nos guiará, a dor e a emoção. Pela fé e pelo amor, até encontrarmos o caminho nesse ciclo, neste ciclo sem fim."

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-Ninguém conhece as dores de ninguém. Ninguém conhece os segredos de ninguém. Ninguém sabe o que cada um passou para chegar ao lugar em que se encontra agora. As estradas são muitas, as curvas mais abundantes ainda, os atalhos, desvios, becos e pedágios são constantes. Tudo é válido. Tudo é aprendizado. Se tudo será visto durante a vida, provavelmente não. Se tudo será sofrido, provavelmente não. Se tudo será fácil, provavelmente não. A dor e o sofrimento faz parte de uma parte da estrada. A felicidade, a alegria, estão presentes ali, além da curva. O caminho é longo, e mesmo assim, curto. O caminho é estreito, e mesmo assim, largo de mais. O sol brilha, mostrando cada vez mais um dia. Cada vez mais um passo na estrada. Individual. Coletiva. De cada um. De um só. A verdade é que o ontem ensina o que o amanhã irá cobrar. Tudo, tudo. Exatamente tudo. É aprendizado. E nada é em vão.

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A vida é ampla. E os dois textos mostram visões diferentes dela. Ou iguais. Ou semelhantes. Ou nenhuma das anteriores. Um mexeu muito comigo, e o outro eu que escrevi, numa aula meio tranqüila de química analítica qualitativa.

sábado, 27 de novembro de 2010

Love Hurts


"O amor só vive pelo sofrimento e cessa com a felicidade; porque o amor feliz é a perfeição dos mais belos sonhos, e tudo o que é perfeito, ou aperfeiçoado, toca o seu fim."
Camilo Castelo Branco
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Exatamente o que queria dizer. Exatamente. O amor dói. Machuca. Mas, atire a primeira pedra quem não deseja, profundamente, amar.

Análise


-Eu nunca fui uma pessoa que tivesse muitos amigos.
-E porquê você acha isso?
-Não é uma questão de achar, é um fato em si. Nunca tive muitos amigos. Não era nem nunca fui uma pessoa popular. Não vivia rodeada de meninas que queriam saber de minha vida agitada. Na verdade eu nunca tive uma vida muito agitada...
-Sim, continue.
-Sempre fui muito fechada sabe, com meus segredos somente para mim e para meus diários. Acho que é esse o problema. Sempre escrevi de mais. Como forma de externar os problemas e dores. É, isso mesmo o problema, sempre escrevi de mais. E não deveria, deveria ter procurado alguém, contado...
-Mas escrever não é uma coisa que você considera como seu dom? Sua identidade? Você abriria mão disso se assim, tivesse mais amigos?
-Não. Não. Acho que não. Complicada essa questão. Teria mais amigos se eu não escrevesse como escrevo? Não. Eu sou quem eu sou. Não abriria mão de nada. Mas, essa não é a questão. A questão é que essa falta de amigos me faz muito dependente dele. E não sei se isso é bom.
-Não seria bom porquê?
-Porque ele tem a vida dele, com os amigos dele, e gosta de sair só com eles quando pode. E eu preciso tanto dele, da companhia dele, de conversar com ele. É tão difícil entender que ele não vive só para mim. Que ele quer e deve viver para ele. Somente para ele. E que eu, sou somente mais uma pessoa com quem ele divide, sei lá, alguns momentos. Machuca tanto quando ele liga e me fala que vai sair com fulano, ou ciclano. Ou quando ele diz que está na casa de beltrano. E eu lá em casa, esperando as horas passarem, os dias passarem, para voltar a minha rotina outra vez. Contando as horas para ele estar de volta só para mim, quando ele não fica ansioso para me encontrar. Ele somente deixa o tempo passar.
-Acalme-se. Enxugue essas lágrimas sim. Vamos falar mais sobre isso. Você acha isso uma atitude positiva? Me refiro a essa espera sua com relação aos compromissos dele.
-...Não, não acho positiva. É uma atitude que me consome as vezes. Sempre, na verdade. Só que não consigo mudar, tento entender que não posso estar com ele as 24 horas de um dia. Eu tento de verdade. Mas, como disse, eu sou uma pessoa sozinha, e com ele eu me sinto sempre acompanhada, confortável, amada, querida, segura. E ele sente-se somente bem, quando está comigo. Ele tem a vida dele Doutor, e eu nunca tive a minha.
-Como assim?
-Nunca tive a minha. Nunca tive uma vida. Uma que fosse minha. Sempre vivi com metas, com desejos, com vontades que as vezes nem eram minhas. Eu nunca tive minha turma de amigos, nem um programa que fazia sempre junto com alguém. Sempre fui quieta. E quando batia a solidão eu estudava, lia, escrevia. Chorava sozinha em algum lugar...
-...
-Olha só que bobeira a minha, achava que quando encontrasse alguém isso iria mudar. E não muda não é. Somos somente duas pessoas individuais. Que compartilham somente...não sei o que compartilhamos. E olhe, eu queria que ele fosse a "minha metade". Mas não é. Ele é uma pessoa inteira, assim como eu. Assim como todos somos. E a minha vontade era ter ele só para mim. Em todos os momentos.
-Você não acha isso muito...
-Egoísta? Eu sei. E não é isso que estamos tentando trabalhar aqui Doutor. Digo, não era esse o ponto.
-Sim, sim.
-Eu sou uma pessoa egoísta. Acho que assumir isso já é importante. Só que, escute isso sim. Quem na minha situação não seria? Eu me deparei com alguém que consigo confiar totalmente para me abrir tanto ao ponto de ficar vulnerável. Alguém que é meu amigo. E muito mais que isso. Alguém que nunca tive. Como não ser egoísta?
-Estamos aqui para isso, não é mesmo? Olhe, que tal continuarmos outro dia?
-Certo Doutor, já passou do horário mesmo. Muito obrigada por tudo. Até mais.
-Até mais. Até a próxima.
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terça-feira, 23 de novembro de 2010

Sem água

-Quando a última gota d´água cai dentro de um copo cheio, ele transborda. E grande parte do seu conteúdo interno é derramado. Escorre. Vaza. Molha. Mas, nada mais além disso. Não grita. Não chora. Não responde. Não se indigna. Não se irrita. Um copo d´água não possui reação. Um ser humano possui. E ele grita. Chora. Responde. Se indigna. Se irrita. Principalmente se o dia foi cheio, se a cabeça está cheia, se o tempo voa e falta, se as horas são curtas, e as responsabilidades enormes. Se o peso de cada escolha é esmagador. Se a mente não descansa. Se o corpo, cansado, implora por uma pausa. Que pausa? Os dias estão cada vez mais frenéticos. A vida está cada vez mais corrida. O tempo não existe. E o único modo de apreciar um pôr-do-sol é quando se espera o ônibus. Acordar cedo e dormir tarde é rotina. Preparar aulas, trabalhos, estudos em momentos apertados do horário também. Contar segundos, minutos, horas que correm. Correm. Correm. Correm. Correm...

E não param.

O sol queima. A chuva molha. O céu escurece, amanhece, entardece. E a vida continua. Pode parecer clichê, mas apesar de tudo, "estamos aí." O único problema disso tudo não é a agitação, não é a correria, não é a falta de tempo. É o esgotamento. O cansaço. O desgaste. No final do dia, um banho frio (em dias quentes) ou um banho quente (em dias frios) seria a solução para todas as feridas dessa rotina. Mas, imagina só se faltar água...


