
-Oi!
-Oi, tudo bem com você?! Quanto tempo não...
-Sim, dois anos e...
-Dois anos e seis meses.
-Isso!
...
-Mas, que bom te ver, como está bonita! Diferente!
-É dei uma mudada no cabelo. Olha você notou, antes não notaria.
-Ah, antes eu não era tanta coisa, mas agora sou.
-Mudou foi.
-Verdade.
...
-Você está bonito também! Mas esses olhos, olhe para mim deixe-me ver o que é.
-Não é nada. São somente os mesmos olhos...
Ele escondou o olhar, mas ela desconfiada procurou e insistiu.
-Mas eu vi alguma coisa neles, uma sombra tive a impressão.
-Impressão somente...
-Poder ser, parece que nem te conheço mais.
-Parece que ainda te conheço tão bem.
...
Silêncio. Foi a vez dela esconder o olhar. O barulho da rua chegava até eles, buzinas, pneus no asfalto, ao redor pessoas passando e conversando ao celular e eles ali. Dois estranhos agora, depois de terem divido tudo. Ela olhou o relógio de pulso.
-Olha estou atrasada, preciso ir andando.
-Ah sim, não queria tomar seu tempo, chamei porque achei que seria bom te ver.
-Isso, sem problemas!
-E foi bom me ver?
-Olha tenho que ir.
E se foi. Andando apressada no meio de tanta gente, no meio de toda aquela bagunça. Sumiu na esquina próxima. Quanta indiferença.
E ele ficou ali. Com gosto de partida na boca mais uma vez. Com os olhos cobertos pela sombra da solidão. Com os pedaços do coração nas mãos. Olhou para o fim da rua. Ainda podia vê-la sorrir. Percebeu que o celular estava tocando.
-Alô? Sim, estou quase chegando. Dez minutos ok?
Era o mundo real chamando. Ele teria que voltar para o trabalho. Olhou mais uma vez o fim da rua. Imaginou ela voltando correndo e pulando em seus braços. Mas só imaginou. Tinha que ir trabalhar. Amanhã, naquela mesma hora ele estaria ali de novo. Só para poder ver ela passar. Mais uma vez.










