quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Muitas gotas


-Chovia, e somente seu guarda-chuva não era suficiente para barrar as gotas que insistiam em molhar. Celina caminhava o mais rápido que podia, mas caminhar rápido só faziam as gotas molharem mais e mais suas roupas. Não queria chegar em lugar nenhum, só queria apagar da memória a cena que acabara de assitir. Enquanto se esforçava para ficar seca, acontecimentos permeavam sua mente em total velocidade. Sempre havia achado estranho os sumiços de Henrique, mas nunca dera atenção suficiente para entender os motivos. Foi quando resolveu parar de atender as ligações dele que as explicações vieram, duras e frias, porém, verdadeiras. Henrique tinha outra, ou melhor, outras. Nunca faltava companhia para ele, sempre que Celina não atendia ao telefone, ou não podia sair, não era problema nenhum, ele simplesmente buscava na agenda o número da próxima, em ordem alfabética. E eram festas até altas horas, depois que Henrique já havia deixado Celina dormindo, na tranquilidade de sua casa. No entanto, não era tudo isso que magoava Celina era o fato de Henrique ter feito-a acreditar que era importante. Era que Celina queria ter tido mais tempo para conhece-lo, para conversar, para dividir qualquer coisa de sua vida com ele, queria ter tido mais tempo para saber com quem estava se envolvendo, por quem suspirava. Não teve, o tempo foi curto, e a verdade foi mais curta ainda, foi só Celina entrar no simples café para se abrigar da chuva, que tudo se tornou trasparente. Lá estava Henrique, com aquela menina que ela conhecia, que havia estudado com ela anos atrás, ambos abrigados da chuva, dividindo alguma bebida quente. Celina observou por alguns minutos, sorriu frente a ironia da vida, e se dirigindo a saída, abriu o guarda-chuva, e encarou a pequena tempestade. Não adiantava lutar contra a chuva mesmo, ela iria se molhar querendo ou não. Desse modo, Celina fechou o guarda-chuva, e saiu correndo. Correndo pelas avenidas vazias, correndo por entre os postes e carros, correndo pela vida. Apesar de tudo, ela já estava na chuva, só precisa agora se molhar.
Nota: Achei que seria bom lavar a alma. Agora acabou.
Por: Carolina

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