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Um textinho escrito assim, no ponto de ônibus. Bem rapidinho.
Porque sempre que admito que tenho problemas para escrever, as palavras voltam?


sábado, 20 de novembro de 2010

Crise literária

-Escrever não é uma tarefa muito difícil. Requer papel, caneta e dedos. Ou papel, caneta e uma mente pensante. Na verdade nem precisa-se pensar muito para escrever. Não precisa-se forçar, convocar as palavras, trabalhar duro. Não precisa-se de grandes esforços. E não creio que os grandes escritores forçavam tanto assim para obterem suas grandes obras. Eu acredito mesmo que escrever é sentir. E quando se sente, quando os sentimentos pesam, incomodam, gritam, eles saem de várias maneiras. E uma das maneiras, é em forma de palavras. Simples. Tranqüilo. Sereno. Calmo. Sentir intensamente a vida e tudo o que ocorre ao redor dela torna a escrita um ato fácil. Repito, não sei se os grandes escritores eram assim, ou não. Só que creio intensamente que sim. Todos eles produziram obras tão belas, que só podem ter saído de horas e horas pensando e refletindo sobre como eles sentiam e viam a vida passar. Aqui, eu estou falando por mim. Escrever foi e é uma forma de eu escapar. Uma forma de colocar para fora de maneira pacífica todo o redemoinho de sentimentos que existe dentro de mim. Como já disse antes por aqui, todo o meu eterno paradoxo no modo de viver. Mas, escrever não é difícil. Difícil é sentir. É ter tempo de sentir. Sentir de forma variada. E ultimamente meus sentimentos e percepções estão escassos. Digo no sentido de variedade. Antes tudo o que se lê por aqui jorrava de mim como enxurrada. Hoje essa saída já é bem relutante. E não existe muito o que fazer com relação a isso. Já forcei. Já espremi. Já convoquei. Até aceitar que não adianta. E a solução é a espera. De um dia tudo voltar. De um dia tudo estar como deveria e eu voltar a ver a vida como via antes. Por enquanto, não está fácil escrever. E eu me sinto como se tivesse perdido uma parte de mim que gostava muito de ter. Que me orgulhava até. Era aquela parte que eu tinha, quase como uma coisa especial. Espero que volte. Em algum momento de tranqüilidade. E quando voltar tudo estará aqui. Esperando-me.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Nas areias


-"Passos ecoavam distantes. O vento soprava com o gemido habitual. A lua não iluminava a noite escura. Não fazia frio. Mas também não fazia calor. O mesmo clima ameno de todas as outras noites. A mesma paisagem. O mesmo silêncio. A mesma solidão. Os passos distantes eram, ou pelo menos achava que eram, das outras pessoas que percorriam o mesmo caminho que ele. Nunca havia visto ninguém. Nunca havia falado com ninguém. Só qie, imaginava que existiam outras pessoas. Imagina assim, e tinha uma grande esperança nisso. Queria, ao menos idealizar que não estaria sozinho. As mãos nos bolsos, o capuz do velho moleton sobre a cabeça, o tênis já gasto, o relógio parado. Não havia mais tempo. Ou pelo menos naquele lugar ele havia parado. O horizonte era infinito, e ele lembrava, ao fita-lo, de quando achava lindo essa infinitude. Agora era desesperante. Caminhar e não chegar ao fim. Andar sem rumo. Sair do nada e não chegar nem a lugar nenhum. Sem placas. Sem direção. Sem rumo. Preso num deserto sem fim..."

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Texto antigo. Não lembro o motivo que me fez escreve-lo, mas lembro que já faz um tempinho que escrevi. Gostei dele quando reli e achei que combina com alguns sentimentos do dia de hoje.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Os ponteiros



-"E tudo mudou...
O rouge virou blush.
O pó-de-arroz virou pó compacto.
O brilho virou gloss.
O rímel virou máscara incolor.
A lycra virou stretch.
Anabela virou plataforma.
O corpete virou porta-seios.
Que virou sutiã.
Que virou lib.
Que virou silicone.
A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento.
A escova virou chapinha.
"Problemas de moça" viraram TPM.
Confete virou MM.
A crise de nervos virou stresse.
A chita virou viscose.
A purpurina virou glitter.
A brilhantina virou mousse.
Os halteres viraram bomba.
A ergométrica virou spinning.
A tanga virou fio-dental.
E o fio-dental virou ant-séptico bucal.
Ninguém mais vê...
Pingo-Pong virou Babaloo.
O a-la-carte virou self-service.
A tristeza, depressão.
O espaguete virou miojo pronto.
A paquera virou pegação.
A gafieira virou dança de salão.
O que era praça virou shopping.
A areia virou ringue.
A caneta virou teclado.
O long play virou CD.
A fita de video é DVD.
O CD já é MP3.
É um filho onde éramos seis.
O álbum de fotos agora é mostrado por e-mail.
O namoro agora é virtual.
A cantada virou torpedo.
E do "não" não se tem medo.
O break virou street.
O canaval de rua virou Sapucaí.
O folclore brasileiro, halloween.
O piano agora é teclado, também.
O forró de sanfona ficou eletrônico.
Fortificante não é mais biotônico.
Bicicleta virou Bis.
Polícia e ladrão virou counter strike.
Folhetins são novelas de TV.
Fauna e flora a desaparecer.
Lobato virou Paulo Coelho.
Caetano virou um chato.
Chico sumiu da FM e TV.
Baby se converteu.
RPM desapareceu.
Elis ressuscitou em Maria Rita?
Gal virou fênix.
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennin e Elvis, todos anjos.
Agora só tocam lira...
A AIDS virou gripe.
A bala antes encontrada agora é perdida.
A violência está coisa maldita!
A maconha é calmante.
O professora é agora o facilitados.
As lições já não importam mais.
A guerra superou a paz.
E a sociedade ficou incapaz...
...de tudo.
Inclusive de notar essas diferenças."
Luís Fernando Veríssimo
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Um dia, estava eu e a menina que mora comigo lembrando de um tempo que há muito ficou para trás. Um tempo que não volta. Um tempo que está no passado. Um tempo, no qual nada era complicado como agora. Mas, as coisas são assim mesmo. Acontecem e passam e mudam e transformam tudo. O que ontem era lei, hoje já está ultrapassado, e amanhã será antigo de mais para ser lembrado. O que resta disso tudo é a saudade. Saudade de quando o céu era mais azul, as estrelas brilhavam melhor e tudo não passava de uma pequena preocupação sem sentido. Distante e longe. O relógio corre contra nós. Corre. E, inevitavelmente, o tempo passa.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Dessa vez...


Nosso Lugar, 12 de outubro de 2010

Meu amor,

Mais uma vez recorro ao livre traço das palavras para dizer tudo aquilo que olhos nos olhos não consigo expressar. E mais uma vez quebrei uma promessa antiga feita por mim mesmo, para mim mesmo. Prometi, meu amor, que nunca iria machucar você, que não te faria sofrer, que nunca iria permitir que uma lágrima caísse de seu olhar por minha causa. Uma promessa que talvez nunca tenha cumprido. Uma promessa que deveria, a risca, cumprir e seguir. Meu amor, eu jurei que não aconteceria. E por diversas vezes aconteceu. Meu amor, eu repeti milhões de vezes para mim mesma que não faria. E fiz, por milhões de vezes. Já não é mais permitido desculpar-se. Já não é mais permitido esquecer. Voltar atrás, ignorar, fingir que não aconteceu. É tempo de mudar as frases feitas, de abandonar as repetições. É tempo de pedir perdão. Perdão meu amor. Eu sei que meus erros são maiores do que meus acertos. Eu sei que minhas falhas se tornam aparentes de mais e não deveria ser assim. Mas no momento em que seus olhos se encheram de lágrimas, eu soube que havia, novamente, desapontado você. E agora, os olhos que se enchem de lágrimas, que se tornam opacos e distantes, são os meus. Só que insisto no leve traço dessas minhas palavras, porque sei que é preciso. Sei que é preciso sentir tudo isso novamente, e me arrepender. Você é bom de mais para eu te deixar ir. E não quero que você se vá. Sua presença é o que torna a minha caminhada nessa vida mais simples. Menos complicada. E mais positiva. Sem seu toque, sem seus olhos, sem seus beijos, sem seu carinho, tudo se perderia. Tudo o que tenho conseguido, construído. O fato, é que você fez de mim uma pessoa melhor. Melhor e melhor a cada dia. E mesmo errando muito eu sei que estou errando menos. É tempo de pedir perdão. De olhar para trás reconhecendo os erros e não repeti-los novamente. Eu só peço, quase escrevendo com minhas lágrimas agora, que não se vá. Que não desista. Novamente. De mim. Que fique. Que insista. Que me ame mais. Porque, meu amor, eu amo você. Porque, meu amor, eu peço seu perdão. Porque sem isso, eu não serei, mais uma vez, ninguém.

