domingo, 7 de junho de 2009

Diário de bordo


-O meu coração tem caminhos que eu desconheço. O meu coração sente emoções que eu não consigo definir...

Navego em um oceano infinito e a três ano não consigo avistar o final. Onde está o grande farol que havia naquele porto quando parti? O caminho de volta está lacrado, e a imensidão me obriga sempre a remar em frente. 365 dias vezes 3 entre céu e mar. Somente ouvindo o silêncio dos milhares de corredores e caminhos do meu coração. Os braços estão cansados, os olhos ardem, as pernas querem caminhar, mas só o que posso fazer é remar. Remar. O sol nasce mas não é belo, as nuvens resplandecem no céu azul mas não possuem vida. Deitada no barco sobre a luz opaca e misteriosa das estrelas dúvidas e medo aparecem na superficie de meus olhos. A certaza ficou para trás, a esperança já a muito perdida não é mais companheira. Houve , por vezes, uma momentanea alegria quando pensei avistar terra firme. Por duas vezes arrumei as velas e remei. Com minhas últimas forças rumo ao que soube depois ser apenas uma peça do destino. Uma ilusão. Havia somente mais mar. Mais água. As lágrimas antes salgadas não correm mais pela face cortada pelo vento impiedoso. Recolhi as velas há tempos e navego sem rumo. Contemplo a gaivota solitária no céu, ela pousa no meu barco e me desafia a continuar. Como se ela soubesse de um futuro que eu não sei. O fundo do oceano parece mais profundo e escuro e me convida a mergulhar. Mergulhar fundo. Sentir o fim de mim mesma. Mas os olhos da gaivota me dizem para continuar e remar apenas mais uma vez. Mais 365 dias. Mais algumas léquas. Como um pássaro pode saber meu destino? Essa pergunta não tem que ser respondida agora. O barulho da água que bate no barco me trás os remos as mãos. "Já estive aqui antes". Tive que voltar atrás antes de rumar por novos caminhos. A dor da ilusão é enorme. O peso de minhas escolhas quase me esmagam. Mas remarei. Uma última vez buscando um lugar onde finalmente aportarei. Mesmo sabendo que esse porto é efêmero, mesmo sabendo que depois eu irei deixa-lo. Mas eu preciso saber onde vou chegar antes de remar mais uma vez, dessa vez, rumo ao infinito.

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