sábado, 20 de novembro de 2010

Crise literária

-Escrever não é uma tarefa muito difícil. Requer papel, caneta e dedos. Ou papel, caneta e uma mente pensante. Na verdade nem precisa-se pensar muito para escrever. Não precisa-se forçar, convocar as palavras, trabalhar duro. Não precisa-se de grandes esforços. E não creio que os grandes escritores forçavam tanto assim para obterem suas grandes obras. Eu acredito mesmo que escrever é sentir. E quando se sente, quando os sentimentos pesam, incomodam, gritam, eles saem de várias maneiras. E uma das maneiras, é em forma de palavras. Simples. Tranqüilo. Sereno. Calmo. Sentir intensamente a vida e tudo o que ocorre ao redor dela torna a escrita um ato fácil. Repito, não sei se os grandes escritores eram assim, ou não. Só que creio intensamente que sim. Todos eles produziram obras tão belas, que só podem ter saído de horas e horas pensando e refletindo sobre como eles sentiam e viam a vida passar. Aqui, eu estou falando por mim. Escrever foi e é uma forma de eu escapar. Uma forma de colocar para fora de maneira pacífica todo o redemoinho de sentimentos que existe dentro de mim. Como já disse antes por aqui, todo o meu eterno paradoxo no modo de viver. Mas, escrever não é difícil. Difícil é sentir. É ter tempo de sentir. Sentir de forma variada. E ultimamente meus sentimentos e percepções estão escassos. Digo no sentido de variedade. Antes tudo o que se lê por aqui jorrava de mim como enxurrada. Hoje essa saída já é bem relutante. E não existe muito o que fazer com relação a isso. Já forcei. Já espremi. Já convoquei. Até aceitar que não adianta. E a solução é a espera. De um dia tudo voltar. De um dia tudo estar como deveria e eu voltar a ver a vida como via antes. Por enquanto, não está fácil escrever. E eu me sinto como se tivesse perdido uma parte de mim que gostava muito de ter. Que me orgulhava até. Era aquela parte que eu tinha, quase como uma coisa especial. Espero que volte. Em algum momento de tranqüilidade. E quando voltar tudo estará aqui. Esperando-me.

3 comentários:

  1. Carol que texto maravilhoso. Me identifico tanto com os seus textos, morro de vontade de poder me comunicar com você, pois parece que você é bastante parecida comigo!
    Beijo!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Eu já penso que o processo é exatamente o contrário. Escrever não é fácil.

    Os grandes só se tornaram grandes porque havia um algo mais além de seus pensamentos e palavras. Os grandes souberam colocar os seus pensamentos de forma inovadora, eles atentaram para a estrutura de suas obras. Não apenas para o que sentiam. Que palavras usar (a convocação de palavras) e como usá-las para se obter o efeito desejado. É uma construção.

    A inspiração vem primeiro, mas é logo colocada de lado. E o racionalismo domina, claro. Acho que assim deve ser. Escrever é pensar muito, Carol. Não apenas deitar sentimento em palavras, a medida que elas vão surgindo na mente. É trabalhar duro. Obedecer a uma lógica. Nada é gratuito, nem uma simples vírgula. Veja Machado de Assis, por exemplo. Tudo, desde os nomes (ah, os nomes), tem uma explicação. Veja Edgar Allan Poe. Veja Guimarães Rosa. Tudo dialoga com um sentido maior. Inclusive a estrutura.

    Maaas, é só a minha opinião. Na verdade ia escrever só a primeira frase. Acabei fazendo esse texto enorme. Perdoai. Ah, e tenho que concordar que o seu texto está muito bom!

    Primeira crise? Deus, em quanto tempo? Acho que nunca vi você falar em falta de inspiração. Mas relaxe, vai voltar esse seu dom peculiar. Sou um veterano em perder poderes, acredite.

    Abraço! Saudades, viu!

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