Perdoe as palavras repetidas. Elas somente precisavam serem ditas.

Com amor,
CRZ.

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terça-feira, 5 de outubro de 2010

One more time



-Amanhã é meu aniversário. Uma data qualquer para todas as pessoas desse mundo. Menos para mim. Foi o dia em que nasci. O dia em que comecei a percorrer os caminhas dessa vida que vivo atualmente. Amanhã é meu aniversário, e eu sempre gostei muito de fazer aniversário. Menos esse ano. Esse ano eu poderia "aniversariar" sem ganhar um número a mais na minha idade. Poderia comemorar meu nascimento sem somar mais um ano em minha vida. Há quem diga que a cada aniversário, não estamos vivendo mais um ano, e sim perdendo mais um ano, rumo ao nosso destino final. Pessimista, eu sei. Só que não errado. Há quem diga também, que aniversários são aniversários, e deve ser uma data alegre, divertida, deve-se comemorar apesar de tudo. Um professor meu ano passado, ao me dar parabéns, me disse isso. Ele me disse "o importante é festejar a data, gostar, estar de bem com ela, exatamente do jeito que você está fazendo". Se ele pudesse me parabenizar amanhã, ele veria que não iria estar tão alegre quanto antes. A rotina mudou. A vida está agitada. Os dias passam rápido de mais. Os anos correm velozes. As horas então, não voam mais. Caminham na velocidade da luz. E no meio de tudo isso, um ano se passou. E eu lembro tão bem de como ele começou. Sempre relacionei o meu aniversário ao final do ano. Outubro é um mês preguiçoso que passa tranquilo com suas tardes quentes e gostosas. Esse ano não. Outubro nem começou e já está trazendo com ele as provas finais, o final de um semestre, o segundo ano de minha faculdade. E no meio de tudo isso, eu, não querendo fazer aniversário. Não é pessimismo, pensar negativo, ser depreciativa. É querer que o tempo volte. Ou que ele pare. É querer ter uma semana tranquila. Relaxante. E talvez isso demore a acontecer. Porém, não adianta eu reclamar, falar que queria que fosse diferente, adiar a data, ignorar a data. Amanhã será mais uma vez 6 de outubro. E não importa de que ano, acontecerá por mais alguns (espero) muitos anos. Engraçado como são as coisas dessa vida. Ano passado, 6 de outubro acordou uma manhã chuvosa. Nunca chove no meu aniversário. Ao chegar na escola, um amigo virou para mim e disse "Carol! que sorte a sua, fazer aniversário numa manhã como essa, olhe, dois arco íris no céu!". E eu, incrédula, olhei pela janela e vi. Dois arco íris no céu. Sinal de alguma coisa? Não sei. Sorte? Provavelmente não. Felicidade? Talvez sim. Só sei que espero que o dia de amanhã me surpreenda. Que quero que seja diferente dos outros, apesar de já ser diferente. Quero que seja alegre. Apesar da minha vontade de ficar em casa o dia todo. Dormindo. Quero mais um ano de vida inovador como esse, apesar de não querer comemorar essa data. Eu sou contraditória, eu sei. Enfim, quantas velas vou colocar no bolo? Isso é segredo. Só que são mais de 20, com certeza.


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Para os curiosos de plantão eu nasci em 6 de outubro de 1988. Façam as contas.





quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Sem sentido


-As coisas andam diferentes por aqui. E não é de hoje. Não é de ontem. E tampouco é recente essa mudança. Só que é quando parei para pensar nela, que realmente percebi o quanto tudo mudou em tão pouco tempo. Rápido e dinamico. Mudando novamente a cada hora e dia. No começo desse ano eu era somente alguém que espera por resultados. Sem saber o que faria. Sem saber para onde iria. E o destino, ou não, quis que eu fizesse a mais completa volta para conhecer realmente vários lugares. Marília. Maringá. Marília. Araraquara. Marília. Araraquara. Marília. E futuramente provavelmente São Paulo. São José do Rio Preto. Ribeirão Preto. Marília. Eu sempre quis viajar muito mesmo. Acho que sonhos se realizam. Melhor, eu tenho certeza que sonhos se realizam. Estar cursando a faculdade que sonhava, ainda, as vezes, é algo surreal para mim. Só que estou aqui. E me dou conta disso somente as vezes quando a rotina é pesada de mais e penso que eu realmente escolhi isso. E se escolhi, dou conta. Claro. Mas de um estado de espera latente e tedioso eu passei a ter a vida agitada que eu queria. Passei a ter a turma de amigos que eu queria. Passei a os momentos divertidos e descontraídos que eu queria. Passei a ter a tranquilidade com relação aos próximos dias que queria. Passei a ter o amor que queria e a amar alguém como queria. Não tenho tudo o que quero. Só que sei, que isso é somente questão de tempo. Os dias passam tranquilos e chuvosos e eu só sei que estou muito diferente do que estava no começo desse ano. Não é hora para balanços nem retrospectivas, o ano ainda não acabou. No entando, quando acordo toda manhã e vejo outro céu, e não o mesmo de durante 21 anos, penso que deveria escrever essas mudanças. Porque sinto que devo. Porque ultimamente muita gente tem gostado do que escrevo e nunca pensei também que isso um dia iria acontecer. Ok. Chega dessas explicações sem motivo. Deixem somente antes eu dar um motivo. Fiquei com muita vontade de escrever um texto muito bonito aqui, porém voltei a ter aquela crise literária que sempre tenho quando estou feliz de mais para escrever quando coisa. E mesmo que tenha ficado complemante ruim, estou feliz. Era o que queria dizer. Feliz de mais. Feliz por estar aqui. Feliz por ter conseguido alcançar as minhas metas a curto prazo.
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Gostaria que vocês dessem uma olhada no blog de uma amiga minha:
Ela não sabe, e provavelmente sabera depois de ler isso, mais saber que ela está escrevendo também me deixou extremamente feliz. Vamos ao meu clichê: Qualquer um pode escrever.
Agradeço a todos meus amigos de hoje, meus amigos da faculdade, todos e todos. E um beijo especial para ele.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Pense nisso


-Quando somos crianças temos as mais fantásticas fantasias sobre nossas futuras profissões. Sonhamos que é maravilhoso ser gente grande e sair para o trabalho com a pasta debaixo do braço. E como somos crianças queremos atividades empolgantes. Queremos salvar o mundo. Mudar o futuro. Revolucionar. E aí almejamos sermos desde; bombeiro para enfrentar chamas e salvar vidas; astronauta para alcançar o espaço sideral; médico para liderar equipes cirúrgicas e curar; jogador de futebol para defender o time com raça; piloto de fórmula 1 para atingir altissímas velocidades, até jornalista, para cobrir as mais diversas notícias. Essas e mais uma gama de outras profissões heróicas e de destaque. Lembro que falava de ser juíza. De Direito claro. Pois achava inquestionável sua autoridade. Mas ao mesmo tempo que falava isto, sentava no parquinho do prédio onde morava e ficava horas amassando flores e folhas em um potinho com água para produzir cores diferentes. Depois dizia que eram remédios e saia passando em todo mundo. Juíza? Tem certeza? É, talvez não. Só que crescemos. Conhecemos as profissões. Percebemos que o heroísmo não é tão chamativo assim. E que destaque obteremos, se batalharmos, em qualquer profissão. Não é que o sonho acaba. Somente esquecemos dos sonhos. Ou começamos a perceber - com pés no chão - que devemos olhar para profissões mais discretas. Melhor, mais comuns. Daí ficamos na dúvida. Medicina ou letras? Música ou engenharia civíl? Moda ou filosofia? Complicado. Mas no fim nos encontramos. Escolhemos. Percebemos qual se encaixa. Qual, aparentemente, possui "nossa cara". Qual temos mais afinidade. Essa parte é relativamente fácil. E entre tudo isso, esquecemos das brincadeiras de criança. E talvez seria interessante se lembracemos. Eu, pessoalmente, me dei conta disso a pouco tempo atrás. E talvez, numa possibilidade remota, eu teria ganhado 3 anos se tivesse lembrado antes. Mas, lembrei na hora certa. Lembrei das plantinhas que amassava e sorri ao pensar que tenho laboratórios de botânica por aqui. Estou no lugar certo. Talvez. Provavelmente. Só que esse semana, tive dúvidas. Balancei. Repensei. E tive que mudar alguns conceitos e planos futuros. E ao lembrar de minha infância, lembrei também dos sonhos que deixei. Sonhos que diziam repeito a quem quero ser. O que quero saber fazer. O que quero mudar, construir. Pensei sobre isso. Pensei. Pensei. Pensei. E... vim até aqui escrever esse texto. Vim dizer para todos que tentem se lembrarem das brincadeiras de criança, para pensarem em sonhos talvez loucos. Para tentar realiza-los. Deixar fluir. Deixar imaginar. Deixar pensar. E se for preciso mude. Eu mesmo mudei. Minha conclusão? Enfim, terminar meu curso de fármacia, com glória e orgulho. Abrir meu próprio laboratório de produros fitoterápicos. E, ser professora. Mas essa sou eu. E você? Me conta vai!

