segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Imagine você...

- Era um homem solitário. Não sozinho. Solitário. De alma serena. De calmos olhos castanhos desgastados pelas várias imagens vistas. De rosto marcado pelos sinais do tempo. De alma tranquila, jovem, leve. Sentava todo dia naquela banco da praça, e lá permanecia. Cantarolava uma canção, alimentava os pássaros, via o tempo passar. Um tempo agora que já não representava muita coisa, pois sabia dos mistérios da vida, sabia dos segredos e das armadilhas. Era um homem bonito. Se não fosse pela idade. Porém, imaginando-o mais novo, sim, um homem bonito. Usava sempre o mesmo chapéu e o mesmo paletó, companheiros de muitas aventuras, histórias, noitadas. Um dia, quando lhe perguntaram o porque de sempre repetir as mesmas peças de roupas, disse "São lembranças, coisas que ainda não perdi". E não esquecia das lições aprendidas. Vez ou outra alguém sentava com ele, conversava, desabafava, dizia dúvidas, contava das alegrias, e em troca, não ele não dava conselhos, ele contava suas histórias. E assim, ensinava sem saber. Era um homem solitário. Era sempre visto voltando para casa no fim da tarde, com um jornal em baixo do braço e uma vida inteira dentro daquele corpo de senhor. Era um homem que, tendo vivido por muito tempo, sabia de muita coisa. Era um homem com uma doçura inquestionável no olhar, ombros fortes que sustentaram algum dia, seu mundo e olhos, sim novamente os olhos, olhos de menino, olhos fundos e profundos de quem sempre soube que o correto era andar pelo caminho do meio. E assim fez sua vida. Assim fez sua história. Sem certos ou errados, com altos e baixos, com vida, com amor, com sabedoria. Ele sabia muito. Era feliz, e assim permaneceria.


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Foi por causa de uma história que ouvi hoje.
Tem mais coisa por aí. Tem coisas por acontecer.




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