domingo, 28 de junho de 2009

Uma fofoca


Essa história aconteceu com uma amiga de uma amiga minha. Não é uma história muito interessante, nem muito relevante para a vida de ninguém, creio eu, mas mesmo assim acho que merece ser contada. Pelo simples fato de que todo mundo pelo menos uma vez na vida já passou por isso. Essa menina, amiga da minha amiga, resolveu ir em uma festa, sábado a noite. Balada, banda, bar. E ela ficou um mês inteiro esperando por essa festa. Ah, ela disse para minha amiga que sentia que algo de bom iria acontecer nesse evento. Pois bem, lá foi ela, depois de se arrumar, se produzir, se maquiar, se pentear, entre outras coisas que mulheres fazem antes de irem a essas tais festas. Chegando ao local determinado, sorriu, cumprimentou amigos, bebeu alguma coisa, e...deu de cara com ele. "Ele" era o irmão de um antigo caso que ela havia tido, caso este que tinha terminado fazia muitos meses. E de acordo com minha amiga, "ele" era bem, bem, bem mais bonito que o irmão. A amiga da minha amiga com certeza deve ter ficado sem saber o que fazer quando o cara levantou e foi até a mesa dela dar-lhe um beijinho de "oi" e aquele abraço. Creio que na cabeça dela passou a cena dos dois em algum cantinho daquela boate no maior dos amassos, mais não, não podia, "ele" era irmão do outro e essas coisas não eram nada corretas. Enfim, "ele" ficou ali por perto e ela reparou que sempre que podia "ele" dava umas olhadinhas como que procurando por ela, olhando para ela. Oras, lá para as tantas da madrugada, minha amiga me disse que ela não se aguentava mais, tinha que saber se "ele" queria ou não alguma coisa. Afinal o irmão não estava ali, e ninguém saberia mesmo. Criou coragem - e que coragem, eu mesmo não teria- é aquele velho ditado, em qualquer coisa que se faça, tem-se 50% de chace de "sim" e 50% de "não", o "não" já existe, deve-se que buscar o "sim". E ela foi. Aproximou-se dele, disse baixinho em seu ouvido "Sabe, será que eu poderia te dar um beijo?". Menina direta, curta e fina. Ficou claro para ele o que ela queria. E ela ficou ali, esperando a resposta. "Ele" sorriu, se afastou, olhou para ela e disse "É que eu estou acompanhado" e apontou para trás. "Ele" estava com uma moça muito bonita, mais nem foi isso que machucou mais, o que doeu mesmo foi o "fora" depois dela ter se arriscado tanto. Sabe, eu conheço essa menina de vista e sei que ela não é dessas que "chegam" em um cara. Sei bem o que ela sentiu, a música parou por um instante, e ela teve a impressão que todos ali sabiam o que tinha acontecido e riam dela. Sei bem que ela quis correr, mais não correu, sei bem que ela sorriu para ele, disse um "Ah...entendi" choroso. Sei de tudo isso, porque como já disse antes, creio que de alguma maneira, todos já passaram por isso. Se não passaram, ainda vão passar. É uma história corrigueira, mais totalmente cotidiana que aconteceu com uma amiga da minha amiga.



-Qualquer semelhança com fatos, ações, eventos ocorridos no mundo real é mera coincidência.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Quando o pensamento não basta


Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar...

Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos", 08.03.1914


Buscando uma definição poética para esse sentimento inerente a todo ser humano. Mas creio que nem mesmo os poetas chegaram a um acordo quando o assunto era descrever o amor. Gosto dessa definição de Fernando Pessoa, gosto da idéia de "não pensar", talvez seja esse o caminho. Talvez seja...



Estou aberta a novas definições de alguém a possuir, ou a qualquer tentativa, se alguém quiser.



domingo, 21 de junho de 2009

Lirismo comedido

Arte de amar

Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.



Manuel Bandeira




Achei assim, na medida exata para o que eu queria dizer hoje.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Diálogos


-Da série diálogos nada importantes mais que fazem a gente ficar pensando neles durantes horas, dias, meses...

