terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Enfim, adeus



 Uma lágrima solitária escorreu pelo rosto dela. Antes mesmo de poder conter.
-Por quê? – Perguntou.
-Vivemos em mundos diferentes agora. Somente isso.
As palavras dele não pareciam ensaiadas. Pelo contrário. Possuíam uma estranha convicção de certeza inabalável. E tranqüilidade. Os olhos eram calmos. E secos. Os dela, já molhados, estavam vidrados nas palavras e no seu significado, talvez, oculto. O desespero cedo lugar para a angustia. E posteriormente a dor de mais uma despedida definitiva. Justo ela não sabia escolher as palavras para aquele momento. Olhou para ele.
-Eu somente não acredito que possa haver qualquer tipo de sentimento a distância.
Sorriu. O mais irônico dos sorrisos e caminhou para a porta. Ela estava ali. Sem reação. Forçando as conexões nervosas do seu corpo a funcionarem com coerência.
-Espere! – Conseguiu dizer.
Ele parou na eminência de abrir a porta. Com a mão na maçaneta, e se virou lentamente. Quase como se o tempo estive aos poucos se congelando. Ou quase como se ele tivesse todo o tempo do mundo para fazer o que quisesse.
-Não deve haver mais nada para ser dito. Não há mais explicações para serem dadas. Não há mais a que recorrer. É somente isso. E eu já estou indo embora.
Mais uma lágrima solitária escorreu pelo seu rosto. Inicio, quem sabe, de um oceano próprio que logo se formaria. Balançou afirmativamente a cabeça. Ela sabia que não havia mais “porém” nem “por que” . No entanto sentia falta de algumas explicações, somente porque mais algumas explicações o manteriam ali durante alguns minutos a mais. O tempo havia acabado. Deu por si quando ouviu o clique metálico da porta se fechando. Vazio. A última lágrima solitária rolou rosto abaixo. As próximas viriam acompanhadas. 


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Não me lembro se já postei esse texto. Li ele hoje novamente, mas ele foi escrito a tanto tempo. Ainda faz sentido e me lembro com muita clareza do que me levou a escreve-lo.

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