domingo, 10 de maio de 2009

Nas entrelinhas do tempo


3 anos é muito tempo. 3 anos é tempo suficiente para muita coisa mudar. 3 anos é suficiente para muita coisa acontecer. Foram 3 anos, talvez um pouco mais, talvez um pouco menos. Mais o calendário e o relógio não negam que o tempo passou, e que a eterna roda gigante da vida deu inúmeras voltas. Ela, em sua fase mais saudosista de todas, lembrava de acontecimentos antigos, registrados em fotografias ou somente na memória. Eram histórias engraçadas, tristes, brigas, reconciliações, da antiga turma, da antiga turma de amigos que tivera. Infelizmente - ou felizmente- a maioria deles estavam separados, seguiram caminhos diferentes, nunca mais se falaram, nunca mais um teve notícia do outro, e a alegria dos encontros cedeu lugar a melancolia da saudade, e os assuntos se resumiam em lembranças de antigos acontecimentos. Em seu quarto, olhava o albúm digital das fotos que foram tiradas a 3 anos, das fotos que relembravam pessoas que deixaram saudades. Pensando sozinha antes de sair para a festa, lembrou que por diversas vezes encontrou um ou outro "das antigas" na rua, mais era sempre a mesma coisa, um olhar fugitivo, uma cabeça baixa, como se nada tivesse acontecido no passado, isso não era o que mais doía, o que mais doía eram as pessoas queridas, ou os antigos amores que haviam sido perdidos, esquecidos por terceiros, enterrados fundo no mundo de lembrancas, mais ela não, ela sempre lembrava, sempre teve saudade do grupo que havia se formado há 3 anos. Desligou o computador, terminou de se arrumar, e saiu de casa rumo a festa, era uma banda conhecida, saiu rumo a uma noite cheia de surpresas. Mas não podemos fugir do destino, não podemos evita-lo, nossos passos nos levam direto para ele, mesmo que desviemos do caminho. Não há outra saída senão ir de encontro a ele. Ao entrar no local, escuro, brilhante com suas diversas luzes, viu dois ou mais rostos conhecidos, caminhando na direção desses, foi distraída por uma antiga lembrança, uma antiga e conhecida voz que chamava seu nome, se virou, procurando...não podia ser - mais era- lá estava ele, parado em uma rodinha de amigos familiares sorrindo em sua diração. Caminhou com passos incertos, entre desconfiada e intrigada, e quando se aproximou o suficiente, deu um tímido "oi". Não havia motivo para timidez, tudo tinha mudado, mais estava exatamente igual, rostos, gestos, palavras "é tem coisas que realmente não mudam" se alegrou infinitamente quando a conversa ganhou força, quando um assunto puxava o outro, quando as gargalhadas eram inevitáveis...cantou, dançou, pulou juntos dos antigos amigos, das antigas pessoas que tanto tinha saudade. É incrível como o tempo passa e deixa tudo diferente, mais conserva algumas iguais. O tempo, carro chefe da efemeridade da vida, leva tantas coisas, mais trás outras de inestinável valor, o tempo esse ladrãos dos segundos sempre reservas tantas surpresas que não se pode prever. Foi sorrindo com os olhos que ela se entregou a emoção daquele reencontro, que olhou para o céu procurando a estrela mais brilhante para guardar de lembrança. E nesse momento ela soube, através de um olhar dele, que tudo na vida acontece no tempo certo. Na hora certa, e que se nos é tirado alguma coisa que é realmente nosso, isso volta, pode demorar mais volta. Feliz, mais desconfiada do destino, deixou que o tempo cuidasse de todo o resto.


Descrevendo algo que talvez não tenha descrição.
O que é o tempo?

Frase da tarde:
"Sei que o amor nos da asas...mais volta pra casa"

Por Carolina

Um comentário:

  1. Três anos é um tempo imenso, e que passa tão rápido...
    A saudade assola meu coração também, eu que sempre disse que caminhos apenas se cruzam ocasionalmente na jornada da vida, admito, essa época me marcou fortemente e por vezes e vezes fico a contemplar as velhas fotos esquecidas.
    Será que mais alguém, além de nós dois, sente isso tb?

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