"Na sala de aula, durante a troca de aulas, uma aluna está conversando com o professor.
-É, eu realmente não vou mais prestar_______ .
-Sim, fiquei sabendo, e acho que você está certa, não é a faculdade que fazemos que nos tras felicidade.
-Não, não é mesmo...."


Não é a faculdade que fazemos, não é o jeito que nos vestimos, não é a casa em que moramos ou quanto dinheiro que temos que nos tras felicidade. Para não ser tão cliche, quero dizer que a felicidade está dentro de nós, decimos ou não ser feliz, é um estado de espirito, não uma meta. A felicidade nunca está onde a colocamos, (entenda como estando no final de um caminho a ser percorrido) mais em cada curva, em cada passo, em cada etapa completa. Posso estar triste, sabendo que a tristeza passará e dará lugar a outro sentimento. Sentimento que pode ser felicidade. Felicidade é um estado de espirito. Felicidade é borboleta.


Por Carolina

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Piegas


-O vento frio lá fora agitava as folhas das árvores. O sol brilhava fraco no céu, típico do começo de inverno. Através da cortina da sala ela olhava para um ponto distante na paisagem. Olhar longe. Perdido. Deixou a cortina escorregar devagar pela sua mão e sentou no sofá. Se dirigiu para a mesa colocada no centro da sala, escolheu ao acaso mais um filme, ligou a televisão, selecionou o idioma, apertou "play". Mais um filme. Mais um romance "isso não existe na vida real." Sabia que era quase um massacre ficar na frente na televisão assitindo esses romances em uma data como essa, porém, de algum modo bem paradoxal aquilo a confortava de alguma maneira. Talvez bem no fundo havia aquela vozinha que dizia para ela que um dia ela viveria seu próprio filme romantico. E seria real. E seria bem real. E ela acreditava. E esperava. Deitou no sofá novamente e puxou para junto de si as cobertas. Por uma fresta da janela entrava um vento gelado que a fazia sentir frio. E não havia ninguém ali que pudesse aquece-la. Suspirou, fechou os olhos e pensou "não gosto desse dia...não gosto." Realmente não gostava, mais daria o mundo para gostar. Daria o mundo para não sentir mais esse frio dentro do peito. Daria o mundo por um amor. Um amor assim, simples, mas amor.



Nota: Sem notas. Piegas totalmente. Tentei ignorar a data. Foi em vão. Eu sou uma romantica mesmo. Hunf...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

De véspera


-Eu tenho saudade. Saudade de tudo aquilo que já vivi, saudade de tudo aquilo que senti, saudade do que um dia eu fui, saudade daquele tempo em que viver era fácil e fresco. Fresco como a brisa da manhã. Manhã que mostra o presente e faz o passado ficar distante, distante como a saudade que sinto. Tão distante e tão próxima de mim. Assim, do meu lado. Eu tenho saudade.





Nota: Tentei escrever qualquer outra coisa. Mais não deu. A mémoria insistiu em lembrar daqueles tempos.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Colorir com as cores do vento