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Sem mais. Diz tudo.
Beijos a todos que lerem. E me digam...respondam, se quiserem.
Escrevi pensando em todos meu alunos. Uma nova experiência em minha vida. Desde já agradeço.

sábado, 18 de setembro de 2010

Para sempre vazio


-Diário de bordo do dia 18 de setembro de 2010.
Voltar para casa sempre foi um problema para mim. Tenho que adimitir que fiquei extremamente feliz ao saber que teria que morar fora de casa. Nova vida. Nova cidade. Novas pessoas. Tudo novo. Era extamente isso que eu queria. Era exatamente isso que eu precisava. A minha cidade antiga já não tinha nada para me oferecer. As amizades já haviam ido embora, esquecidas de mim. Os lugares se enchiam de rostos que eu não conhecia. Mas que um dia eu conheci. Me sentia estranha dentro de um lugar que deveria ser meu. Que deveria ser meu recanto. Não era. E por isso eu fui embora feliz e contente. E vivo longe daqui feliz e contente. Sinto falta da minha família, sinto falta das ruas, do céu de minha cidade, do vento de minha cidade, do clima de minha cidade natal. E quero voltar. E sinto vontade de voltar. Pensando que serei recebida de braços abertos por essa cidade. Só que não é assim. Eu volto e nada mudou. Nada mudou na minha antiga vida. E quando eu volto eu tenho que viver a minha antiga vida. E eu não gosto muito dela. Sem amigos que te ligam por lembrarem que você voltou. É complicado explicar aqui os outros pórens. Só quero que fique claro que amo minha familia e que volto por ela. No entanto é um choque deixar minha nova vida para trás e viver temporariamente na minha antiga vida. Aqui. Sozinha. Estudando. É a prova de que existem coisas que não mudam. E que tampouco irão mudar. Eu sinto que deixo tudo que conquistei para trás. Que minha vida de universitária não existe, e que por algum motivo insano nunca mais voltará. Digo novamente que é complicado. Existem pessoas que possuem vários motivos pelos quais voltar. Que os amigos ligam toda hora, que mandam recado mesmo se a pessoa ainda estiver longe. Eu possuo somente um motivo. Minha familia. É só por ela que volto. E volto mesmo com esse buraco enorme no peito dizendo que tudo não se passa de um sonho e que vivo mais uma vez um reprise de tudo. Mais uma reprise.
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Desculpa. Tinha que desabafar. Ignorem qualquer melâncolia vinda desse texto.
Grata.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Alguma noite


-Deitada na cama, encarava o teto. Fixamente, sem conseguir dormir. O ventilador movia-se lentamente, sem produzir efeito algum. A noite era quente. O que permitia aos seus pesamentos, tornarem-se líquidos. Escorrerem pela mente. E se perderem livres, subconsciente adentro. Não conseguia dormir devido ao calor da noite. Mas também, as idéias eram muitas, e não as deixavam em paz. Estava feliz, sim, estava feliz. Só que algumas recentes descobertas tiravam seu sono. E, assim, ficava a contar as voltas do ventilador e a lembrar de frases ao acaso que surgiam em sua memória. A que mais havia marcado, no entanto, era a mais simples, que queria dizer muitas coisas. "Temos 3 vidas agora, a minha, a sua e a minha E a sua." E essa era a maior dificuldade. Como unir 3 vidas em um só? Como passar a fazer de tudo isso 1 só vida? E a resposta era simples e ela mesmo sabia. Não se faz 1 só vida, não se une tudo isso. Se compartilha. Não se anula, não se muda, não se acaba. Se soma, se constrói, se une. Só que o que fazer com o egoísmo, com o que querer sempre junto, sempre perto. Não há o que se fazer. É simples e complicado, se deve somente aceitar. E deixar o tempo cuidar de todas as outras ansiedades. Ele era bom de mais para ela o deixar ir, e ela sabia disso. Não queria mais errar. E esse medo todo, a roubava o sono. Iria tentar ser mais tolerante, e lembrar que eram 3 vidas, não somente uma. O silêncio era denso e a noite era quente, e ela não conseguia dormir. Relaxou os músculos, virou para o lado e fechou os olhos. Tudo o que ela viu foi escuridão, silêncio, e os olhos dele ali na cama ao lado. Sinceros e calmos como sempre.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Céus e céus


-Olhe para o céu. O que você vê? O que você vê, além da imensidão, além das nuvens, além do vento calmo ou turbulento que sopra? O que se enxerga, além de tudo isso? Ou não há mais nada, além disso? Céu. Somente e só, céu. Menos azul, mais azul. Com mais nuvens, com menos nuvens. Anunciando tempestade, ou um dia lindo de verão.
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Eu olho para o céu e não vejo somente céu. Ele, ali em cima, possui alguma coisa que me atrai. A sua tranquilidade talvez. A sua calma perante ao caos que é a vida aqui da terra. Indiferença? Talvez, mas acho que não. Sossego, eu diria. Sabio, também diria. Sabio, pois sabe que tudo aqui passa, que tudo aqui se acaba, que tudo aqui é finito. Enquanto, ele, o céu, está sempre lá. Sobre milhares de gerações, de épocas, de pessoas. De pessoas que olhavam para ele e pediam, juravam, cantavam, clamavam, oravam, olhavam. Viviam. E ele ali, sempre a olhar para baixo, calmo, quieto, sereno. Pois sabe que não existe céu sem tempestade, que não há chuvas sem nuvens, que não há refresco sem brisa, que não há dia sem noite. E ele, apenas escurece, perde sua claridade, para nos mostras as estrelas. E eu, mas uma vez, tenho que dizer que me encanta. Me encanta essa tranquilidade toda. E é isso que eu vejo quando olho para o céu. Busco paz. Busco lembrar que amanhã é outro dia, e que assim como o céu, ainda estarei aqui. E meus problemas de hoje terão passado. Ou não. Só que nada como um dia após o outro. Nada como um céu por dia. Um céu de cada vez.
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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Nada sei


-Não sei. Não sei mesmo. Não deveria ter vindo até aqui se não sabia. Se não sabia o que escrever. Se não sabia sobre o que falar. Se não sabia usar as palavras para faze-las expressarem por mim tudo o que está aqui dentro. Que está aqui dentro e que não sei o que é. Mistura de várias coisas. Mistura de sentimentos. Mistura de imagens. De cenas. De palavras. De vontades. Não sei bem, não sei organizar tudo isso de uma forma que faça sentido. E hoje, aqui, nada fará. Creio que porque nada tem que exatamente fazer sentido nesse mundo. Creio que confusão é uma constante. A organização que é anormal. Mas, isso, eu também não sei. Confuso. Complexo. Complicado. E eu não sei nem mesmo qual será a próxima frase. Quais serão as próximas palavras. Os próximos pontos de demarcação. Os próximos sentimentos descritos. Difícil. Sentir vontade de sentar aqui e escrever e não saber por onde começar. Difícil, olhar o cursor piscar e não saber o que colocar a seguir. Pode ser que pareça um texto triste, um texto melancólico. Mas na verdade, só se trata de um texto vazio. E cheio de não saberes e não saberes. Espero, que logo mais, eu saiba. As provas estão por vir. Os céus ainda são azuis.

