terça-feira, 30 de novembro de 2010

Um passo, dois passos...


"-Desde o dia em que ao mundo chegamos, caminhamos ao rumo do sol. Há mais coisas para ver, mais que a imaginação. Muito mais do que o tempo permite. São tantos caminhos para se seguir, lugares para se descobrir e o sol sempre a girar sob o azul desse céu, nos mantém nesse rio a fluir. Nesse ciclo sem fim, que nos guiará, a dor e a emoção. Pela fé e pelo amor, até encontrarmos o caminho nesse ciclo, neste ciclo sem fim."

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-Ninguém conhece as dores de ninguém. Ninguém conhece os segredos de ninguém. Ninguém sabe o que cada um passou para chegar ao lugar em que se encontra agora. As estradas são muitas, as curvas mais abundantes ainda, os atalhos, desvios, becos e pedágios são constantes. Tudo é válido. Tudo é aprendizado. Se tudo será visto durante a vida, provavelmente não. Se tudo será sofrido, provavelmente não. Se tudo será fácil, provavelmente não. A dor e o sofrimento faz parte de uma parte da estrada. A felicidade, a alegria, estão presentes ali, além da curva. O caminho é longo, e mesmo assim, curto. O caminho é estreito, e mesmo assim, largo de mais. O sol brilha, mostrando cada vez mais um dia. Cada vez mais um passo na estrada. Individual. Coletiva. De cada um. De um só. A verdade é que o ontem ensina o que o amanhã irá cobrar. Tudo, tudo. Exatamente tudo. É aprendizado. E nada é em vão.

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A vida é ampla. E os dois textos mostram visões diferentes dela. Ou iguais. Ou semelhantes. Ou nenhuma das anteriores. Um mexeu muito comigo, e o outro eu que escrevi, numa aula meio tranqüila de química analítica qualitativa.

sábado, 27 de novembro de 2010

Love Hurts


"O amor só vive pelo sofrimento e cessa com a felicidade; porque o amor feliz é a perfeição dos mais belos sonhos, e tudo o que é perfeito, ou aperfeiçoado, toca o seu fim."
Camilo Castelo Branco
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Exatamente o que queria dizer. Exatamente. O amor dói. Machuca. Mas, atire a primeira pedra quem não deseja, profundamente, amar.

Análise


-Eu nunca fui uma pessoa que tivesse muitos amigos.
-E porquê você acha isso?
-Não é uma questão de achar, é um fato em si. Nunca tive muitos amigos. Não era nem nunca fui uma pessoa popular. Não vivia rodeada de meninas que queriam saber de minha vida agitada. Na verdade eu nunca tive uma vida muito agitada...
-Sim, continue.
-Sempre fui muito fechada sabe, com meus segredos somente para mim e para meus diários. Acho que é esse o problema. Sempre escrevi de mais. Como forma de externar os problemas e dores. É, isso mesmo o problema, sempre escrevi de mais. E não deveria, deveria ter procurado alguém, contado...
-Mas escrever não é uma coisa que você considera como seu dom? Sua identidade? Você abriria mão disso se assim, tivesse mais amigos?
-Não. Não. Acho que não. Complicada essa questão. Teria mais amigos se eu não escrevesse como escrevo? Não. Eu sou quem eu sou. Não abriria mão de nada. Mas, essa não é a questão. A questão é que essa falta de amigos me faz muito dependente dele. E não sei se isso é bom.
-Não seria bom porquê?
-Porque ele tem a vida dele, com os amigos dele, e gosta de sair só com eles quando pode. E eu preciso tanto dele, da companhia dele, de conversar com ele. É tão difícil entender que ele não vive só para mim. Que ele quer e deve viver para ele. Somente para ele. E que eu, sou somente mais uma pessoa com quem ele divide, sei lá, alguns momentos. Machuca tanto quando ele liga e me fala que vai sair com fulano, ou ciclano. Ou quando ele diz que está na casa de beltrano. E eu lá em casa, esperando as horas passarem, os dias passarem, para voltar a minha rotina outra vez. Contando as horas para ele estar de volta só para mim, quando ele não fica ansioso para me encontrar. Ele somente deixa o tempo passar.
-Acalme-se. Enxugue essas lágrimas sim. Vamos falar mais sobre isso. Você acha isso uma atitude positiva? Me refiro a essa espera sua com relação aos compromissos dele.
-...Não, não acho positiva. É uma atitude que me consome as vezes. Sempre, na verdade. Só que não consigo mudar, tento entender que não posso estar com ele as 24 horas de um dia. Eu tento de verdade. Mas, como disse, eu sou uma pessoa sozinha, e com ele eu me sinto sempre acompanhada, confortável, amada, querida, segura. E ele sente-se somente bem, quando está comigo. Ele tem a vida dele Doutor, e eu nunca tive a minha.
-Como assim?
-Nunca tive a minha. Nunca tive uma vida. Uma que fosse minha. Sempre vivi com metas, com desejos, com vontades que as vezes nem eram minhas. Eu nunca tive minha turma de amigos, nem um programa que fazia sempre junto com alguém. Sempre fui quieta. E quando batia a solidão eu estudava, lia, escrevia. Chorava sozinha em algum lugar...
-...
-Olha só que bobeira a minha, achava que quando encontrasse alguém isso iria mudar. E não muda não é. Somos somente duas pessoas individuais. Que compartilham somente...não sei o que compartilhamos. E olhe, eu queria que ele fosse a "minha metade". Mas não é. Ele é uma pessoa inteira, assim como eu. Assim como todos somos. E a minha vontade era ter ele só para mim. Em todos os momentos.
-Você não acha isso muito...
-Egoísta? Eu sei. E não é isso que estamos tentando trabalhar aqui Doutor. Digo, não era esse o ponto.
-Sim, sim.
-Eu sou uma pessoa egoísta. Acho que assumir isso já é importante. Só que, escute isso sim. Quem na minha situação não seria? Eu me deparei com alguém que consigo confiar totalmente para me abrir tanto ao ponto de ficar vulnerável. Alguém que é meu amigo. E muito mais que isso. Alguém que nunca tive. Como não ser egoísta?
-Estamos aqui para isso, não é mesmo? Olhe, que tal continuarmos outro dia?
-Certo Doutor, já passou do horário mesmo. Muito obrigada por tudo. Até mais.
-Até mais. Até a próxima.
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terça-feira, 23 de novembro de 2010

