sábado, 25 de julho de 2009

Tentação


Se encontraram apressados no corredor do laboratório.
-Você veio mesmo. Eu disse que não era, que alguém poderia ver..., entra nessa sala.
Abriu a porta branca ao lado, e puxou-a para dentro pelo braço.
-Eu queria te ver. Já faz quase uma mês, eu sei que você está ocupado com as pesquisas mas, poderia ter ligado.
-Você sabe que eu não posso ligar, não posso te ver durante esses meses, não entende...já expliquei.
-Eu sei, eu sei. Mas é que não deu mais, simplesmente não deu.
-Eu queria que você entendesse. Se alguém nos vê juntos será muito problemático. Eu serei prejudicado, você será prejudicada. Todo meu trabalho...
-É, "seu trabalho" é mas importante que tudo. Deveria ter pensado nisso antes de vim. Não foi fácil entrar aqui enquanto todo mundo pensa que eu estou na Europa!
-É onde deveria estar. Fazendo o que te mandaram fazer.
-Já vi que foi um erro ter vindo. Já percebi que prefere a superficíe fria da sua mesa de mármore e as lentes cegas do seu microscópio. Terminei tudo por lá mais cedo para poder ver você, a saudade me sufocava cada vez que lia suas anotações, e via determinação na sua caligrafia, via você ali...
-Eu, eu só quero o seu bem. É perigoso demais para você aparecer assim, eles proibiram a gente.
Ela olhou fundo nos olhos verdes dele. Quanta decepção, quanta solidão. Ele suportou os olhos pessados dela até não aguentar mais, até sucumbir a tamanha paixão.
-Olha, eu tenho medo. E as vezes parece que o medo é maior que o amor que sinto por você. Eu tenho que deixar tudo isso de lado, me entregar, mas simplesmente não consigo.
-Você deveria tentar.
Dizendo isso, ela caminhou lentamente para a porta. Os saltos ecoando ritmados no chão de ladrinhos. Colocou a mão na maçaneta.
-Não...
Ela se virou a tempo de encarar os olhos dele pela segunda vez. O que foi surpreendente, tamanho era sua determinação, seu desejo. Os olhares se queimaram naquele fogo, vermelho, amarelo, verde. E os lábios se uniram, colaram, selados em verde-esmeralda.



Nota: Um sonho que tive. Não teve jeito, ele pediu para ser escrito, ai está. Voltando ao romantismo patético.


Por: Carolina

Um comentário:

  1. Ela escrevendo é tão simples e puro quanto um sorriso de criança! Belas estrofes Carol!
    Beeijão! Richard

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