terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Lá em cima


-Eu sempre tive uma dúvida. Que talvez agora pareça ridícula e infundada. Mas, mesmo assim, me incomodava. Eu sempre perguntava, quando o dia amanhecia nublado, e o céu cheio de nuvens se o azul tinha transformado-se em branco, cinza, negro, ou se as nuvens eram tantas que cobriam totalmente o azul. E eu observava, por vários minutos, e pensava sobre qual teoria era mais acertada. Durante muitos dias, e até meses eu realmente não sabia. Porque existem momentos que as nuvens são tantas, que o tempo está tão fechado, que a tempestade é tão ameaçadora que não tem como acreditar que o azul ainda está lá. Em algum lugar. Só que ele está. Hoje eu sei. E precisei de observação, e de uma manhã maravilhosa que eu olhei para o mais escuro céu de tempestade e lá no meio, entre uma brexa das nuvens escuras, eu vi. Eu vi o céu claro que permanecia. Eu vi os fracos raios de sol que atravessavam a abertura. Eu vi, que mesmo totalmente coberto, o azul ainda estava lá. Acima das nuvens. Acima da tempestade. Acima de qualquer ameaça. Sereno. Tranquilo. Em paz. Enquanto aqui, abaixo delas, o caos era todo, e chovia, chovia, chovia numa reviravolta de nuvens cinzas e escuras. O azul não muda. É sempre azul, em todos os momentos. O que acontece é que a escuridão, quando mais forte, o cobre por inteiro. E ai, é impossível acreditar que alguma coisa realmente boa está ali em cima. A metáfora pode ter ficado ruim. Mas é uma coisa que eu observei e que hoje levo comigo. Para mim, a maior conquista é quando cessa a tempestade e o céu azul e limpo comeaça a aparecer banhado de raios amarelos, ainda fracos, do sol. E claro, as nuvens escuras cedem a vitória completa do sol. Só por alguns dias, meses, anos, talvez. E o céu azul aceita ser encoberto de novo, quando for preciso. Porque o que importa mesmo é o que está acima. Acima das nuvens. Acima de tudo.

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