terça-feira, 28 de julho de 2009

Para dizer a verdade...


-Celina estava sentada na calçada, em frente a sua casa. Era tarde da noite, e as estrelas estavam encobertas pela grossa neblina. Fazia um frio cortante que penetrava pelas frestas do seu casaco, mas ela não tinha vontade nenhuma de sair dali. Em seu rosto sentia a luz amarelada da rua e enxergava através dela os vapores de sua respiração. Não tinha vontade nenhuma de entrar porque havia passado a maior parte do dia dentro de casa, andando de um comodo a outro, inquieta. Havia tentando em vão, tirar Henrique do seu pensamento, entretando a beleza do sorriso dele não era nada fácil de se esquecer. Ali, na calçada, imersa no silêncio na noite, e envolta na gelada neblina os pensamentos pareciam se acalmar e o sorriso de Henrique se tornava distante. Fazia muito tempo que Celina não se apaixonava assim, fazia muito tempo que não tinha um "pretendente a qualquer coisa", e a idéia de um amor a deixava perturbada, ansiosa, sem saber como agir. Henrique surgiu tão derepente, e de uma forma tão maravilhosa, uma semana de conversas na calçada, de telefonemas, risos e olhares, e agora, ele simplesmente havia sumido. O telefone ficou mudo, a calçada vazia, e o olhar de Celina se perdia no horizonte buscando o de Henrique, totalmente em vão. E ela se culpava, com certeza tinha feito alguma coisa errada, alguma coisa que definitivamente havia desagradado Henrique fazendo-o desaparecer. Durante toda a tarde repassou as conversas na cabeça, os gestos, achando mil defeitos, mil erros, e agora, noite adentro, tentava era esquecer de tudo, falar para o coração voltar a tranquilidade habitual de uma vida sem uma paixão, o aperto era enorme. Somente o frio da madrugada conseguia aos poucos ganhar a batalha contra a quente esperança. Celina olhou mais uma vez para o céu, queria tanto ver uma estrela, porém, naquela neblina era impossível, tão impossível quanto um telefonema de Henrique. Finalmente, quando as pontas de seus dedos já estavam endurecidas, Celina resolveu entrar, o frio a vencera, e também de que adiantaria ficar ali fora se o que ela realmente queria era estar dentro de algum lugar, com Henrique. Caminhou apressada para dentro de casa e entrou bem a tempo de ouvir o celular tocar. Era Henrique. Uma onda de calor percorreu seu corpo, no exato momento em que lá fora, a neblina dava uma trégua, e permitia brilhar a luz de uma frágil estrela.




Inspirado na noite de domingo, que estava fria e úmida. E eu estava aqui, procurando uma estrela na neblina.

Por: Carolina

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