segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Mais um Natal

-Nesse Natal, apesar de tudo, tenho mais a agradecer do que a pedir. Quero agradecer a todas as oportunidades que tive para momentos de reflexão, foram eles que ensinaram e me tornaram mais forte frente as adversidades. Quero agradecer a todas as palavras de carinho ditas a mim nos momentos mais difíceis, e também nos fáceis, foram elas que me fizeram lembrar que ainda existe ternura e amabilidade nesse mundo. Quero agradecer a cada sorriso inesperado, de pessoas inesperadas que me fizeram sorrir também, mesmo quando queria chorar. Quero agradecer pelo suporte de pessoas verdadeiras, as quais hoje chamo de amigos, que estavam ao meu lado me segurando firme para que não perdesse o equilíbrio quando o vento forte soprava. Quero agradecer a meus pais, minha amada família, por sempre atender as minhas ligações, sempre com uma palavra carinhosa, mesmo que essa ligação tenha sido feita pela manhã bem cedinho. Quero agradecer, principalmente a Deus, por ter me dado força, força e mais força para suportar o que for que eu tivesse que suportar e depois ainda conseguir caminhar. Quero agradece a Ele, pelo amor incondicional, por ser bondoso comigo mesmo quando não sou com Ele e me agraciar com alegria, felicidade e muita surpresa quando eu menos esperava.
Quero agradecer por tudo, a tudo e a todos, a todos mesmo, porque cada um que entrou em minha vida esse ano teve seu pedaço de mim levado, e deixou um pedaço de si em mim. Tenho muito mais a agradecer e por isso faço meu único pedido. Peço a Deus que ele tome nas mãos meu coração, hoje mais sincero do que nunca, e perceba o quanto devo a vida a Ele. E quero que adicione nele paz, tolerância e paciência. Bondade e caridade. Amor e luz. Pois desejo que hoje, todas aquelas pessoas que me desejaram bem de alguma forma, em alguma dia de suas vidas sejam iluminadas. Hoje, só tenho um sentimento em meu coração. Gratidão. Por tudo. Por todos. E hoje tenho somente uma palavra. Obrigada.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Estou falando com você...

-"Não leve desaforo para casa. Não deixa ninguém fazer pouco de você. Não te eduquei para ouvir ordens abusivas de pessoas que andam por caminhos tortuosos. Grite de volta. Responda de volta. Banque a louca. Não deixe barato. Se vão falar o que quiserem que ouçam o que não queriam ouvir. Mas responda no mesmo nível. Não seja educada com quem não tem caráter  Com quem não tem moral. Não fique em silêncio quando levantarem a voz para você, com injustiças. Seja inteligente. Esteja um passo a frente. E questione as ordens que lhe forem dadas. Não te eduquei para ouvir gritaria de quem não sabe nada sobre essa vida. Não te ensinei a abaixar a cabeça frente a pessoas que abusam do poder para ferir e machucar os outros. Compre a briga. Caia na porrada. Leve a discussão adiante. Não tenha medo de ser odiada pelos demais. No final do dia, eu ainda te apoiarei. Eu ainda comprarei as brigas pelas quais você não terá condições de comprar. Eu ainda, mesmo que ninguém esteja com você, estarei. Mas nunca mais deixe barato situações como essa. E você sabe do que estou falando. Quem merece ouvir, merece ouvir por qualquer motivo. Todos tem dias de gloriosos e dias tortos. Todos tem dias bons e dias ruins. O seu não precisa ser ruim só porque o de outra pessoa foi. Responda na mesma moeda. Retruque. Faça a roda girar. Se seu dia está ruim devido a ela, torne o dia dela ruim. Infernize. No final de tudo, quando você chorar de remorso, de dor, de arrependimento, eu ainda te amarei e ainda estarei de pé ao seu lado. Não deixe nada barato. As pessoas não vão facilitar sua vida. Não facilite a delas também. Principalmente nesses casos, como esse que você me contou. Você é minha filha, e filha minha nasceu para ser forte. Para ter no mínimo milhares de dia gloriosos."