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"Nada sei dessa vida, sigo sem saber. Nunca soube, nada saberei..."


Dica de leitura

http://pinguinsdodeserto75.blogspot.com/
Está no começo, mais promete ser um blog muito bom. Aguarde. Rir é sempre o melhor remédio.

domingo, 29 de agosto de 2010

O contrário do amor




"O contrário de bonito é feio, de rico é pobre, de preto é branco, isso se aprende antes de entrar na escola. Se você fizer uma enquete entre as crianças, ouvirá também que o contrário do amor é o ódio. Elas estão erradas. Faça uma enquete entre adultos e descubra a resposta certa: o contrário do amor não é o ódio, é a indiferença.

O que seria preferível, que a pessoa que você ama passasse a lhe odiar, ou que lhe fosse totalmente indiferente? Que perdesse o sono imaginando maneiras de fazer você se dar mal ou que dormisse feito um anjo a noite inteira, esquecido por completo da sua existência? O ódio é também uma maneira de se estar com alguém. Já a indiferença não aceita declarações ou reclamações: seu nome não consta mais do cadastro.

Para odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio, e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastamos energia, neurônios e tempo. Odiar nos dá fios brancos no cabelo, rugas pela face e angústia no peito. Para odiar, necessitamos do objeto do ódio, necessitamos dele nem que seja para dedicar-lhe nosso rancor, nossa ira, nossa pouca sabedoria para entendê-lo e pouco humor para aturá-lo. O ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor.

Já para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. A pessoa em questão pode saltar de bung-jump, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca, coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligamos. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada.

Uma criança nunca experimentou essa sensação: ou ela é muito amada, ou criticada pelo que apronta. Uma criança está sempre em uma das pontas da gangorra, adoração ou queixas, mas nunca é ignorada. Só bem mais tarde, quando necessitar de uma atenção que não seja materna ou paterna, é que descobrirá que o amor e o ódio habitam o mesmo universo, enquanto que a indiferença é um exílio no deserto."

Martha Medeiros

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Gosto muito desse texto. E realmente, o contrário do amor é a indiferença.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Poucas palavras



"O destino é quem embaralha as cartas, mas somos nós os que jogamos."

William Shakespeare

-Estava pensando nisso. Destino. Não acredito. Acredito que vamos estar sempre no lugar aonde devemos estar. Mas para isso, daremos muitas voltas. Tudo, tudo, é preparação. Nada é fixo. Destino não existe. Existe providência. Existe encontros.







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Sem mais.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Chore, meu amor


- Ah! Se essas lágrimas parassem de cair. Se esses olhos não estivessem tão vermelhos. Se esse coração afrouxasse o nó somente por um minuto. Mas, não param. Não embranquecem. Não afrouxam. Se eu pudesse voltar atrás. Se eu errasse menos. Se não pensasse somente em mim. No entanto, o tempo não regressa. Os erros não se apagam. E eu sou extremamente egoísta. Egoísmo. Me fez querer seu amor somente para mim. Me fez querer que seus olhos olhassem somente em uma direção. Me fez exigir todos os seus momentos ao meu lado. Troca de energia viciante. Toques e beijos viciantes. Obsessão. Loucura. Loucura e obsessão que foram confundidas com amor. Que eu confundi com amor. E agora, eu e minhas lágrimas, sabemos o que realmente era. E agora, eu e esse rosto molhado, sabemos que era realmente amor. Minha confusão e insegurança enterraram o sentimento verdadeiro fundo dentro de mim. E eu quis o fim do que achava ser ilusão. Não era. Você me amava enquanto eu cobrava de mais. Você me perdoava enquanto eu guardava seus minúsculos erros. E eu pedi que você fosse embora. E você simplesmente se foi. Não deveria. Não era. Não queria realmente. Ah! Se essas lágrimas fizessem uma pausa. Eu poderia tentar discar seu número mais uma vez. E tentar dizer que eu amo. Amo sim. Só que eu choro. Choro porque ontem você era meu e hoje, já não é mais. Você desistiu de mim, e eu, desisto de tentar parar de chorar.
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Isso é ficção. Pura e simples ficção.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Aquela cidade


-Sabe, eu estava pensando...
-Uhm...
-Não sei, a vida é tão complicada. Quando eu acho que tenho que seguir um caminho, aparece alguma complicação que muda tudo. Poxa...
-Não tem que ser assim, você sabe que não tem que ser assim.
-Mas ultimamente é assim que acontece. Veja, tantos planos que fiz, tantas idéias que tive, tantas coisas pelas quais já batalhei. E o que eu consegui? Nada. Nada.
-Nada. Ainda. A-I-N-D-A.
-Hunf, não quero mais esperar. A espera cansa, causa tristeza, ansieadade, incerteza.
-Relaxa, tudo bem? Relaxa?
-Não! Não relaxo! É só isso que você sabe dizer? "relaxa".
Não tem como relaxar okay? É isso, os caminhos mudaram, as respostas mudaram. Eu achava que deveria seguir por aquela estrada e aparentemente não devo mais, ou nunca deveria. Enfim, agora é pensar em outra solução, outro caminho. Outra possibilidade.

Era fim de tarde. Fim de tarde que tingia a cidade em tons de alaranjado. Ela gostava de pensar que a cidade toda era alaranjada. Achava algo de bonito nesse pensamento. Hoje, no entento, não estava achando nada bonito. Somente o mesmo céu, o mesmo calor, a mesma brisa cheia de cheios conhecidos. E o mesmo sentimento de derrota de todas as outras vezes. A simples hipótese de ouvir mais um "não" era desesperadora. Apesar de ela saber que ainda nada estava perdido. Nada.

-Olhe para mim. Eu estou aqui para você. Sempre estarei. Conseguir ou não essa oportunidade que não mudara nada no modo como gosto de você. Não adianta fazer drama frente a resultados que não são conhecidos. Fique tranquila. Pense positivo. Quando realmente a resposta chegar, ai sim desespere-se, ai sim chore, de alegria ou felicidade. E eu sei que será de felicidade. Só que, se não for, meus ombros estarão aqui. Certo?
-Certo...

Ele sempre tinha razão. Ele e a tranquilidade quase inabalável dele. Ele e os olhos sinceros e verdadeiros. Como se desesperar frente a tudo isso? Como não confiar nessas palavras? Como não sorrir? Fechou os olhos e se entregou ao abraço. Assim calmo. Assim quente. Assim acolhedor. A cidade alaranjada sorriu para ela. Como tinha sorrido por todo esse tempo. Suspirou. O amor mesmo, supera tudo.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Reina as estrelas


-Todos nós estamos sozinhos. Nascemos sozinhos. Vivemos grande parte da vida sozinhos. E morremos sozinhos. Não importa quantas pessoas cruzam nossos caminhos. Quantas pessoas deixam suas marcas em nós. Quantas pessoas permanecem com a gente durante longo, ou curto tempo. Nesse mundo, a existência é solitária. No final do dia, não importa o quanto tenha se estado acompanhado, quem enfrenta nossos medos mais internos somos nós mesmos. Quem lida com angustias inesplicavéis somos nós mesmos. Quem escuta os mais terríveis pensamentos somos nós mesmos. E quem enfrenta, cara a cara, os nossos maiores medos, somos, também, nós mesmos. Não importa o quando se compartilhe. O quanto se divida. O quando se partilhe. Existem sentimentos, pensamentos, atos, ações, devem e são encarados de maneira solitária. Ali, na frente do espelho, de frente para você mesmo. Só nós, só a nossa essência, sabe realmente o que verdadeiramente existe por dentro. É sozinho assim, e em silêncio que descobrimos. Através de camadas e camadas de pele, músculos e ossos. A existência é solitária. As escolhas somos somente nós que fazemos. A nossa vida somos somente nós que vivemos. Com objetivos solitários e as vezes egoistas. Mas, nossos. Íntimo, dentro de nós, reina a solidão. No final do dia, caminhamos sozinhos para casa. No final do dia, olhamos sozinhos para o céu. Só você, eu e as estrelas. Caladas e também, solitárias.

