Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto dela. Antes mesmo de poder conter.
-Por quê? –
Perguntou.
-Vivemos em
mundos diferentes agora. Somente isso.
As palavras
dele não pareciam ensaiadas. Pelo contrário. Possuíam uma estranha convicção de
certeza inabalável. E tranqüilidade. Os olhos eram calmos. E secos. Os dela, já
molhados, estavam vidrados nas palavras e no seu significado, talvez, oculto. O
desespero cedo lugar para a angustia. E posteriormente a dor de mais uma
despedida definitiva. Justo ela não sabia escolher as palavras para aquele
momento. Olhou para ele.
-Eu somente
não acredito que possa haver qualquer tipo de sentimento a distância.
Sorriu. O
mais irônico dos sorrisos e caminhou para a porta. Ela estava ali. Sem reação.
Forçando as conexões nervosas do seu corpo a funcionarem com coerência.
-Espere! –
Conseguiu dizer.
Ele parou na
eminência de abrir a porta. Com a mão na maçaneta, e se virou lentamente. Quase
como se o tempo estive aos poucos se congelando. Ou quase como se ele tivesse
todo o tempo do mundo para fazer o que quisesse.
-Não deve
haver mais nada para ser dito. Não há mais explicações para serem dadas. Não há
mais a que recorrer. É somente isso. E eu já estou indo embora.
Mais uma
lágrima solitária escorreu pelo seu rosto. Inicio, quem sabe, de um oceano
próprio que logo se formaria. Balançou afirmativamente a cabeça. Ela sabia que
não havia mais “porém” nem “por que” . No entanto sentia falta de algumas
explicações, somente porque mais algumas explicações o manteriam ali durante
alguns minutos a mais. O tempo havia acabado. Deu por si quando ouviu o clique
metálico da porta se fechando. Vazio. A última lágrima solitária rolou rosto
abaixo. As próximas viriam acompanhadas.
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Não me lembro se já postei esse texto. Li ele hoje novamente, mas ele foi escrito a tanto tempo. Ainda faz sentido e me lembro com muita clareza do que me levou a escreve-lo.
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