--------------------------------------------------------------------------------
Meu pai hoje no telefone. Me fazendo lembrar que apesar de tudo, sou filha dele. E isso é o que importa por hoje.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Fênix

-Os olhos no espelho revelavam toda dor e desespero de um coração ao gritos. Nunca tinha sentido ódio de ninguém, nunca tinha sentido tanta raiva na vida. E aprendeu, naquele momento em frente ao espelho vendo seus olhos vermelhos, que a raiva e o ódio consomem como as chamas de um drástico incêndio. E não disso que se tratava? Um grande, volumoso e implacável incêndio. E mais do que nunca, desejou que aquilo não se apagasse, que aquilo permanecesse, por mais que consumisse ela inteira. Era isso que queria sentir. Era que isso que precisava sentir para seguir em frente. Deixar queimar.

Encarou novamente seus próprios olhos vermelhos no pequeno espelho. Não estavam vermelhos devido a lágrimas. Era puro desespero. Um desespero que latejava alto nos ouvidos. Um desespero que sussurrava a tons baisíssimos e constantes pedindo que aquilo, que aquele fogo nunca se apagasse. Afinal, não tinha sofrido pouco. Não tinha dado a vida, e a alma durante todo aquele tempo para esse final marcado por grosserias. A sua vontade era de falar, bater, ensinar uma lição, humilhar aquela que tinha lhe feito isso tudo. E toda vez que lembrava seu nome, as chamas em seu coração lambiam cada vez mais quentes seu interior. Vingança. "Dar o troco". Sentir na pele. Não deixar barato. Pagar com a mesma moeda. "Olho por olho, dente por dente. Não eram isso que diziam. E ela ia fazer valer.

Encarou mais fixamento os olhos vermelhos no reflexo do espelho, e apesar de ter acabado de sair do banho, se sentia com cada vez mais e mais calor. Forçou ela mesma e observar fundo dentro dos seus olhos. Não havia mais nada. Não havia mais esperança. Havia desespero, raiva e dor. E tristeza. Foi isso que a fez parar. Relaxou os músculos. Encarou novamente seus olhos castanhos. Não, não eram dela aqueles olhos. E contemplando fundo o interior dos olhos e da alma, percebeu que nada disso valeria a pena e o esforço. Algumas pessoas devem colher o que plantam ao longo da vida. De forma natural. E não de forma arquitetada. O que vem volta. A vida é roda-gigante. Bumerangue.

Encarou pela última vez os olhos vermelhos. Fechou com força. Os ouvidos zunindo. Os sons das chamas internas aumentando a cada nova batida do coração. Os olhos queimando por detrás das pálpebras. O calor só aumentava. Mas, quando abriu-os novamente. Um onda de alívio percorreu seu corpo. E a primeira lágrima escorreu na tentativa de apagar todo o incêndio.

sábado, 17 de novembro de 2012

Inverso

-Agora, de olhos secos. Agora, sem lágrimas. Agora, de cabeça erguida. Consigo ter uma leve visão do vale que surge abaixo dos meus pés. Agora que a tempestade já é passada, e que as nuvens escuras começam a ir embora, posso finalmente fazer planos. A sombra de tudo isso ainda me persegue. Pensamentos ociosos ainda são perigosos. Mas, os olhos firmes. E o processo de reparo já se iniciou. Nada dura para sempre. Nada. E depois de todo furacão há calmaria. Vejo as trilhas surgindo, os caminhos se abrindo e toda a incerteza que isso gerou nos antigos e consolidados planos. O caminho está a frente. E agora posso ver. Daqui de cima dessa montanha vejo o vale lá embaixo. Daqui de cima dessa montanha vejo o quanto a subida até aqui foi árdua. Daqui de cima dessa montanha pude enfrentar a passada tempestade de forma mais firme. Os estragos não foram muitos. Não cai. Não fui jogada daqui de cima pelos ventos. Não pedi para descer. Recebi aquilo que me veio de peito aberto e senti a dor de tudo isso sabendo que um dia passaria. Não passou. Mas os olhos enxutos e secos me trazem a certeza de meu próximo passo. Relutei contra ele. Permaneci quieta e reflexiva. Até que os céus começaram a se abrir, as nuvens começaram a ir embora e os caminhos começaram a aparecer. Não aqui em cima, lá embaixo, no vale. O jeito é ir até lá. Vou descer. Vou explorar o vale. Vou descer a montanha. Creio que a dificuldade é maior. Deixar o topo para trás. Deixar a linda vista para trás. Mas lá em baixo deve haver flores também. E um horizonte. Esperarei o vento forte passar. Quando a noite chegar, estarei lá embaixo.