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Madonna já sabia disso.
"Life is a mystery, everyone must stand alone..."

E eu também já sabia. Esse texto foi escrito em 06/07/2010

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sonhos, planos, fantasias

-Domingo. Dia de sol. O céu era completamente azul. Sem nenhuma nuvem. Os pensamentos podiam vagar livremente. Sem presa. Lentamente. Escorrendo como água. Dissolvendo-se e formando-se mais uma vez. Nenhum som. Nenhum barulho. Ao longe, uma melodia. Que no silêncio daquela tarde podia ser ouvida. Agradável. Simples. Emocionante. Era uma melodia, tocada num rádio qualquer. Que alguém qualquer ouviria e cantaria, se soubesse a letra. Música. Música mexe com a alma. Fala com o corpo. Entra em lugares que não se conhece. Música trás palavras. Enche vazios. Esvazia cheios. E naquela tarde de domingo, lá fora, ela ouvia a música que vinha de longe. Mexia tanto com ela a letra. A intensidade do som. A vibração do ar que vinha carregado de canção. Fechou os olhos. Sentiu somente. Era dela. Era para ela. Naquele momento ali. Sentada em sua cadeira. Sentiu tantas emoções juntas que não poderia descrever nenhuma. E a sonoridade das notas penetrava em cada poro. Contagiando-a. A melodia era triste. Só que não seriam mais belas, as melodias tristes? Mais sentimento. Um sentimento verdadeiro. E a tristeza é melâncolia. E melâncolia é uma forma romântica de se ficar triste. Ela aquietou o espírito. E ouviu a letra toda. A canção inteira. Até seus sons se perderem no ar. E com toda sua paixão. Escreveu dois versos no caderno próximo.

"Tantos amores a passar por nós, todas as canções e as poesias..."

E dessa tarde, foi somente isso que ficou. Além da lembrança do sentimento. E da letra da música.

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Não foi possível postar uma imagem. Uma pena. Tinha uma bonita.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Volta


-A campainha de aviso dos pilotos soou alto. Fazendo-a acordar com um sobressalto. Diziam, mais uma vez, que o voo atrasaria devido ao mal tempo. Ela simplesmente olhou de relance o relógio de pulso. O que seriam algumas horas, comparado ao longo tempo que havia esperado. Foram seis meses. Seis meses de uma experiência inesquecível. Seis meses de alegrias. Surpresas. Acertos. Erros. E de saudade. Não somente de seu país. Do sol constante. Da familiaridade das paisagens. Da receptividade do povo. Mas dos pais, dos amigos, do irmão. E dele. Quando a imagem nítida dele surgiu em sua mente, ela se arrumou melhor na poltrona puxou para mais perto do rosto as cobertas. Pronta para enxugar qualquer lágrima. Não que ela houvesse deixado-o para trás. Abandonado-o. Esquecido-o. Ela havia viajado. Partido. E ele, permanecido no mesmo lugar. Fora difícil no começo. No meio. No fim. A falta machucava como agulha que espeta constante a pele. E as dúvidas. Sempre as dúvidas. De não suportar a falta. Do amor não durar. De outra pessoa aparecer. De ele descobrir que não bastava somente telefonemas curtos e cartas. E os medos. Medo de perde-lo. Medo do amor ser pouco e o tempo ser muito. 180 dias. 180 dias sem contato físico. Sem toques. Sem olhos nos olhos. Incomodada com esses pensamentos, mais uma vez, se arrumou na poltrona. Havia demorado para decidir se iria. Deixara para a última hora. Por fim, quem incetivara fora ele. E ela foi. E agora estava de volta. Quase de volta. Quase no chão de seu país. Não negava. Aprendera muito. A viagem foi essencial para sua formação. Pessoal. Profissional. Mas o buraco no peito era enorme. Queria ve-lo. Sabia, mais do que nunca que o amava. E sabia também, por mais que houvesse dúvidas que quando o avistasse sorrindo para ela no aeroporto tudo estaria exatamente igual. O mesmo amor. E até mesmo maior. Um amor maior. Faltava um hora para o fim da viagem. Se aconxegou na poltrona e imaginando o abraço que receberia, dormiu. Um sorriso tranquilo permaneceu em seu rosto.
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Sem mais.

domingo, 18 de julho de 2010

Classificar


-É estranho o que a gente pode sentir longe de uma pessoa. E eu não falo somente de saudade. A saudade se tem quando bate um frio gelado e não há braços para esquentar. Quando nasce um dia lindo e não se tem para quem contar. Quando se quer beijar e não há boca. E um dia teve. E um dia houve. Aquela boca. Aqueles lábios. Não, não falo somente de saudade. Falo de um sentimento maior, e mais angustiante que a própria saudade. Alguma coisa que segura o coração com duas mãos e o aperta. Alguma coisa que não te deixa vagar com o pensamento. Porque o pensamento fica do outro lado. Naquela pessoa que falta. Isso - esse sentimento que é maior que a saudade - aperta mil vezes mais, consome mil vezes mais. E tira lágrimas. Lágrimas por faltar o beijo de boa noite. Lágrimas por faltar o som da voz no ouvido. Lágrimas pelas vezes em que se queria estar junto e não se pode. Culpa da distância. A distância que faz surgir esse sentimento sem nome. Mais intenso que saudade. Mais forte que a dor da perda para sempre. É a ausência quando se sabe que a pessoa ainda existe. Só está longe. E eu sinto que posso chamar isso por dois nomes. Classificar, diria. Ou é obsessão. Pura e simples. Ou é amor. Intenso e verdadeiro. Eu, pessoalmente quero achar que é a segunda opção. Eu acho que é a segunda opção.
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Imagem de Henrique Godoy
Pode ser que o texto nada faça sentido com a foto, mais é assim mesmo. Para mim, as vezes, quando nada parece fazer sentido, é ai que tudo se encaixa. Perfeitamente.
Nota: Vou parar com esses textos reflexivos e saudosistas. Vou parar... É fase.
contemplarthais.blogspot.com -----> dica de leitura!

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Quando tudo um dia se for



-Há cartas. Há cartas escritas e empoeiradas em uma gaveta qualquer. Fechadas e amareladas. De tempos atrás. De ontem e de hoje. São cartas que nunca foram enviadas. Que nunca chegarão a um destinatário. Que nunca receberão selos e carimbos. São cartas que falam de amor. Que contam uma história bonita de amor que no tempo se perdeu. E com o tempo também esqueceu-se o calor dos abraços. O toque das mãos. O sabor dos lábios. Com o tempo perdeu-se a intimidade, a amizade, o compartilhar. Com o tempo os olhos ficaram secos, vazios, indecifráveis, distantes. O tempo levou tudo isso. Só não levou as cartas. Ainda há cartas. E elas contam o amor que um dia foi. Que um dia existiu. Elas contam de lembranças esquecidas e brincadeiras que se acabaram. Contam de dias de sol, agora amarelados, e juras eternas já várias vezes repetidas. De tudo isso, sobraram somente os papéis. A caligrafia bem elaborada. Datas sem sentido e velhos envelopes. Mas são cartas que nunca foram enviadas. Que permaneceram guardadas. Juntamente com o amor que prometiam. No fim, quando tudo se for, até a lembrança desse amor, ainda restarão as cartas. Haverá cartas de amor. Sempre. Sempre existirão.

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Inspirado no poema "Todas as cartas de amor são ridículas" de Álvaro de Campos - Fernando Pessoa.



Foto de Henrique Godoy - Agradecimentos por me permitir usar uma de suas maravilhosas fotos. Futuramente talvez haja uma parceria (quem sabe?).
www.flickr.com/godoypk

domingo, 11 de julho de 2010

Nostalgie



Quando meus versos não são suficientes. Quando me faltam palavras. Quando mais um texto seria triste e angustiante. Quando já não sei o que dizer nem como dizer. Recorro a outros melhores que eu. Que definem melhor do que eu esse sentimento que provavelmente cada um sinta de um jeito.

