sexta-feira, 22 de maio de 2009

A de amizade


Ela era assim. Discreta. Quieta. Observadora. Não falava de mais nem de menos. Não se fazia notar assim logo "de cara" quando entrava em qualquer lugar e sabia se fazer passar despercebida quando necessário. Tinha olhos expressivos e um sorriso encantador. Sorriso esse que poucos tinham o prazer de receber. Séria, mais não rabugenta. Firme, mais não dura. Justa, mais não impiedosa. Organizada. Possuidora de um gênio forte, decidido, impecavelmente correto. Quem a via pelos corredores da escola, andando assim de calça jeans e camiseta nunca dava a ela o valor merecido. Pensavam que era mais um nesse mundo onde tantas pessoas se encontram e desncontram. Mais tinha a capacidade de ficar irreconhecivel quando se arrumava, produzia-se sem exessos, clássica, mais sempre fino. Era raro ve-la desse modo, mais quem já havia visto afirmava com certeza que se tratava de outra pessoa. Nunca teve muitos amigos. Não gostava das risadinhas frenéticas e sem nexo das outras meninas, preferia a discusão de um filme, uma música. Não gostava da futilidade sem fim das outras colegas de sua sala. Talvez isso tenha afastado as meninas dela. Talvez isso tenha contribuido para sua fama de "chatinha" "sem graça" "metida a intelectual". Tinha o dom de trazer para perto dela pessoas deslocadas, que por um motivo ou outro se diferenciavam da maioria "normal". Eram pessoas assim que ela amava, pois traziam na alma a capacidade de serem autênticas, não se importavam para os comentários de mal gosto da maioria. Foi por esse motivo que ela e a menina com mechas rosa no cabelo se tornaram verdadeiras amigas. Ninguém entendia que ambas se entendiam. Gostavam das mesmas coisas. Iam frequentemente ao cinema, falavam sobre música, artistas e atualidades. Foi com essa amiga que ela aprendeu o significado da verdadeira amizade. Enquanto todas as outras que se diziam "friends forever" estavam indo embora esta permaneceu. Enquanto todos os outros fechavam a porta para um possível reencontro, a menina de mechas rosa no cabelo abria, não só a porta mais o coração. Puxou um banquinho e sentou-se bem do lado do seu coração. Ganhou um espaço fixo, cativo, na alma de nossa amiga que tinha um maravilhoso sorriso. E ela poderá dizer que viu esse sorriso inúmeras vezes, viu assim, do modo verdadeiro, na mais completa cumplicidade. Entre jogos de vôlei, jantares, filmes, comentários, cinema, cinema e cinema ambas descobriram o quanto uma era importante na vida da outra. Uma apoiava os sonhos da outra mesmo sabendo que um dia cada uma tomaria seus caminhos e elas ficariam separadas. Mesmo assim, elas sabiam que voltariam a se reencontrar, que nenhuma amizade forte assim se acaba tão derepente. Hoje mesmo caminhado pelas ruas da cidade eu vi as duas. Ah...que maravilha, a morena e a loira que agora não usa mais as mechas rosas. Cruzaram meu caminho conversando animadas. A morena me deu um sorriso tão surpreendentemente belo que arrepiei. Olhando assim as duas de longe, descobri que a amizade verdadeira é infinita. Dura para sempre. Resiste ao tempo e a distancia. E nunca, nunca deixa de existir, mesmo separando-se os amigos.

Por: Carolina

Ah...escrevi para minha amiga, Ana Luisa. Ela entendera. E em breve participará a convite meu desse blog!

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