domingo, 7 de outubro de 2012

(re)Ver a vida

- 6 de outubro de 1988. Há exatamente 24 anos atrás, começava minha história. Começava minha vida. Começava o desafio diário e maravilhoso de encarar de frente o mundo. Praticamente em todos meus aniversários, tenho vindo até aqui fazer uma pequena reflexão dos meus últimos anos. Hoje não seria diferente.Para isso tentei lembrar de tudo o que já perdi, de tudo o que já ganhei. E percebi que existem coisas que são fixas. Por isso, exatamente no dia 6 de outubro de 1988 começava minha história e começava minha história com as palavras. As palavras sempre me acompanharam. Lembro do que minha mãe cantava para mim antes de me colocar para dormir. Lembro de frases ditas a mim quando ainda era uma criança. Lembro de ter escrito um cartão para meu pai, cheio de letras sem sentido. E quando finalmente aprendi a escrever, lembro de ter preenchido inúmeros diários que guardo até hoje. Palavras me atraem. E me sinto confortável com elas. Sei que elas estão a meu favor. Não existe Carolina sem as palavras, assim como não existem as palavras sem Carolina. Foram 24 anos de muita escrita, porque quando não sabia o que dizer, eu sabia exatamente o que escrever. E elas sempre voltam para mim. Sempre me encontram. São verdadeiramente minhas. Nesses 24 anos, aprendi horrores. Vi muitas coisas. Ouvi de mais. Sofri. Chorei. Sorri. E transformei cada gota do que tinha dentro de mim em palavras. Somente para compartilhar meu eu com outros. Somente pelo fato de ser eu mesma quando escrevo. Em 24 anos me formei, me defini, encontrei minhas verdadeiras opiniões, falei muito sobre elas, mudei completamente, me reinventei. E tudo isso se transformava em palavras. Seja falando. Pesando. Escrevendo. Tenho uma palavra de ordem para esse meu aniversário de 24 anos. Reaprender. Preciso reaprender a viver, reaprender a andar pelos caminhos sem olhar para trás, reaprender a me sentir, a me entender, a me escutar, e me escrever. Enfim, hoje quando soprar as velinhas desejarei mais força, mais fé, e mais paciência. Só que, o melhor e mais importante desejo, vem com o passar dos dias. Só vou reaprender aprendendo. E só vou ter uma resposta se consegui, no meu próximo aniversário.

-----------------------------------------------------------------------------
Desejo a mim mesmo, que este "mais um ano de vida" seja o melhor. E muita paz até os 25.

sábado, 29 de setembro de 2012

Matemática

- As coisas começaram a perder o controle quando a soma não era mais igual a dois. As coisas começaram a desmoronar quando duas vozes viraram três, que viraram cinco, que viraram sete, que viraram gritaria. As coisas começaram a seguir por um caminho obscuro quando as verdades começaram a serem escondidas, e os atos feitos no escuro. Quando a luz se apaga, já não se enxerga mais os olhos. Quando o muro cai, já não se consegue colar os tijolos. Quando o alicerce balança é porque já não era feito com somente dois pilares, e sim três. Sendo que o terceiro está no lugar errado. Equações matemáticas são perfeitas, são exatas. Um mais um sempre será igual a dois. A não ser que se some mais um. Aí, passa a ser três, cinco, sete, bagunça, confusão, dúvida e dor.
As respostas são claras, mesmo quando não se possui as perguntas. A interferência externa trouxa números a mais, palavras a mais, sugestões a mais, trouxe tudo aquilo que nunca deveria ser cogitado. Trouxe a possibilidade de atitudes que não deveriam existir. Trouxe que o errado era o certo, que o certo era o errado. Trouxe ondas de rádios, tipo aquelas chiadas que não fazem sentido nenhum. E no final, quando a conta já não dava mais certo, tudo desabou de vez. Afinal, os números não se encaixavam mais. E havia uma grande maldade por parte daqueles que sobravam naquela soma. Para os outros, dor. E tempo. O tempo constrói tudo. O tempo leva tudo.

----------------------------------------------------------------------------------------------

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Imagine você...