Sem água

-Quando a última gota d´água cai dentro de um copo cheio, ele transborda. E grande parte do seu conteúdo interno é derramado. Escorre. Vaza. Molha. Mas, nada mais além disso. Não grita. Não chora. Não responde. Não se indigna. Não se irrita. Um copo d´água não possui reação. Um ser humano possui. E ele grita. Chora. Responde. Se indigna. Se irrita. Principalmente se o dia foi cheio, se a cabeça está cheia, se o tempo voa e falta, se as horas são curtas, e as responsabilidades enormes. Se o peso de cada escolha é esmagador. Se a mente não descansa. Se o corpo, cansado, implora por uma pausa. Que pausa? Os dias estão cada vez mais frenéticos. A vida está cada vez mais corrida. O tempo não existe. E o único modo de apreciar um pôr-do-sol é quando se espera o ônibus. Acordar cedo e dormir tarde é rotina. Preparar aulas, trabalhos, estudos em momentos apertados do horário também. Contar segundos, minutos, horas que correm. Correm. Correm. Correm. Correm...

E não param.

O sol queima. A chuva molha. O céu escurece, amanhece, entardece. E a vida continua. Pode parecer clichê, mas apesar de tudo, "estamos aí." O único problema disso tudo não é a agitação, não é a correria, não é a falta de tempo. É o esgotamento. O cansaço. O desgaste. No final do dia, um banho frio (em dias quentes) ou um banho quente (em dias frios) seria a solução para todas as feridas dessa rotina. Mas, imagina só se faltar água...


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Um textinho escrito assim, no ponto de ônibus. Bem rapidinho.
Porque sempre que admito que tenho problemas para escrever, as palavras voltam?


sábado, 20 de novembro de 2010

Crise literária

-Escrever não é uma tarefa muito difícil. Requer papel, caneta e dedos. Ou papel, caneta e uma mente pensante. Na verdade nem precisa-se pensar muito para escrever. Não precisa-se forçar, convocar as palavras, trabalhar duro. Não precisa-se de grandes esforços. E não creio que os grandes escritores forçavam tanto assim para obterem suas grandes obras. Eu acredito mesmo que escrever é sentir. E quando se sente, quando os sentimentos pesam, incomodam, gritam, eles saem de várias maneiras. E uma das maneiras, é em forma de palavras. Simples. Tranqüilo. Sereno. Calmo. Sentir intensamente a vida e tudo o que ocorre ao redor dela torna a escrita um ato fácil. Repito, não sei se os grandes escritores eram assim, ou não. Só que creio intensamente que sim. Todos eles produziram obras tão belas, que só podem ter saído de horas e horas pensando e refletindo sobre como eles sentiam e viam a vida passar. Aqui, eu estou falando por mim. Escrever foi e é uma forma de eu escapar. Uma forma de colocar para fora de maneira pacífica todo o redemoinho de sentimentos que existe dentro de mim. Como já disse antes por aqui, todo o meu eterno paradoxo no modo de viver. Mas, escrever não é difícil. Difícil é sentir. É ter tempo de sentir. Sentir de forma variada. E ultimamente meus sentimentos e percepções estão escassos. Digo no sentido de variedade. Antes tudo o que se lê por aqui jorrava de mim como enxurrada. Hoje essa saída já é bem relutante. E não existe muito o que fazer com relação a isso. Já forcei. Já espremi. Já convoquei. Até aceitar que não adianta. E a solução é a espera. De um dia tudo voltar. De um dia tudo estar como deveria e eu voltar a ver a vida como via antes. Por enquanto, não está fácil escrever. E eu me sinto como se tivesse perdido uma parte de mim que gostava muito de ter. Que me orgulhava até. Era aquela parte que eu tinha, quase como uma coisa especial. Espero que volte. Em algum momento de tranqüilidade. E quando voltar tudo estará aqui. Esperando-me.