-É que tudo é tão diferente, mais tão...igual.
-Cada experiência é única na vida.
-Eu me sinto como se estivesse vivendo a mesma situação de antigamente, mais percebendo coisas de uma maneira tão diferente...
-É que a gente cresce, começa a ver o mundo que nos rodeia de uma maneira totalmente, diferente. Para usar suas palavras.
-Todos querem viver a vida novamente, e é exatamente o que eu estou fazendo agora, e não acho que estou gostando.
-Pois deveria. Deveria aproveitar para fazer o que não fez antes, para pensar como não pensou antes, para agir da maneira que gostaria de ter agido antes, para não cometer os mesmos erros de antes...
-Para não pensar tanto no "se" ... você tem mesmo resposta para tudo.
-Não, eu só já vivi demais, já vi coisas demais, já aprendi demais.
-Já viu de tudo? Já sabe de tudo?
-Incrivelmente não, a cada dia que passa vejo que não sei nada, que não vi nada, que tenho tanto a aprender, apesar de já ter aprendido tanto. Por exemplo sentado aqui com você, olhando para o nada, isso é novo para mim...
-É novo para você conversar com uma pessoa que tem metade de sua idade...
-É novo para mim conversar com alguém que tem metade da minha idade, mais que tem tanta vivencia dentro do coração, tanto noção da vida que me impressiona.
Silêncio. Ambos olham fixamente e perdidamente para o por-do-sol visto da montanha. Lá embaixo a cidade. Havia o mundo sobre os pés deles.
-Sabe que nesse ano cheio de repetições que estou vivendo isso aqui é diferente de tudo que já fiz.
-Claro, nada acontece duas vezes da mesma maneira. Por mais que você ache que está tudo igual, por mais que você insista em dizer que está "reprisando" a vida, nada vai ser igual...e sabe porque? Porque alguma coisa dentro de você está totalmente mudada. O seu coração mudou.
-O meu coração...já sofreu de mais, mas também já sorriu, já chorou, já amou, já brigou, se irritou, se iludiu...ah...meu coração...
-Prepare-se para viver tudo isso de novo, de uma forma assustadoramente igual...mais sabe, diferente.
-Uhm...acho que voltamos ao mesmo ponto em que começamos.
-Fechamos o ciclo então.
-Tem tanta coisa que ainda precisava dizer.
-Ah...não terá...depois desse espetáculo...
-Qual?
-Observe.
E viram juntos o por-do-sol mais cheio de respostas da vida de ambos. O silêncio era cúmplice. O companheirismo e a amizade também. Estavam ali. E tudo o que restava não importava mais. As dúvidas já haviam sido apagadas com cores. Vermelho. Alaranjado. Amarelo. Verde. Azul. Anil. Violeta.


Nota: Agradecimentos especiais para o professor que me ensiou as cores do arco-iris. E que me inspirou nesse textinho. César.


Por: Carolina

domingo, 7 de junho de 2009

Diário de bordo


-O meu coração tem caminhos que eu desconheço. O meu coração sente emoções que eu não consigo definir...

Navego em um oceano infinito e a três ano não consigo avistar o final. Onde está o grande farol que havia naquele porto quando parti? O caminho de volta está lacrado, e a imensidão me obriga sempre a remar em frente. 365 dias vezes 3 entre céu e mar. Somente ouvindo o silêncio dos milhares de corredores e caminhos do meu coração. Os braços estão cansados, os olhos ardem, as pernas querem caminhar, mas só o que posso fazer é remar. Remar. O sol nasce mas não é belo, as nuvens resplandecem no céu azul mas não possuem vida. Deitada no barco sobre a luz opaca e misteriosa das estrelas dúvidas e medo aparecem na superficie de meus olhos. A certaza ficou para trás, a esperança já a muito perdida não é mais companheira. Houve , por vezes, uma momentanea alegria quando pensei avistar terra firme. Por duas vezes arrumei as velas e remei. Com minhas últimas forças rumo ao que soube depois ser apenas uma peça do destino. Uma ilusão. Havia somente mais mar. Mais água. As lágrimas antes salgadas não correm mais pela face cortada pelo vento impiedoso. Recolhi as velas há tempos e navego sem rumo. Contemplo a gaivota solitária no céu, ela pousa no meu barco e me desafia a continuar. Como se ela soubesse de um futuro que eu não sei. O fundo do oceano parece mais profundo e escuro e me convida a mergulhar. Mergulhar fundo. Sentir o fim de mim mesma. Mas os olhos da gaivota me dizem para continuar e remar apenas mais uma vez. Mais 365 dias. Mais algumas léquas. Como um pássaro pode saber meu destino? Essa pergunta não tem que ser respondida agora. O barulho da água que bate no barco me trás os remos as mãos. "Já estive aqui antes". Tive que voltar atrás antes de rumar por novos caminhos. A dor da ilusão é enorme. O peso de minhas escolhas quase me esmagam. Mas remarei. Uma última vez buscando um lugar onde finalmente aportarei. Mesmo sabendo que esse porto é efêmero, mesmo sabendo que depois eu irei deixa-lo. Mas eu preciso saber onde vou chegar antes de remar mais uma vez, dessa vez, rumo ao infinito.