- Era um homem solitário. Não sozinho. Solitário. De alma serena. De calmos olhos castanhos desgastados pelas várias imagens vistas. De rosto marcado pelos sinais do tempo. De alma tranquila, jovem, leve. Sentava todo dia naquela banco da praça, e lá permanecia. Cantarolava uma canção, alimentava os pássaros, via o tempo passar. Um tempo agora que já não representava muita coisa, pois sabia dos mistérios da vida, sabia dos segredos e das armadilhas. Era um homem bonito. Se não fosse pela idade. Porém, imaginando-o mais novo, sim, um homem bonito. Usava sempre o mesmo chapéu e o mesmo paletó, companheiros de muitas aventuras, histórias, noitadas. Um dia, quando lhe perguntaram o porque de sempre repetir as mesmas peças de roupas, disse "São lembranças, coisas que ainda não perdi". E não esquecia das lições aprendidas. Vez ou outra alguém sentava com ele, conversava, desabafava, dizia dúvidas, contava das alegrias, e em troca, não ele não dava conselhos, ele contava suas histórias. E assim, ensinava sem saber. Era um homem solitário. Era sempre visto voltando para casa no fim da tarde, com um jornal em baixo do braço e uma vida inteira dentro daquele corpo de senhor. Era um homem que, tendo vivido por muito tempo, sabia de muita coisa. Era um homem com uma doçura inquestionável no olhar, ombros fortes que sustentaram algum dia, seu mundo e olhos, sim novamente os olhos, olhos de menino, olhos fundos e profundos de quem sempre soube que o correto era andar pelo caminho do meio. E assim fez sua vida. Assim fez sua história. Sem certos ou errados, com altos e baixos, com vida, com amor, com sabedoria. Ele sabia muito. Era feliz, e assim permaneceria.


-----------------------------------------------------------------
Foi por causa de uma história que ouvi hoje.
Tem mais coisa por aí. Tem coisas por acontecer.




segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Aquele dia...

-Minha força está nos finais. Quando tudo desaba e resta somente eu comigo mesma. Minha força está no silêncio. Na compreensão que tudo finalmente, acabou. Na tranquilidade de entender que no fim nada mais é possível. Que tudo já foi dito. Que tudo já foi feito. Resta somente aceitar. Minha força está na aceitação inevitável e na dor que virá em seguida. E me fortaleço para que ela não bata forte de mais e me derrube. Minha força está nos finais. Na hora que tudo termina. Que nada mais resta. Que ninguém mais se importa. Eu espero. E aceito o fim. Mais de uma vez. Afinal, já perdi quase de tudo nessa vida. Mas, critique-me aquele que nunca perdeu nada. Aceito o fim. E me recolho dentro de mim.

--------------------------------------------------------------------------------------
"No mais, estou indo embora..."

Zé Ramalho - Chão de giz

sábado, 1 de setembro de 2012

Não tão quieto assim.

-Não tem jeito. As palavras simplesmente não querem aparecer hoje. Elas querem me dizer para permanecer em silêncio, então. Para eu permanecer em silêncio, quando tenho vontade de gritar, de xingar, de acusar, de apontar, de bater, de fazer tudo que seja o contrário de permanecer em silêncio. Só que, qualquer coisa que for dita, que for escrita, que for falada. Será um retrocesso. Um atraso. Uma falha. Pensando em tudo o que já aprendi, em tudo o que já vivi. Para lidar com certas situações, o melhor mesmo é não falar nada. Para passar a mensagem que se deseja a certas pessoas, o melhor mesmo é permanecer em silêncio. Até porque, se permaneço em silêncio, não digo que sei de tudo. Que vejo a verdade em cada palavra que for dita, na mentira.

O que me descreve hoje, é Alberto Caeiro.

"E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz."

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Esperar

-Eu sei a verdade sobre você. Eu sei o que se passa por trás de seus olhos. Sei seus defeitos. Sei o pior deles. Eu sei a verdade sobre você. E assim sendo, não me enganará mais. Não terei mais dó. Não terei mais pena. Eu sei que todo seu alicerce é fachada.


Mas, eu não contar para ninguém. Vou deixar que os outros descubram sozinhos. Um dia, por você mesma, não por mim, tudo isso que você construiu, desaba. Acredite. Eu sei esperar. E sei também, guardar segredo.


