-"A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar."
Rubem Alves

-"Saudade é ser, depois de ter."
Guimarães Rosa

-"Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche."
Martha Medeiros

-"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."
Clarice Lispector

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Dicionário escolar da língua portuguesa:

Saudade : recordação ao memso tempo triste e suave de pessoas ou coisas distantes o u extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las; pesar, pela ausência de alguém que nos é querido; nostalgia.

Deu para entender? Eu ainda não entendo, só sinto.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Separação


O céu amanheceu azul naquele dia. Azul brilhante e alegre. Indiferente a todo e qualquer tipo de outro sentimento, que não fosse felicidade. Manhã perfeita para se fazer qualquer coisa. Manhã perfeita para sorrisos. Manhã perfeita para caminhar de mãos dadas por qualquer lugar. Mas, não era exatamente isso que ela iria fazer. Não era exatamente alegre o que ela iria fazer. Não era exatamente agradável. Toda despedida não é totalmente agradável. Toda despedida antecipa a saudade, antecipa a falta, antecipa a melâncolia e a dor. Toda despedida antecipa também, as lágrimas. Olhou pela janela e viu o céu azul. Limpou com o dedo as finas lágrimas. Ainda não era hora para isso. Olhou pelo apartamento. Fazia somente 3 meses que havia morado ali, só que nada tirava a sensação que haviam sido anos. 3 meses de tantos acontecimentos. De tantas mudanças. Agora, mais uma vez, era a hora de um descanso. Férias. Voltar para a casa dos pais. Para a cidade na qual havia nascido. Na qual havia em cada canto uma parte de sua história e vida. Tudo bem voltar quando não se deixa nada para trás. Tudo bem. Só que ela estava deixando muito. Estava deixando o coração. Estava deixando o próprio corpo, a própria alma. Respirou fundo e conferiu a bagagem. Tudo estava certo. Acrescentou alguns objetos de ultima hora. Amontou tudo no meio da sala exatamente quando o taxi soou a buzina no portão. Pegou as malas. Fechou a porta. Desceu as escadas. Entrou no taxi - "Rodoviária, por favor." No caminho a sensação de querer voltar para casa, mais de querer também permanecer. Não era justo. Deixar para trás ele. Não era justo, logo agora terem que se despedir. Não era justo deixa-lo ir também. Não era justo ela ir. O coração estava em pedaços, e mais uma vez as lágrimas finas voltaram. É claro que ele estava esperando na rodoviária. É claro que se abraçaram como se fosse a última vez. É claro que se beijaram como se o mundo houvesse parado. Só que, apesar de tudo isso, a falta seria uma constante. A falta e o medo de quando ela voltasse tudo estar diferente. Não ser mais a mesma coisa. Não passar de um truque da imaginação. Tentou afastar esses pensamentos. Olhou nos olhos dele, era hora de embarcar. Mais um beijo. Mais um abraço. Enfim, adeus. Pela janela do onibus ela ainda pode ve-lo na plataforma. Um beijo jogado. Um sorriso apagado. Dois olhos tão sinceros. Ela o amava tanto. Ainda podia ve-lo na plataforma quando, mais uma vez, as lágrimas apareceram. Não eram mais finas. Mas surgiram na hora certa. Agora sim poderia chorar. Agora sim.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Sem palavras


-Já não há a antiga necessidade. Já não sinto que as palavras me oprimem e pedem e clamam para sair. Reina um completo silêncio dentro de mim. E sinto as palavras congeladas. Elas não fluem como antes. Agora escorrem vagarosamente, grudam e obstruem a onda que viria atrás. Desconheço o motivo. Talvez meus olhos estejam finalmente fechados. Fechados para a eterna novidade que é o mundo. Ou talvez os meus lápis e canetas tenham pedido um descanso. O fato é que não há mais a antiga necessidade. Necessidade que encheu páginas e posts. E folhas de caderno. É certo que sentirei falta. Mas devo por hora parar. Não forçarei. Assim como não retive quando tudo isso veio. Quero que volte e sei que vai voltar. Por enquanto é isso. Silêncio. Branco. Mas nunca abandonado.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Mais uma vez


-Sentou com dificuldade na cama. Os músculos e articulações não eram mais como antigamente. Tirou os chinelos de quarto, já gastos, já usados, tão adaptados ao formato dos pés. Pés cansados, enrugados, doloridos. Mas que já suportaram muito mais do que somente o próprio peso do corpo. Ficou assim, a observa-los por um instante. Sorriu. Lábios secos. Olhos também. Levantou as mãos, acariciou levemente o rosto. Trazia nele os sinais irreparaveis de toda uma vida. Marcas, umas profundas, outras nem tanto, mais todas dizendo claramente que cada sentimento e emoção haviam sido intensos. Suspirou e lentamente, aos poucos, foi se deitando. Esticando o velho corpo pela velha cama, o colchão também continha o formato do corpo. Encostou a cabeça no travesseiro e fechou os olhos por um minuto. Milhões de lembraças invadiram o pensamento. Se viu criança, de olhos brilhantes, correndo pelo gramado em frente a casa, olhava para trás e sorria para os pais. As brincadeiras de roda. De pegar. De esconder. De brincar na rua. Se viu adolescente, bonita, com o vestido costurado pela mãe. Passeando na pracinha. Paquerando os moços. Sorrindo com os lábios novos, vermelhos, jovens. Agora já era mulher, adulta, casada. Cuidava da casa, sempre impecável. Cozinhar então, admiravelmente bem. O marido sempre elogiava. Se amavam tanto. Deitada ali, na cama, no quarto escuro, uma lágrima rolou silenciosa quando pensou no marido. Ele havia partido primeiro que ela. A dor foi lacinante. Quase real. Os primeiros dias sozinha, depois de dividir uma vida. Mas, com o tempo, a ausência deixa de ser uma ferida para se tornar um buraco e acostuma-se com buracos. Os filhos crescidos, sairam de casa um a um. Depois entravam os netos, os almoços de domingo, as festas em familia. Com o tempo tudo foi ficando mais lento, mais calmo. Ela mesma estava mais tranquila, serena. Esperando somente. Esperando. Se voltou totalmente para o momento presente. Estava em sua casa. Deitada em sua casa. E sabia que acabaria assim. Simplesmente sabia. A respiração foi se tornando lenta. Tudo foi se tornando embaçado. Não sentiu medo. Afinal, a morte é somente mais uma viagem. A última viagem. Fechou os olhos. Foi como dormir. Acordou jovem, vestindo o vestido custurado pela mãe. Ao seu lado, seu marido, também jovem. Sorriram e se olharam. Finalmente juntos. Eternamente juntos, enfim.

sábado, 19 de junho de 2010

Agradecer

-Somewhere over the rainbow
Way up high
There's a land that I heard of
Once in a lullaby

Somewhere over the rainbow
Skies are blue
And the dreams that you dare to dream
Really do come true

Some day I'll wish upon a star
And wake up where the clouds are far behind me
Where troubles melt like lemondrops
Away above the chimney tops
That's where you'll find me

Somewhere over the rainbow
Blue birds fly
Birds fly over the rainbow
Why then, oh why can't I?
Some day I'll wish upon a star
And wake up where the clouds are far behind me
Where troubles melt like lemondrops
Away above the chimney tops
That's where you'll find me

Somewhere over the rainbow
Bluebirds fly
Birds fly over the rainbow
Why then, oh why can't I?

If happy little bluebirds fly
Beyond the rainbow
Why, oh why can't I?