sábado, 6 de junho de 2009

De azul lascado


-Eu tenho um arquivo que se chama memória. É uma caixa média, pintada de azul, com várias fotos coladas, com várias frases escritas. Guardo na memória tantas coisas. Pedaços de papéis com bilhetinhos, convites para festas importantes, cartinhas de amor (não que tenham muitas), lembranças do que foram e do que um dia vão ser, textos que me escreveram, textos que escrevi, fragmentos de papéis e emoções. Revirando a memória um dia desses, lembrei de pessoas, de momentos, de acontecimetos. Aquela amiga querida dos tempos do colégio que agora não vejo mais, aquela tarde gostosa que passei com as mesmas amigas no shopping, as festas aqui na minha casa, aquele menino mais que querido que eu amei na minha inocência de 1° colegial, aquela amiga para todas as horas que depois que o tempo passou se tornou amiga para hora nenhuma. São tantas pessoas que já cruzaram meu caminho, são tantas pessoas que deixaram de uma forma ou outra alguma lembraça, ou algum pedaço de si mesma dentro da memória. São aquelas coisas que eu nunca vou esquecer, que para sempre vou lembrar e que vão me machucar com tal força, simplesmente porque o passado não volta, simplesmente porque elas já não fazem parte da minha vida, já não estão comigo. Fechando a tampa azul céu do meu arquivo memória, respirei fundo tentando reprimir uma pergunta que há anos faço para mim mesma. "Sem dúvida nenhuma que essas pessoas marcaram minha vida, mas será que eu, de uma forma ou outra marquei a vida delas? ". Eu creio que nunca terei a resposta. Mas é tão cruel, tão devastador não saber. A intensidade, a importancia que ele, que ela, tiveram na minha vida pode não ser a mesma que eu tive na vida dele, na vida dela. Perdi alguns minutos pensando como seria possível alguém ser tão importante para outro alguém, e tão nada para qualquer outra pessoa. Por não chegar a conclusão nenhuma, resolvi deixar essa pergunta sem resposta. Resolvi continuar guardando na memória resquísios de lembranças que fulano ou ciclano deixarão na minha vida. Mesmo sabendo que as vezes fulano não se lembrará de mim amanhã. Mesmo sabendo que ciclano esquecerá meu nome semana que vem. Mesmo sabendo que o tempo passa e apaga tudo, e transforma tudo. Amarela todos os papéis, deteriora todas as caixas, e desbotará o azul de meu arquivo chamado memória.



Por: Carolina

terça-feira, 2 de junho de 2009

All is need


-Eu não quero mais falar de amor. O romantismo pode ser tão obscuro se levado a seus estremos. Ele consome tudo em seu caminho, distrói o coração daqueles que amam, machuca. Talvez não exista mesmo amor sem dor. E escrever sobre esse sentimento mesmo sem senti-lo é tão desgastante. Ah...mas eu estou tão impregnada de amor. Sentimento que me persegue e que me força a falar dele, e eu escrevo,eu falo, eu conto. Disseram-me que mesmo distanciando o máximo possível das linhas que escrevo sempre há o próprio eu ali nas estrelinhas. Oras então eu amo. Amo mesmo não querendo amar. Amo mesmo não possuindo um grande amor. Quando digo que não tenho quem amar, não me refiro a pai, mãe, irmão e aqueles que me fazem feliz com um sorriso, me refiro a alguém, assim, mágico, especial, como chamam mesmo - namorado - isso. Sabe, eu quero mesmo é falar dos sentimentos humanos, mas meu romantismo utópico e ilusório supera qualquer frustação da raiva, do ódio, da desilusão, da angustia, da saudades. Quero sentir a plenitude de outras pessoas ao escrever como elas se sentem. E para isso eu preciso sentir também. Preciso mudar de fase, mudar de sentimentos, mudar o foco de minhas palavras. Mas como se tudo o que se passa em minha cabeça são histórias de amor, são encontros e desencontros romanticos? Essas linhas insistem em cobrar de mim esse sonho cor de rosa do amor. Chega. Vou encher linhas com outras histórias. Mesmo sabendo que "all is need love". Mesmo sabendo que cedo ou tarde o romantismo voltara com força total.

P.S : Buscando novos ares, novos mares, novos veleiros. Procurando algo real. Verdadeiro. Avassalador.