----------------------------------------------------------------------------------------
Lição de moral.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Nossas histórias

-Essa é uma história antiga. Quem me contou, foi uma senhorinha daquelas bem velhinhas que sabem tudo sobre a vida, e pouco sobre seu próprio fim. E ela me disse que passasse adiante. É uma história de dor, mas nas entrelinhas, é também, uma história de amor. Começa onde tudo começa, no nascimento. Na vida. E o protagonista dessa história já nasce na batalha, na força, na incessante busca pela manutenção daquela vida que surge. E não para. Não desiste. Nem por um segundo. Nem por nada. Logo no ínício de sua estadia aqui nesse mundo, ele precisa de adaptar a tudo, e ser mais forte e mais resistente a cada dia. De inicio ele aprende a reconhecer pessoas próximas e se afeiçoar a elas, e quando essas pessoas estão por perto, ele bate, freneticamente. Assim, ele vai. Aprendendo pela vida, sem muitas dores e apertos no começo. Porém, depois de uns 15 anos, a vida dele começa a complicar. São muitos amores, muitas emoções, muitas descobertas, muito tudo. Tudo ganha cor, significado, tudo interiormente começa a se modificar e claro, ele se modifica junto. É nessa época, que ele sofre sua primeira quebra, sua primeira queda. Se estilhaça, em pedaços. E o sofrimento é gigantesco. E ele pensa "Será que existe coisa pior que isso?" " Por favor, faça isso parar." E simplesmente não para assim tão rápido. Até porque, juntar todos os pedaços leva tempo, leva paciência. Nessa fase, alguns se quebram muitas vezes, outros são mais resistentes, outros nem chegam a rachar. É, depende. E conforme os anos passam, enfrentar e manter a vida se torna cada vez mais um desafio. Aguentar desaforos, ser obrigado a se acalmar em momentos nos quais ele quer loucamente pular pela garganta, crises de raiva, de ansiedade, de insanidade. Cada um faz dele o que quiser. Cada um usa ele como quiser. E o dia-a-dia torna-o mais ou menos frio, de acordo com as cenas e as histórias presenciadas. Mas uma coisa é fato, ele topa alguns tapas, aceita algumas injustiças, comete alguns erros destruidores, e comete novamente erros que já haviam sido aprendidos. Ele quebra alguns juramentos. Ele engana. Dissimula. Aprende a fingir. Aprende a ser mais sorrateiro. Aprende, falando a verdade, a viver nesse mundo tão estranho. A senhora me disse, nesse ponto da história, que quem sofre mais na vida, também aprende mais, e esse companheiro está mais preparado quando se atinge uma idade mais avançada. E aí, as atitudes ficam mais coerentes, mais calmas, menos passionais e mais racionais. Simplesmente porque ele aprende a se controlar, acima de tudo. Claro, ele passa por momentos desagradáveis, ele acaba magoando outros de sua mesma espécie e dando notícias ruins a outros, seus iguais. Só que, ele tem um aliado, o tempo. E esse aliado, sempre lhe aconselha a tomar atitudes, e diz assim "Vá em frente, deixe que eu cuido do desfecho." E assim, ele é encorajado. No final da vida, ele está calmo. Sereno. Sabe de tudo que viveu, aprendeu tudo pelo que passou. E diz "Estou pronto.". É nessa hora, que ele quer contar sua história, quer falar das dores, dos amores, dos sofrimentos. E pede para ser ouvido. E assim, nesse ponto, a senhora parou de falar. E eu fiquei na dúvida, "Senhora, mas, não entendi, de quem estamos falando mesmo?" E ela me encarou com seus olhos cansados e sinceros apontou para o próprio peito e disse "Minha filha, estou falando dos nossos corações." E eu pensei, assustada com o pulo que o meu deu, que está história, não passava de uma grande lição de vida.

Nosso coração tudo suporta, tudo vence, tudo lembra e também tudo esquece. Não poupe o seu, por medo, por receio, por falta de coragem. Ele aguenta. Ele suporta. Afinal, se um dia ele parar, nada ou tudo terá realmente valido a pena.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Consolo


"Não chores, meu filho; Não chores, que a vida É luta renhida: Viver é lutar. A vida é combate, Que os fracos abate, Que os fortes, os bravos Só pode exaltar."

------------------------------------------------------------------

Canção do Tamoio - Gonçalves Dias

Eu pessoalmente, acredito nisso. Mas do que tudo. O tempo fará isso. O tempo derrubará os fracos. Somente o tempo. Derrubará.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Agora, omito.