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Pode não parecer. Pode realmente não parecer. Mas para mim isso é uma agradecimento. Se hoje eu acredito que posso chegar ao final do meu arco-íris, e acredito que posso ir além dele. Se hoje eu vejo borboletas e passarinhos pelo céu. É devido a meia dúzia de pessoas que me ajudam, me matém de pé e sempre em frente. Agradecimentos a todos eles! Eu posso voar, simplesmente porque eu acredito que posso, e foram essas pessoas que me ensinaram. Paulo, Fernando, Edson, Ana, Darisa, Victor. Especialmente Victor. Esse é para você. Esse aqui, sempre será para você.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Compreender

-Nada melhor do que o tempo. Nada melhor do que o arrastar das horas e dos dias. Nada melhor do que as lentas passadas do relógio para esclarecer qualquer mistério dessa vida. Tudo um dia faz sentido. Tudo se resolve. Tudo se explica.Tudo se esclarece. Ou melhor, quase tudo, porque o amor não entra nesse rol de definições. De resto, tudo faz sentido quando chega a hora de fazer sentido. Não mais cedo, nem tão tarde. Exatamente no instante exato, no qual, nem eu, nem qualquer ser desse universo esperaria. E derepente, tudo passa a fazer sentido de uma maneira inesplicável. Claro como água. Transparente como cristal. Branco, ou translúcido. Ofusca a vista. Bate forte na alma. O coração sente. E passa aquele "filme" na mente com imagens de tudo o que realmente aconteceu anteriormente para o agora fazer sentido. E faz. E faz total sentido. Muito mais do que antes. E muito menos do que depois. É arrebatador. Único. Impressionante. Realmente prova que o tempo não me pertence. Não nos pertence. A clareza vem. O entendimento também. Um dia. Uma hora. Num segundo despreocupado. Só que quando acontece, não tem jeito. A emoção é tanta, enorme, gigantesca, que transborda pelos olhos. Vaza. Flui. Realmente se chora de felicidade.

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"It's something unpredictable, but in the end is right.
I hope you had the time of your life."

Green Day - Good riddance (time of your life)

sábado, 12 de junho de 2010

Por toda a vida


-Queira amor, novos ares, novos mares, novos lugares. Longe dessas praias tranquilas. Longe dessas ondas azuis.

Disse ele. Olhando fixamente para os olhos dela. Os cabelos loiros a ondular ao vento. Rebatendo feito fitas de ouro reluzente.

-O mundo é tão grande amor. Não se resume a tudo o que conhecemos. Nem aos limites dessa ilha.

Sozinhos, estavam. Sentados na areia a contemplarem o final do dia frente ao oceano. Ela, de olhos tranquilos, deixava ele filosofar e contar suas teorias e reflexões. Ele, respeitava a incerteza e o espírito despreocupado dela. E se amavam assim. Individualmente. Infinitamente. Constante e Intenso.

-Porque o mundo, porque os mares infinitos e céus imensos, se quero o meu mundo em você?

Disse ela. Era por esse motivo que ele a amava. Fim das teorias. Sorrisos. Olhares. Lábios. Areia e água. Amor. Simplesmente amor.

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Feliz dias dos namorados!

Só uma mensagem.
O dia dos namorados, não deveria ser somente "dia dos namorados". Deveria ser "dia do amor". E amor mesmo, entre amigos, pai, mãe, irmão. E entre aquelas pessoas que nem conhecemos mais que precisam de um gesto de amor e carinho. Deveria ser assim. O mundo seria um lugar melhor se todos amassem mais. Eu amo mais. Todo dia. Até quando eu puder.

mensagem dada!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Friagem


-O sol já se foi. E o vento sopra frio pelas árvores. É inverno. Ou quase inverno. E a medida que os dias quentes cederam lugar, humildes e respeitosos, aos dias frios eu pude entender. Entender que tudo tem seu tempo e lugar, apesar do meu desespero. Entender que agora posso firmar meus passos no chão, apesar de meus pensamentos estarem nos ares. Respeitei, não sem indignação, o lento acertas e encaixar dessa nova vida. Assim como as árvores perdem suas folhas no inverno, para finalmente, florescer na primavera. Não estão mortas. Estão vivas. Assim como nunca foi morte. Sempre foi vida. Sentida nas reviravoltas de meu eterno e novo caminhar. É quase como um novo despertar. Eu na verdade havia me esquecido em algum lugar, acabo de me encontrar em algum canto. E o vento frio a movimentar as árvores é totalmente novo e colorido. Sim. Ainda não vislumbro fim, nem soluções de nada. Muito cedo. Cedo de mais. Só que o destino me leva até metade do caminho. O resto, ainda estou traçando. A careza é gigante. Mesmo que o sol já tenha ido. Retorna a mim a tranquilidade de antes. Certeza. Firmeza. Fé. Simplesmente encontrei meu chão e meu céu. O inverno está chegando. Vai fazer frio hoje a noite.

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Momento de clareza. Tranquilidade.
"Paciência, confie nos fatos que o coração descobriu."
Sem mais.

domingo, 6 de junho de 2010

Homenagem

Recebi mais dois selinhos! Fiquei muito feliz com eles, acho que eles representam verdadeiramente que meu blog realmente está cada dia melhor. E isso indiretamente mostra que minha paixão de escrever encanta (o que era meu objetivo). Sei que tenho muito a melhorar, e tenho esses dois selinhos como incetivo. Muito obrigada!

Aqui eu indico 3 Blogs! Vamos lá:

http://nanaviaja.blogspot.com/ --> Na estrada
http://nanaviaja.blogspot.com/ --> Descompasso
http://amplifiquese.blogspot.com/ --> Ponto e Vírgula



E aqui eu indico 14 blogs, e respondo as questões:

1°) Enumerar 3 sonhos
- Escrever e publicar um livro
- Assistir a um show do Westlife na Irlanda
- Me formar na faculdade e seguir carreira acadêmica

2°) Enumerar 3 pecados/tentações
- Julgar antes de conhecer
- Inveja (sim, as vezes, o que não me faz uma pessoa nem pior, nem melhor)
- ...

3°) Comentar no blog de quem recebi esse selo
http://coracaodegasneon.blogspot.com/

considere feito!

Agora tenho que indicar 14 blogs, mais eu vou somente indicar mais 3, não é por maldade, é que eu não sigo tanta gente assim, e eu acho injusto distribuir selinho sem um fundamento.

http://pedacosdeumapimenta.blogspot.com/ --> Tudo aquilo que me compõe
http://nseisoseiqfoiassim.blogspot.com/ --> Não sei, só sei que foi assim
http://debie-ramos.blogspot.com/ --> Ensina-me a voar

Por hoje, é somente isso. Volto mais tarde com um textinho, uma crônica, uma carta.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Resposta


Lugar nenhum, 1 de junho de 2010

Minha querida,

Eu sempre soube que você, um dia, iria embora daqui. Iria para longe. Ganhar o mundo. Dormir e acordar sob novos céus. Só que eu sempre soube também que o amor que construímos ficaria. E ficou. Ficou em forma de vazio no coração. De eco do seu sorriso em meus ouvidos. De gosto dos seus beijos em meus lábios. De lembranças e momentos em meus espaços, que antes foram nossos espaços.

Mesmo não sabendo demostrar de maneira correta meus sentimentos, eu amei você. Amei quando seus olhos se perdiam nos meus. Amei quando o toque suave de suas mãos tocavam sem querer as minhas. Amei quando me sentava ao seu lado naquela sala. Amei quando gastavamos horas conversando sobre coisa nenhuma. Amei e ainda amo. Apesar de saber que outros lábios agora poderão te beijar e que outros olhos contemplarão a delicadeza do seu ser. De seus profundos olhos de carvalho. Calmos e serenos. Se os meus são transparenres olhos verdes, os seus são olhos de carvalho, duros e doces e dono de tantos segredos ocultos.

O nosso amor teve seu tempo, que se foi. Teve seu momento, que se foi. Teve seu ápice e agora sei declínio. Para você e para mim. Só que sua presença ainda é constante e eu aguardo cada volta como única e esperada e ansiada. Eu tentei por diversas vezes te esquecer, ignorar, já nem preciso dizer que falhei. E confesso que sonho com seus olhos. E esse é o motivo dessa carta. Resposta pelas outras suas e tentativa de amenizar o aperto dos braços da saudade. Me desculpa pelas simples linhas, você é melhor do que eu. Só que senti todas as palavras escritas e todas as frases formadas. Senti. E sinto você perto de mim agora. Me avise quando voltar. Meus olhos querem os seus.

Me despeço agora, uma despedida, não um adeus.
De seus olhos verdes. Eternos e transparenres.