quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Duas xícaras de chá


-Um convite para tomar um chá...acho que é a primeira vez que me convidam para um chá.
-Porquê? Falta de costume?
-Não, é que sempre que se convida para um "chá" na verdade é um café disfarçado. Literalmente assim, é a primeira vez.
-Bom, você pode escolher o qual quiser, camomila, erva-doce, erva-cidreira...
-Talvez eu tome um de cada...acho...
-Eu prefiro erva-doce...
-Aham...
Silêncio, enquando ambos tomavam um gole do respectivo chá que escolheram. E apreciavam a paisagem da sacada do apartamento dele. Era pôr-do-sol. E ela se sentia quente e acolhida, não sabia dizer, porém, se era pelo chá, se era pela companhia dele, ou se era pelo pôr-do-sol.
-Porquê eu? Digo, porquê me convidar para o chá, e porquê chá?
-Simples, você me disse que gosta muito de conversar, de trocar idéias, de refletir junto com outra pessoa, eu também! E eu acho que a bebida que inspira para esses tipos de diálogos é o chá! Também achei um bom motivo para te conhecer melhor...
-Eu também queria te conhecer melhor, sabe, longe de todas aquelas pessoas da faculdade...
E esse realmente era um bom começo. Uma mesa posta na sacada para dois, duas xícaras, chás variados, a beleza do fim do dia, e os olhos dele querendo mais, muito mais do que somente algumas xícaras de chá.

sábado, 26 de setembro de 2009

Nos meus olhos


-Tudo o que eu sei é o que está escrito nas páginas antigas do meu caderno de rascunhos. Além disso eu não sei de mais nada. Quero continuar não sabendo, porque saber ou planejar se algum acontecimento inesperado pode surgir e mudar tudo? Quero continuar com os dias assim, na total supresa do destino. Quero que o tempo passe na medida certa e na velocidade compatível a cada momento. Porque pensar no amanhã é pura besteira, é tolice. Hoje eu só quero a emoção que o hoje me propõe. Hoje eu quero o seu abraço, o seu beijo. Hoje eu quero estar aqui e mais nada. Deixo que o futuro venha da forma que lhe convir. Eu só quero respirar hoje. Só por hoje.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Física em Camões


-Ah! O amor...sentimento que toma completamente o coração da gente. E nos deixa tão bobos, tão perdidos, tão fora do próprio corpo. Não, não estou apaixonada. Eu sou apaixonada por tudo aquilo que me fascina, por tudo aquilo que por algum motivo amo. Não, isso aqui é sobre idéias vagas que tive em uma aula de termologia quando olhei para o lado e vi meu colega de turma suspirar ao ler uma carta de sua namorada. E ele estava tão completamente absorto pela leitura, na inebriante fascinação que aquilo lhe causava que chegou até a sorrir bobamente para o papel. Ah! O amor! Causando agonia nos corações humanos e a felicidade extrema e dependente. Confesso que fiquei com inveja, mais ainda quando ele mandou um romântico aceno a sua amada que senta do outro lado da sala. E eu no meio (literalmente) de todo esse amor. No fim dessa breve reflexão vaga, eu me conformei com a minha situação atual e resolvi copiar a matéria, afinal Q= m. c. T não muda e não causa dúvidas existenciais (pelo menos não para mim). Só que ficou uma nota de rodapé no caderno, na página em que copiava física, Camões ganhou um espaço e disse "Mas como causar pode seu favor, nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor?". Camões toma conta de mim.
Por: Carolina

sábado, 19 de setembro de 2009

Entre tubos de ensaio


-Eu gosto tanto de você que nem consigo suportar.
-Gosta? Com toda sua vontade?
-Com todos meus sentimentos, tanto e tanto que falta o ar quando te vejo,e me dá uma vontade de passar a eternidade olhando para seus olhos, assim, como agora...
-Querida...a eternidade é muito tempo, é tempo de mais.
-Mas o que sinto é grande, é imenso, e caberia certinho na eternidade.
-A eternidade tem tamanho? Achava que era alguma coisa, assim, imensurável.
-Pode ser, e pode não ser. Para mim a eternidade é o lugar do meu amor, ele fica lá, guardado, porque é somente na eternidade que ele pode acontecer na maneira mais maravilhosa possível, da maneira simples de amar.
-Uhm...então tá, eu prefiro guardar meu amor em um tubo de ensaio.
-Nossa, tão pequeno assim?
-Não, em um tubo de ensaio eu posso adicionar o que eu quiser, retirar o que for preciso, fazer reagir, dosar, medir, e ainda é a medida exata do meu bolso, para levar aonde eu quiser.
Silêncio.
-...
-...!
-Eu adoro o fato de você ser químico.
-Eu adoro o fato de você ser romântica.
Na verdade, eles se adoravam, pelo simples fato de se adorarem. E entre tubos de ensaios eles se beijaram. Um beijo que com certeza era do tamanho exato da eternidade.
Por: Carolina

domingo, 13 de setembro de 2009

Detalhando

-Fazer das pequenas coisas da vida, grandes coisas. Esse é o lema. Esse é o caminho. Não adianta ficar esperando grandiosidades se a simplicidade e o necessário se encontra no pequeno. Um sorriso, uma palavra simpática, uma ajuda em uma hora nada difícil, um olhar amigo, uma festa naquele final de semana parado, uma música cheia de sentimento, um livro em um dia frio, um bom filme, uma tarde toda jogando conversa fora com alguém muito especial. São a essas coisas que se deve dar valor, porque as vezes o que realmente importa não é a obra completa e sim os detalhes. Eu adoro os detalhes. Mas nem sempre foi assim, a obra pronta é mais bonita, mais interessante, contém maior grandeza. Só que ao final, são os detalhes que proporcionam beleza, leveza, simplicidade, sem eles não havia obra, não haveria gravura, não haveria quadro. A minha vida ainda não é uma obra completa e está longe de ser, mas estou cuidando o melhor que posso dos detalhes. A grandeza está em saber percebe-los.