-Depois de um tempo, comecei a pensar em tudo o que já vi nessa vida. Não posso ter a audácia de dizer que já vi de tudo, que já vi muito. Na verdade vi pouco. Mas conclui muito. Talvez porque tenha passado por alguns momentos de reflexão que me deixaram assim, profunda e densa. Achei que já estava formada, que já sabia quem era, que já sabia me portar e me comportar. Que sabia, acima de tudo me calar. Descobri que não. Descobri que tenho falado de mais, que tenho brigado de mais, que tenho feito valer minhas vontades muitas vezes. Descobri também, que não era assim. Que nunca fui assim. Era, sim. Mas no meu interior. Na parte de fora, no meu lado externo, não tinha, nunca, demostrado tanto da minha natureza ruim, egoísta, grossa, incompreensível. A vida me fez assim, talvez. As experiências vividas, talvez, me fizeram exteriorizar tudo aquilo que escondia. Por ter que ser mais competitiva. Por perceber que nesse mundo nada é fácil para ninguém e você tem que agarrar o que te pertence com unhas, dentes, pele, garras, vontade. Só que, recentemente, tenho percebido que o que mais vale em mim, e de mim, é esse silêncio. É voltar a observar muito e falar pouco. É, isso mesmo, silêncio.
A minha paz de espírito cobra isso. "Não fale, não diga, não argumente." Esconder meus pontos de vistas, quem sabe. Retroceder em tudo o que já evolui, provavelmente. Mas a grande maioria das pessoas desse planeta não querem me ouvir. E com todo respeito a elas, me calarei. Só penso que não se enganem. É com o silêncio dessas minhas palavras soltas, que admito meus erros, desculpo-me por tudo o que foi impensado. Mas, não se enganem. Sou melhor no silêncio do que no grito. E quando escolho tirar minha voz, não quer dizer que tirarei também, minhas ações.


Pensem nisso.

--------------------------------------------------------------------------------------------------

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Imitação


Definitivo

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
verso:

Se iludindo menos e vivendo mais.
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...
Carlos Drumond de Andrade
------------------------------------------------------------------------------------Não diria que é tanto opcional assim, mas tento entender o ponto de vista do Carlos. Meus erros e mancadas são tantos e tão grandes nesse momento que não consigo escrever. Faço de meus versos hoje, os versos do Carlos.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Suporto em silêncio

-Tenho tanta coisa dentro de mim. Tantas sensações. Tantas vontades. Tantos desejos. Sinto tudo isso quase como um turbilhão. Que me levaria para longe, me deixaria gritar sem parar até todos esses sentimentos serem eliminados, retirados, irem de vez embora. Quero paz. Quero fechar meus olhos por alguns momentos e ouvir o mar. Quero sorrir sem limites. Quero andar por aí sem compromisso. Sem hora. Sem destino. Somente porque deu vontade. Não sei definir uma sensação. Não sei dizer o que se passa. Se passa a mesma urgência dos dias acabarem logo, do final logo ser avistado. De ter, finalmente, sossego. Nunca achei que resolveria tantos problemas, que brigaria tanto, que falaria de mais, que me irritaria a ponto de não suportar esse sentimento dentro de mim. Raiva corrói. Raiva pesa. Raiva destrói. Rouba aos poucos todas as lembranças boas e saudáveis que tenho dentro de mim. Raiva envenena. É por isso, que seria de extrema utilidade nesse momento, aquele turbilhão. Ir para longe. Ser levada. E gritar, bem alto, todas as coisas que ficam presas dentro de mim, e que não posso evitar guardar. Esse mundo nos reprime muito, nos aperta muito, sou e somos a cada momento controlados. Não podemos demostrar nossas emoções em público, não podemos dizer que não gostamos de fulano, ou que recriminamos alguém. Eu sofro assim. Não sou de me controlar, de medir atitudes, tento ser eu mesma. E sofro. Guardo tudo dentro da minha caixa chamada peito, e quando chega uma hora, vulgo agora, fica insuportável. Não sei como resolver. Não sei como parar. Os dias caminham, arrastam, levam e quem fica para trás perde. Perde tudo. Não posso parar também. No meio de tudo isso, de tanta confusão, tenho que resolver detalhes e problemas e trabalhos e rascunhos e artigos e livros e e-mails e vida e diversão e amigos e família. Em meio a tanta coisa, a tanta correria eu só teria uma coisa a dizer. E sim, será clichê. Para o mundo, que eu quero descer por favor.




----------------------------------------------------------------------------------------------
A cabeça dói. Mas faz todo o sentido, não é mesmo?

