terça-feira, 23 de novembro de 2010

Sem água

-Quando a última gota d´água cai dentro de um copo cheio, ele transborda. E grande parte do seu conteúdo interno é derramado. Escorre. Vaza. Molha. Mas, nada mais além disso. Não grita. Não chora. Não responde. Não se indigna. Não se irrita. Um copo d´água não possui reação. Um ser humano possui. E ele grita. Chora. Responde. Se indigna. Se irrita. Principalmente se o dia foi cheio, se a cabeça está cheia, se o tempo voa e falta, se as horas são curtas, e as responsabilidades enormes. Se o peso de cada escolha é esmagador. Se a mente não descansa. Se o corpo, cansado, implora por uma pausa. Que pausa? Os dias estão cada vez mais frenéticos. A vida está cada vez mais corrida. O tempo não existe. E o único modo de apreciar um pôr-do-sol é quando se espera o ônibus. Acordar cedo e dormir tarde é rotina. Preparar aulas, trabalhos, estudos em momentos apertados do horário também. Contar segundos, minutos, horas que correm. Correm. Correm. Correm. Correm...

E não param.

O sol queima. A chuva molha. O céu escurece, amanhece, entardece. E a vida continua. Pode parecer clichê, mas apesar de tudo, "estamos aí." O único problema disso tudo não é a agitação, não é a correria, não é a falta de tempo. É o esgotamento. O cansaço. O desgaste. No final do dia, um banho frio (em dias quentes) ou um banho quente (em dias frios) seria a solução para todas as feridas dessa rotina. Mas, imagina só se faltar água...


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Um textinho escrito assim, no ponto de ônibus. Bem rapidinho.
Porque sempre que admito que tenho problemas para escrever, as palavras voltam?


2 comentários:

  1. Especialmente quando a paz, que um dia você chamou de sua, vai embora..

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  2. Situação inusitada.
    Imagina se acontece com alguém! Haha
    Teamo.

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