sábado, 21 de janeiro de 2012

Será?

-O dia estava frio. Chovia. Chovia como nos outros dias daquela semana. As nuvens brancas se arrastavam no céu, carregadas de tempestade. Do outro lado da janela, ela olhava o tempo. E sua respiração embaçava o vidro formando círculos disformes e instantâneos. Não era a primeira vez que se sentia assim. Tampouco a última. Sem vontades. Sem vida. Sem forças. Sabia que era necessário se animar, pelo menos fingir se animar. Mas não conseguia. A tempestade lá fora, e o frio que tentava a todo custo penetrar pelas frestas da janela dificultavam qualquer ação. Encostou o rosto no vidro gelado, tentando esfriar a cabeça. Ou encontrar um motivo para esse sentimento. Não sabia. Incertezas. Confusões. Dúvidas. Não era fácil decidir qual era maior, ou qual prevalecia. Tudo era extremamente difícil. Imagens passavam em sua mente, mas nesse momento até as melhores delas pareciam distantes, ou pareciam terem acontecido em algum sonho distante. Porque tanta dor agora? Porque tanta angustia? Achava que isso já teria passado. Que havia dado lugar a outros sentimentos. Mas na verdade sempre estiveram ali. Acorrentados. O que fazer? O que era preferível? Alguns meses constantemente de dor, ou alguma dor intensa, porém finita, e alegrias novamente e para sempre? Não sabia. Não sabia também o que fazer. Ficar sentada na frente da janela não era a solução. Desencostou a cabeça do vidro, endireitou o corpo. Desenhou qualquer coisa sem forma no embaçado do vidro e levantou. Já tinha tomado uma decisão. Seria agora, e depois nunca mais. Saiu firme. Deixando para trás a trágica forma de um coração no, agora quase sumindo, desenho do vidro.

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Nem eu sei...

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