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Nada me diz


-...




























Para bom entendedor...
------------------------------------------------------------------------------------------------------
"Que esta minha paz e este meu amado silêncio,
não iludam a ninguém.
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta.
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios.
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece...
Mas,
Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto"


Mário Quintana



"O único silêncio que perturba é aquele que fala. E fala alto. É quando ninguém bate a nossa porta, não há recados na secretária eletrônica e mesmo assim você entende a mensagem."

Martha Medeiros

sábado, 21 de janeiro de 2012

Será?

-O dia estava frio. Chovia. Chovia como nos outros dias daquela semana. As nuvens brancas se arrastavam no céu, carregadas de tempestade. Do outro lado da janela, ela olhava o tempo. E sua respiração embaçava o vidro formando círculos disformes e instantâneos. Não era a primeira vez que se sentia assim. Tampouco a última. Sem vontades. Sem vida. Sem forças. Sabia que era necessário se animar, pelo menos fingir se animar. Mas não conseguia. A tempestade lá fora, e o frio que tentava a todo custo penetrar pelas frestas da janela dificultavam qualquer ação. Encostou o rosto no vidro gelado, tentando esfriar a cabeça. Ou encontrar um motivo para esse sentimento. Não sabia. Incertezas. Confusões. Dúvidas. Não era fácil decidir qual era maior, ou qual prevalecia. Tudo era extremamente difícil. Imagens passavam em sua mente, mas nesse momento até as melhores delas pareciam distantes, ou pareciam terem acontecido em algum sonho distante. Porque tanta dor agora? Porque tanta angustia? Achava que isso já teria passado. Que havia dado lugar a outros sentimentos. Mas na verdade sempre estiveram ali. Acorrentados. O que fazer? O que era preferível? Alguns meses constantemente de dor, ou alguma dor intensa, porém finita, e alegrias novamente e para sempre? Não sabia. Não sabia também o que fazer. Ficar sentada na frente da janela não era a solução. Desencostou a cabeça do vidro, endireitou o corpo. Desenhou qualquer coisa sem forma no embaçado do vidro e levantou. Já tinha tomado uma decisão. Seria agora, e depois nunca mais. Saiu firme. Deixando para trás a trágica forma de um coração no, agora quase sumindo, desenho do vidro.

---------------------------------------------------------------------

Nem eu sei...

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Se eu soubesse...

-Eu sinto uma urgência dentro de mim. Sinto uma vontade de acelerar as coisas, de faze-las passarem mais rápido. Sinto vontade de mudanças, reviravoltas. Sinto vontade de mistérios, suspense, frio na barriga. Nesses tempos tudo caminhou como deveria, tudo aconteceu como o planejado, tudo está extremamente organizado. Sou culpada por isso, por querer insistentemente arrumar a casa por vezes e vezes repetidas. Mas minha insatisfação não diz respeito a desorganização e bagunça. Diz respeito a surpresas, a novidades, a tirar o fôlego, a sentir novamente alguma coisa que nem eu sei e que há tempos não sinto. Não sei como escrever. É uma urgência que se inquieta dentro de mim pedindo por alguma coisa que não sei. Queria caminhar na chuva a conversar com alguém sobre a vida, queria filosofar tomando um café num bar qualquer, queria conversar, expor, resolver isso. Mas sobram palavras, faltam explicações e não há ninguém. Não há nada. Somente essa urgência que não passa. Queria emoção de uma maneira diferente que também não sei como é. Queria meu coração batendo na garganta como por muito tempo ele não faz. Nada me surpreende ultimamente e eu não sei como resolver isso. Só tenho, como sempre tive, essas páginas virtuais, frias e molhadas de um blog que por alguns anos vem me salvando de sufocar com palavras que não saem de dentro de mim. Preciso conversar. Com alguém assim, que me entenda. Preciso descobrir essa urgência, preciso que ela deixe de morar dentro de mim. Preciso que os dias passem e não, não posso esperar. Não posso mais esperar. Por toda minha vida tenho esperado. Não quero mais. Quero agora o que quero. Chega de paciência. Chega.

----------------------------------------------------------
A vida passa como um borrão, e eu já sei tudo o que posso ver através dele. A vida passa diante de meus olhos e eu já a sei decor. Como num turbilhão. Como num redemoinho. Como num furação. Nada me tira do chão. Nada cala essa impaciência. Chega, chega, chega.