sábado, 3 de outubro de 2009

Quando tudo se torna inesplicável - Parte 2 - A queda


-Edward Vandergate era o filho mais velho do casal Vandergate. Um jovem misterioso, sempre calado, seus olhos negros desconfiados, fechados para qualquer sinal de manifestação sentimental. Mas era bonito. Muito bonito. De porte atlético, sempre era visto exercitando-se pelos arredores da propriedade dos pais que localizava-se na colina montanhosa junto a um grande penhasco. A casa erguia-se majestosa a beira do abismo, equilibrada entre o nada e o forte de pedra que a segurava. Havia várias lendas e mitos sobre a casa da colina e a família Vandergate. Cada uma mais fantasmagorica que a outra, de fato ao olhar a casa do vilarejo da planície não havia outra coisa a se pensar a não ser que era realmente amaldiçoada. Principalmente quando chovia e os ventos lamentavam gritando ao redor da casa.
E chovia no vilarejo e a casa, juntamente com os 4 Vandergartes dormia. Edward Vandergate dormia, profundamente perdido em seus pesadelos. Foi quando acordou, de sobresalto, com um grito horrivelmente choroso ecoando em seu quarto, vencendo as barreiras das portas e janelas, adentrando em sua mente. Seus olhos vidrados de terror não piscaram, se levantou com um pulo, vestiu o roupão vinho e saiu desabalado pelos corredores sussurrando freneticamente "Elizabeth" "Elizabeth"... . Como podia sua amada morta gritando pelos corredores da mansão? Não fazia sentido algum, pessoas mortas não gritam, pessoas mortas não andam pelos corredores, a não ser que...Não! Impossível. As lendas eram somente lendas. Mesmo assim iria verificar. Quando alcançou o grande salão de entrada e notou que as portas estavam abertas nem percebeu que o velho mordono estava ali, petrificado, falando sozinho alguma coisa sobre assombração, e espíritos. Edward, entretando, não prestou muita atenção, somente apressou o passo, ganhando finalmente a fria madrugada, as gotas de chuva molhavam seus cabelos escuros, sua roupa, mas ele continuava em seu caminho. Passou pelos jardins, contornou a casa indo em direção ao penhasco, a uns 6 metros de distância já avistou a cruz de pedra , o túmulo de Elizabeth. Sua noiva que havia morrido há alguns anos, brutalmente assassinada nos jardins da casa dos Vandergates, o assassino, no entanto, nunca fora encontrado. Ela havia sido enterrada a beira do penhasco, para viver eternamente na infinita imensidão do abismo. Edward ao se aproximar notou algo estranho, o túmulo estava aberto, vazio. Intacto, se não fosse a tampa tombada do lado, e frio. Como se não bastasse o susto do túmulo vazio, Edward viu, Elizabeth de costas a beira do penhasco, com o vestido branco a tremular ao vento, os longos cabelos loiros contrastando com a escuridão da noite. Edward caiu de joelhos aos seus pés, abismado, espantado, chorando de medo, de surpresa, de remorso. A verdade o atingia como flecha, mortal, esmigalhando seu coração, ele soluçava de desespero. Ele havia matado-a. Ele! Facadas certeiras no coração. Devido a uma briga, uma discussão, e agora ela havia voltado. Por vingança, talvez? Edward não conseguia parar de chamar por ela, de suplicar por perdão. Foi Elizabeth quando se virou, seu rosto imaculado,perfeito e seus olhos claros a encara-lo, julgando-o, acusando-o.
As lágrimas de Edward se misturavam com a chuva e ele sentia tamanho desespero que sem medir as consequências, foi ao encontro de Elizabeth, abraça-la. Em vão, seus olhos piscaram por um minuto antes da queda, era tarde de mais, o chão fugiu dos seus pés, ganhou o ar gelado da noite, ele ainda sapateou a beira do penhasco, mas caiu. Caiu em silêncio, sem gritos, sem súplicas, somente a certeza de que suas lágrimas de nada valiam. Ele era um assassino. Antes de bater com um baque surdo no chão de pedras, ele ainda pode ver Elizabeth, os olhos dela estavam no horizonte, firmes. Com uma última trovoada, a chuva cessou, as nuvens escuras e carregadas foram levadas pelo vento para longe, cedendo lugar a claridade bela do amanhecer. Foi com os primeiros raios da manhã que a família Vandergate acordou, glorificando mais um dia de vida.
Nota: Continuação. Foi um desafio para mim escrever esse texto. Nunca fiz a linha "escritora de mistérios" aliás, nem escritora eu sou, mas tentei. Parabéns Pedro! Essa continuação é seu presente! Queria mesmo te dar alguma coisa escrita por mim! Espero que goste.

2 comentários:

  1. Olha... hum... ahn... Está absolutamente... Perfeito! Há! E você ainda me diz que não escreve sobre suspense, minha Stephane King? Há, há! Adorei. Sério, eu nuuunca imaginaria um final assim. Meu Deus, ficou demais. Um Vandergate, assassino!
    Olha, meus parabéns. Carol, foi um presente e tanto, pode estar certa. Vou até copiar para o meu computador. Eu gostei demais. Muito obrigado, minha amiga.

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  2. Caaaa!
    olha quem surgiu das cinzas! HAHAHA
    saudades menina!
    o texto TA LINDO!

    Bgs ;*

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