sábado, 25 de julho de 2020

Aquela viagem

- Já faz um tempo que estou imersa em meus pensamentos sobre esse assunto. Eu sei que ainda não acabou. Mas já sei que muita coisa mudou. Sim, estou falando dessa viagem que fiz. Dessa viagem que estou vivendo. Na verdade, já fazem 6 meses. Com uma pandemia no meio. Se eu imaginava? Não. Ninguém imaginava. Como poderíamos. Mas não, não estou levando isso em consideração para escrever aqui hoje. Na verdade estou levando em consideração somente os pensamentos que estão em minha mente nesse momento e que já são muitos. E quando eles se acumulam assim, eu preciso escreve-los. E eu sei que ainda não acabou. Mas quero falar hoje do que já aprendi. Do que já vivi. Estar assim longe de tudo o que chamo de rotina, já me fez ver algumas coisas e pensar sobre algumas outras. Me percebi mais. Me senti mais. Passei mais tempo em silêncio olhando e aprendendo. Observando. Percebendo. Na verdade, eu passo muito tempo em silêncio. Em minhas horas vagas, andando e pensando. Estar assim tanto tempo comigo mesma me fez sentir mais. Sentir diferente. Sentir de um jeito que a rotina do dia a dia já não me permitia. Tudo isso me tirou de uma zona de conforto a tempos estabelecia e construída. Uma zona de conforto que, confesso, não queria sair. Ou não achava que seria tão difícil sair. Não era ruim, era somente, confortável. Mas sair assim, mudar assim, ir para tão longe assim trás tantas coisas novas. E muda muita coisa que já estava ali. Acostumado. E passei a sentir tudo diferente. Os sentimentos antigos são mais intensos. Eu eu passei a amar mais. E eu passei a sentir mais saudades. Na verdade, eu passei a sentir mais qualquer coisa. Escutar uma música tem outro significado. Andar pelos caminhos tem outro significado. Sentir o vento, a chuva, os dias passando, tem outro significado. Tudo é novo e antigo ao mesmo tempo. E as sensações são diferentes e são as mesmas. São as antigas sensações intensificadas. Melhoradas. Novas, talvez. Ainda não acabou mas já consigo entender que não posso mais voltar a ser mesma. Ainda não acabou, mas já sei que as mudanças que esse tipo de experiência trás são inevitáveis. Esse tipo de coisa muda internamente tanta coisa. Faz um furacão. Uma bagunça. Deixa tudo a flor da pele. Me fez dar valor a pequenas coisas. Me fez dar valor a coisas antigas. A lembranças, sentimentos, reflexões. Um dia me disseram que a maior mudança "depois dessa viagem" seria em mim. E eu não soube o que isso queria dizer. Agora, mesmo antes de acabar, eu sei. Eu talvez esteja ficando um tanto repetitiva aqui. Porque realmente é difícil de explicar. Nada mudou, mas tudo mudou. Eu ainda sou a mesma. Mas não sou mais. E eu amo ainda as mesmas coisas, pessoas, momentos. Mas de um forma tão diferente. Mas de um forma tão igual. Talvez seja um pouco difícil de escrever. O que eu quero dizer, é que é necessário esse tipo de viagem. É necessário sentir esse choque. Esse baque. Essa mudança. E o que eu quero dizer é que, se houver a oportunidade, vá. Saia. Viaje. Não perca. Não tenha medo. Ou tenha, mas vá assim mesmo. A vida dentro da gente precisa se renovar. O nosso universo pessoal precisa se abrir. Os horizontes aumentar. E você vai saber que pode mais. Que é mais forte. Que consegue mais. E quando eu fecho os olhos, sei que continuo a mesma. E quanto fecho os olhos sei que estou diferente. Enfim, pode ter ficado difícil esse texto cheio de contradições. Mas é difícil explicar o que no momento, só sei sentir. 

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