sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Nas areias


-"Passos ecoavam distantes. O vento soprava com o gemido habitual. A lua não iluminava a noite escura. Não fazia frio. Mas também não fazia calor. O mesmo clima ameno de todas as outras noites. A mesma paisagem. O mesmo silêncio. A mesma solidão. Os passos distantes eram, ou pelo menos achava que eram, das outras pessoas que percorriam o mesmo caminho que ele. Nunca havia visto ninguém. Nunca havia falado com ninguém. Só qie, imaginava que existiam outras pessoas. Imagina assim, e tinha uma grande esperança nisso. Queria, ao menos idealizar que não estaria sozinho. As mãos nos bolsos, o capuz do velho moleton sobre a cabeça, o tênis já gasto, o relógio parado. Não havia mais tempo. Ou pelo menos naquele lugar ele havia parado. O horizonte era infinito, e ele lembrava, ao fita-lo, de quando achava lindo essa infinitude. Agora era desesperante. Caminhar e não chegar ao fim. Andar sem rumo. Sair do nada e não chegar nem a lugar nenhum. Sem placas. Sem direção. Sem rumo. Preso num deserto sem fim..."

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Texto antigo. Não lembro o motivo que me fez escreve-lo, mas lembro que já faz um tempinho que escrevi. Gostei dele quando reli e achei que combina com alguns sentimentos do dia de hoje.

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