Por: Carolina

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Para não falar de mim - Continuação - Por Pedro Carlos


..."Os olhos azuis de Cristian se tornavam elétricos quando tocavam para ela. Até que um dia a música não veio. Um dia, Dois dias, três...nada de música. O portão permanecia fechado, o silêncio ensurdecedor. Descobriria tarde de mais que ele se fora. Sem despedidas, sem adeus. Somente se fora."



-Para onde? Por que tão de repente? A resposta para essas perguntas chegou um dia por meio de uma carta. O remetente era o hospital da cidade. Quando ela leu a caligrafia tremula no papel, entendeu tudo. E chorou copiosamente por isso.
"Estou muito doente. Sei que deve estar brava comigo e talvez não queira me ver. Eu entendo. Mas gostaria de apreciar o seu sorriso uma última vez. "
Ass: Cristian

Em poucos minutos ela estava correndo pelo corredor do hospital, seguindo a enumeração das portas. Lágrimas ainda escorriam abundantes em seu rosto. A emoção de reencontrá-lo se mesclava com o pavor de perdê-lo para sempre, de jamais ouvir sua música novamente. Nunca mais ver seus olhos brilhantes...

Finalmente ela estacou diante da porta onde estava Cristian. Ironicamente, ela lembrou-se da primeira vez que o vira, da certeza que tivera ao abrir a porta. Agora, entretanto, ela temia faze-lo. Hesitante, ela adentrou o quarto branco. Nada de piano. Nenhuma nota. Somente o terrível silêncio dos hospitais.
-Cristian...?
Ele ali estava lindo como sempre, dorminfo em seu leito. Abriu os olhos quando ela o chamou e sorriu palidamente. Seus olhos brilharam quando a viram.
-Olá - sua voz era fraca - Você está chorando.
-Não, não estou - ela limpou as lágrimas do rosto e tentou sorrir.
-Não fique assim. A vida é como uma melodia. Tem suas partes alegres e tristes. As tristes...são as mais belas.
Ela nada disse, apenas o observava e lutava contra o desejo forte de chorar. Ela o amava, via isso agora com tamanha nitidez. Ele apontou o dedo para a mesinha de cabeceira, sobre a qual havia um papel.
-Veja, compus uma música para você. Não sei se ficou boa, mas...pelo menos servirá para que se lembre de mim. Porque eu jamais esquecerei você.
Ela caiu no choro. Correu para a cama dele e o abraçou com força, esquecendo-se de que ele estava enfermo. Esquecendo-se de tudo. Queria ficar ali, assim, para sempre junto de seu amado.
-Não vou deixar você morrer, Cristian. Eu prometo. Eu te amo.
-...

Ela continuou abraçada com ele por mais um tempo, não percebendo que Cristian desfalecia lentamente em seus braços. Não notando que sua respiração tornava-se dificultosa e que seus olhos se fechavam. Seus batimentos cardíacos diminuíam rapidamente. Somente quando os médicos a arrancaram de Cristian ela percebeu o quando ele estava pálido. Sua frequencia cardíaca beirava zero. Ele já não estava consciente, mais sorria ligeiramente. Os médicos fizeram o que puderam, em vão. A doença finalmente o derrubara. O coração parou. O ressuscitador foi aplicado uma, duas, três vezes. Seu estado continuou o mesmo. Não havia o que fazer. Cristian estava morto.

-Não! - gritou ela, desvencilhando-se de quem a segurava e avançando para o seu amado. Ela havia feito uma promessa. Ajoelhando-se diante de seu rosto sereno e lindo, seus lábios rosados tocaram os brancos e frios de Cristian. O tempo parou. Pelo tempo incerto que o beijo durou, ela sentiu uma força poderosa e indestrutível. Uma energia que os interligava pela alma. Do fundo de seu coração, ela pediu que ele não fosse embora. Uma melodia singela preencheu sua mente naquele instante, como resposta.


Ele a beijou de volta.




Nota: Continuação mesmo. E agora o fim definitivo. Eu amei. Achei um fim diferente de todos os outros que tinha pensado para essa história. Para Pedro, meus agradecimentos e minha eterna força em seus "escritos". Para o Edson, por favor, sem ciúmes. Você é e sempre será único.