Por: Carolina

sábado, 12 de setembro de 2009

Correndo

-Eu precisava escrever. Precisava estar perto das palavras para afastar da lembrança pensamentos que não deveriam estar lá. Corri desesperadamente para cá, mesmo sem ter frases prontas, mesmo sem ter idéias ordenadas, somente queria o refúgio de um lugar tranquilo. O silêncio que esse espaço só meu me traz afasta a realidade do mundo de mim, e as vezes eu gosto mesmo é de viver em uma realidade inventada. E nessa realidade as coisas são como eu quero que sejam, e acontecem do jeito que eu quero que aconteçam. Eu sei, eu sei que ultimamente por muitas vezes o meu mundo inventado desaparece, desmoroma, e eu enxergo claramente a dura ilusão que tinha criado. Mas a vida me cobra uma postura, me cobra atitudes reais e pensamentos reais, no mundo atual não há espaço para românticos e idealistas. Só me resta então viver. Viver nesse mundo que os outros inventaram para mim, para todos. Mesmo sabendo que eu, possuo em segredo um mundo só meu.


Não era esse o rumo que queria dar a esse post. Como disse acima, não tinha nada preparado, deixei somente as palavras seguirem a linha. Nem eu me entendo as vezes, quem dera vocês me entenderem.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Antecipar uma viagem


-Houve um tempo que saía pela rua com minha câmera fotográfica na mão e um grupo de amigas, para tirar fotos em esquinas bonitas. Explorávamos os lugares da minha cidade e tudo era eternamente novidade. Passar em frente de casas, colher flores em arranjos, espiar aquele menino bonito da rua de cima, era simples e alegre. Tudo terminava com um sorvete na Esmeralda e se tivessemos sorte, um belo pôr-do-sol. Escrevíamos nos cadernos uma da outra que seríamos amigas para sempre. Para sempre é tempo de mais, e com o passar dele uma a uma elas foram embora, seguindo o destino de suas vidas. Restaram disso tudo minha câmera com fotos vazias, as flores amassadas e secas por livros e eu, a última que ainda resta. Vivo em Marília como sempre vivi, contemplando o céu e as pessoas e feliz por fazer parte da vida de tanta gente. Ainda percorro as ruas a observar tudo como se fosse novidade, porque mesmo estando tudo igual, eu estou diferente e vejo cada coisa como se fosse novo, de novo. Mesmo sem minhas companhias, ainda sento nas mesinhas da mesma sorveteria a contemplar a mesma vista pensando que serei a última a ir embora. E por ser a última, serei, quem sabe, a primeira a voltar.
Nota: Espero que logo logo pare de chover e faça sol. Um sol bonito e um céu claro.
Por: Carolina

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Outra vez


"Você foi o maior dos meus casos, de todos os abraços o que eu nunca esqueci. Você foi, dos amores que eu tive o mais complicado e o mais simples pra mim.

Você foi o melhor dos meus erros a mais estranha história que alguém já escreveu. E é por essas e outras que a minha saudade faz lembrar de tudo outra vez.

Você foi a mentira sincera, brincadeira mais séria que me aconteceu. Você foi o caso mais antigo o amor mais amigo que me apareceu.

Das lembranças que eu trago na vida, você é a saudade que eu gosto de ter. Só assim sinto você bem perto de mim outra vez.

Esqueci de tentar te esquecer, resolvi te querer por querer. Decidi te lembrar quantas vezes eu tenha vontade. Sem nada perder.

Você foi toda a felicidade, você foi a maldade que só me fez bem. Você foi o melhor dos meus planos e o maior dos enganos que eu pude fazer."




-Essa música me lembra quando saía com meu pai sabado de noite para dar voltinhas na cidade. E a rádio tocava só clássicos da música brasileira. No maior estilo "Ao mestre, com carinho." Eu que nem entendia muito bem de "clássicos" me emocionava com as melodias, com as letras e com a simplicidade daqueles passeios.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Sentimentalismo

"-Por que você desvia o olhar?

-Porque eu tenho medo de altura. Tenho medo de cair para dentro de você. Há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. Então, eu desvio os meus olhos para amarrá-los em qualquer pedra no chão e me salvar do amor. Mas, hoje, não encontraram pedra. Encontraram flor. E eu me agarrei às pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada num desses abismos, dentro dos seus olhos."



Encontrei esse pedacinho de texto no orkut de uma conhecida, e ele me fez pensar...e no meio dos pensamentos surgiu a pergunta "por que eu desvio o olhar?" eis a resposta:

Porque quero evitar olhar para trás, para tudo o que já passou. Porque sei que no passado estão seus olhos, fugindo de mim, indo embora. Não quero encontrar com a saudade que há, no espaço deixado pelo vazio que você deixou. Então eu desvio o olhar, ignorando tudo o que já existiu. Fingindo que não acredito no amor, relutante em aceitar que um dia eu terei que encarar de frente seus olhos. Seus olhos nos meus olhos. Trazendo de volta tudo aquilo que já foi, e me lembrando de tudo aquilo que poderia ter sido. Eu desvio o olhar, porque ainda te amo.


Extrema dose de romantismo. Essa semana lembrei de algumas paixões antigas.