sábado, 6 de junho de 2009

De azul lascado


-Eu tenho um arquivo que se chama memória. É uma caixa média, pintada de azul, com várias fotos coladas, com várias frases escritas. Guardo na memória tantas coisas. Pedaços de papéis com bilhetinhos, convites para festas importantes, cartinhas de amor (não que tenham muitas), lembranças do que foram e do que um dia vão ser, textos que me escreveram, textos que escrevi, fragmentos de papéis e emoções. Revirando a memória um dia desses, lembrei de pessoas, de momentos, de acontecimetos. Aquela amiga querida dos tempos do colégio que agora não vejo mais, aquela tarde gostosa que passei com as mesmas amigas no shopping, as festas aqui na minha casa, aquele menino mais que querido que eu amei na minha inocência de 1° colegial, aquela amiga para todas as horas que depois que o tempo passou se tornou amiga para hora nenhuma. São tantas pessoas que já cruzaram meu caminho, são tantas pessoas que deixaram de uma forma ou outra alguma lembraça, ou algum pedaço de si mesma dentro da memória. São aquelas coisas que eu nunca vou esquecer, que para sempre vou lembrar e que vão me machucar com tal força, simplesmente porque o passado não volta, simplesmente porque elas já não fazem parte da minha vida, já não estão comigo. Fechando a tampa azul céu do meu arquivo memória, respirei fundo tentando reprimir uma pergunta que há anos faço para mim mesma. "Sem dúvida nenhuma que essas pessoas marcaram minha vida, mas será que eu, de uma forma ou outra marquei a vida delas? ". Eu creio que nunca terei a resposta. Mas é tão cruel, tão devastador não saber. A intensidade, a importancia que ele, que ela, tiveram na minha vida pode não ser a mesma que eu tive na vida dele, na vida dela. Perdi alguns minutos pensando como seria possível alguém ser tão importante para outro alguém, e tão nada para qualquer outra pessoa. Por não chegar a conclusão nenhuma, resolvi deixar essa pergunta sem resposta. Resolvi continuar guardando na memória resquísios de lembranças que fulano ou ciclano deixarão na minha vida. Mesmo sabendo que as vezes fulano não se lembrará de mim amanhã. Mesmo sabendo que ciclano esquecerá meu nome semana que vem. Mesmo sabendo que o tempo passa e apaga tudo, e transforma tudo. Amarela todos os papéis, deteriora todas as caixas, e desbotará o azul de meu arquivo chamado memória.



Por: Carolina

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