domingo, 26 de abril de 2009

Sobre o silêncio...

Eu passei muito tempo em silêncio.

Passei muito tempo em silêncio observando a vida e as pessoas de longe. Não que eu não vivi, vivi sim, mais em um estado latente de quase abdicação de tudo aquilo que gostava de fazer. Sem muitas explicações, eu escolhi esse estado, e como em toda escolha eu estava preparada para suas consequências.

Mas eu aprendi, nesses momentos de silêncio e observação, algumas coisas, que se eu estivesse vivendo com todo o prazer que eu queria passariam desbercebido. Aprendi a reconhecer olhares, e através deles reconhecer sentimentos, aprendi a saber que o brilho nos olhos de uma pessoa pode dizer várias coisas, aprendi contemplanto gestos e atitudes que na maioria das vezes disfarçamos o que realmente acontece dentro de nós.

Dentro da minha redoma de cristal, totalmente silênciosa, gostava de olhar nos olhos daqueles que cruzavam meu caminho, sempre achei que olhos são expressivos de mais se soubermos olhar certo para eles...e nessa brincadeira de tentar encontrar esse ponto no qual a alma se comunica com o mundo através dessa janela ocular percebi que um olhar nervoso deve ser sustentado, assim, bem no fundo nos olhos, um olhar apaixonado deve ser encarado quase como uma borboleta, é aquela olhadinha seguida do mais misterioso sorriso e acompanhado do rubor púrpura das faces, já um olhar amigo deve ser entendido e sentido no fundo da alma e ser retribuido da maneira mais doce possível. Existem outros muitos que percebi, que compreendi, mais há momentos que olhares não devem se traduzir em palavras, devem ser sentidos na sua plenitude, são esses que a gente sente no fundo da alma e que tocam as profundesas do nosso coração.

Foi no silêncio dos meus pensamentos, tarde da noite deitada em minha cama que cheguei a uma conclusão, quando algo que alguem quer muito se torna real, não existe pedra preciosa no mundo que brilhe mais que os olhos. Nesses momentos eles parecem sorrir junto com os lábios e são tão contagiantes que ninguem ao redor consegue evitar esse intenso brilho de felicidade, de realizaçao...mais sempre existe o oposto em tudo que fazemos, e para servir de antitese ao brilho de realização, surge aquele brilho opaco que denunciam as lagrimas passadas pelos olhos que rolaram adiante nas bochechas...esse é aquele olhar melancolico, aquele sorriso apagado que acompanha uma dor imensa no coração esse tipo de olhar costuma ser baixo, discreto e sempre fugitivo, tentativa de disfarce. A trasformação de um no outro sempre é maravilhoso de se ver, principalmente quando o brilho opaco antes de lagrimas se ilumina e se torna brilho de mil diamantes que representam a felicidade, o contrario é dolorido, e não recomendo a ninguem ver mais que uns 3 ou 4 durante a vida, é decepcionante ver que um brilho se apagou, talvez para sempre.

Mas talvez o que mais me impressiona em tudo isso, é a magnitude dos sentimentos, a dinamica maravilhosa das emoções que quase como uma dança incrivelmente ensaiada ou completamente improvisada surge nos corações, passam pela boca, para se derramarem como rios de aguas turvas ou cristalinas nos olhos de quem as sentem...novamente digo, que sentimentos não devem ser traduzidos em palavras, devem ser entedidos no silencio de um olhar cumplice, guardado no coração e servir de lição para as horas que precisamos entender não os outros, mais nós mesmos...entender o mais profundo silencio das almas. Passar tanto tempo assim em silencio me fez cumplice, me fez refém e testemunha dos segredos dos olhares, e hoje, admito, é no silencio que apreendemos a compreder nossos corações e o mundo.


-Eu escrevi esse texto no começo desse ano, em janeiro, quando percebi que devido a algumas escolhas minhas eu havia perdido muita coisa, mais também ganhado outras...quem sabe até melhores.


Lembrete: passar os textos que estão a mão livre para o computador


;)

Agradecimentos especiais a aqueles que tem paciencia para ler...!

Um comentário:

  1. Frases como: "eu penso muito, penso em varias
    coias" ou "sou muito detalhista". Fazem muito
    sentido agora! Incrivel como você consegue nos
    fazer sentir o que sente!

    ResponderExcluir