quarta-feira, 7 de julho de 2010

Separação


O céu amanheceu azul naquele dia. Azul brilhante e alegre. Indiferente a todo e qualquer tipo de outro sentimento, que não fosse felicidade. Manhã perfeita para se fazer qualquer coisa. Manhã perfeita para sorrisos. Manhã perfeita para caminhar de mãos dadas por qualquer lugar. Mas, não era exatamente isso que ela iria fazer. Não era exatamente alegre o que ela iria fazer. Não era exatamente agradável. Toda despedida não é totalmente agradável. Toda despedida antecipa a saudade, antecipa a falta, antecipa a melâncolia e a dor. Toda despedida antecipa também, as lágrimas. Olhou pela janela e viu o céu azul. Limpou com o dedo as finas lágrimas. Ainda não era hora para isso. Olhou pelo apartamento. Fazia somente 3 meses que havia morado ali, só que nada tirava a sensação que haviam sido anos. 3 meses de tantos acontecimentos. De tantas mudanças. Agora, mais uma vez, era a hora de um descanso. Férias. Voltar para a casa dos pais. Para a cidade na qual havia nascido. Na qual havia em cada canto uma parte de sua história e vida. Tudo bem voltar quando não se deixa nada para trás. Tudo bem. Só que ela estava deixando muito. Estava deixando o coração. Estava deixando o próprio corpo, a própria alma. Respirou fundo e conferiu a bagagem. Tudo estava certo. Acrescentou alguns objetos de ultima hora. Amontou tudo no meio da sala exatamente quando o taxi soou a buzina no portão. Pegou as malas. Fechou a porta. Desceu as escadas. Entrou no taxi - "Rodoviária, por favor." No caminho a sensação de querer voltar para casa, mais de querer também permanecer. Não era justo. Deixar para trás ele. Não era justo, logo agora terem que se despedir. Não era justo deixa-lo ir também. Não era justo ela ir. O coração estava em pedaços, e mais uma vez as lágrimas finas voltaram. É claro que ele estava esperando na rodoviária. É claro que se abraçaram como se fosse a última vez. É claro que se beijaram como se o mundo houvesse parado. Só que, apesar de tudo isso, a falta seria uma constante. A falta e o medo de quando ela voltasse tudo estar diferente. Não ser mais a mesma coisa. Não passar de um truque da imaginação. Tentou afastar esses pensamentos. Olhou nos olhos dele, era hora de embarcar. Mais um beijo. Mais um abraço. Enfim, adeus. Pela janela do onibus ela ainda pode ve-lo na plataforma. Um beijo jogado. Um sorriso apagado. Dois olhos tão sinceros. Ela o amava tanto. Ainda podia ve-lo na plataforma quando, mais uma vez, as lágrimas apareceram. Não eram mais finas. Mas surgiram na hora certa. Agora sim poderia chorar. Agora sim.

7 comentários:

  1. adorei .

    e fiquei feliz quando vi tua atualização .. :D

    eu tinha certeza que os olhos se abririam novamente.

    abraço.
    Jovem Pensador Blog

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  2. , nunca fui muito bom com despedidas, ainda
    mais como essa, fica um aperto no coração.
    Mas uma vez um texto impecável, de sentimento
    a altura e muita sinceridada.
    Adorei os elogios, rapaz de sorte.
    Ansioso pelo reencontro, digo eu, texo do reencontro,
    este te trará lágrimas de felicidade.
    Você É DEMAIS Carolina.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Despedidas não quebram amores, apenas fortalece aqueles que era verdadeiros.
    Acho isso tão ruim para o momento, nos deixa tão mal, porém depois de um tempo olhamos para trás e veremos o quanto amadurecemos com situações mais que complicadas.
    AMEI o texto, Carol.
    Beijos!

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  5. Ah...
    Lindo como sempre...
    Sabe...
    Odeio despedidas por causa disso...
    =/

    Bjs

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  6. Odeio despedidas...
    Seu texto me fez lembrar quando eu ainda sofria com idas e vindas; rodoviárias, ônibus, olhares e lágrimas.

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  7. Ah, Carol...
    Seus textos são sempre tão melódicos, tão lindos... tão perfeitos.
    Adoro vir aqui. :)

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