- Há algumas semanas atrás eu fiz aniversário. Em meio a essa discussão toda de eleições e polarização dos eleitores, eu fiz aniversário. E todo esse contexto me fez pensar no quanto mudei nesses anos vividos. Claro, acho ótimo mudar de ideia, ainda mais relacionada ao amadurecimento, e nesses 30 anos pude viver muitas coisas. Talvez todas que a Carolina adolescente de 15 anos queria. Sai de Marília, minha cidade natal, fiz uma universidade pública, morei sozinha em 3 cidades diferentes, até que voltei para a primeira delas em 2016. Fiz estágio em uma grande empresa do ramo de medicamentos genéricos, fui professora de um cursinho popular, viajei para várias cidades. Tenho um amigo/companheiro/amor/namorado/noivo para toda vida. E hoje faço o que sempre sonhei, desde criança, faço pesquisa. Na verdade, faço doutorado e tento fazer pesquisa, mas isso já me deixa muito feliz e realizada. Com aquela sensação de ter chegado onde queria, e com aquela outra, de ainda tem um longo caminho pela frente. Se pudesse ter uma conversa com a Carolina de 15 anos diria que ela ia chegar exatamente onde sonhou, nem um passo a menos, mas sim com muitas coisas a mais. Diria para ela ir em frente sem medo e com um pouco mais de certeza, diria que tudo iria mesmo acontecer na hora certa e no tempo certo, diria para ela segurar um pouco mais a ansiedade. Diria para ela ter um pouco mais de fé. Que eu sei que ela sempre teve, e que eu sempre tenho. O que me trouxe até aqui, na verdade, foi ter esse pouco de fé. Foi acreditar um pouco em mim e não ter nada de certeza mas mesmo assim, ir em frente. Mas, tem uma coisa que não diria para a Carolina de 15 anos, até porque ela não iria acreditar em mim. Não diria o tanto que ela iria mudar. Não diria o tanto de coisa que ela ia ver, para mudar. Não diria o tanto de realidades diferentes e bem mais duras que a dela, e que ela teria contato, para sim, depois de ver tanto, mudar. Não mudar a personalidade, não mudar a essência de "ser Carolina", mas pensar um pouco diferente, pensar um pouco fora da "bolha", na verdade, pensar muito fora da "bolha". Eu sai de uma cidade no interior do estado de São Paulo, não viajei o mundo, mas conheci algumas cidades por aí. Não tive grandes contatos com outras culturas, mas conheci gente de todos os tipos. E não precisei ir muito longe para isso. Talvez, seja por todo esse contexto dos dias atuais, como as eleições, que me fez pensar e querer escrever esse texto nesse blog velho e antigo. Perceber que talvez eu, se não tivesse passado por tudo isso que passei, eu hoje com 30 anos, seria uma pessoa que votaria de uma forma diferente. Seria uma pessoa fechada em minha "bolha" de minha cidade no interior. São nossas vivências que nos fazem amadurecer, é o que vivemos e vimos que nos fazem moldar quem seremos, são nossas escolhas quando estamos sozinhos, são nossos pensamentos quando estamos sozinhos, são nossas ações quando ninguém está vendo. E após passar por tudo o que já disse aqui, eu não poderia ser diferente. Não poderia pensar diferente. A Carolina do passado já era muito humana, muito com esse desejo de cuidar, tanto é que fez um curso na área da saúde. E essa Carolina de hoje só intensificou mais isso. Como ser contra as pessoas? Qualquer uma delas. Como ser contra a educação? Como ser contra a ciência? Como ser contra quem mais precisa de você? Como não pensar em servir, sendo cristão? E como não ver que se está indo contra tudo isso? Como...
Eu não consigo. Então, nesse mês em que fiz aniversário, nesse mês que fiz 30 anos, assumi que não teria como eu ser diferente do que sou. E que vou continuar sendo. Sempre que possível. Mas, a atual situação, me dá um pouco de medo do que possa vir a acontecer. No mais, o que me resta, é ter fé. Essa pouca fé. E tentar torna-lá uma grande fé. Os próximos tempos precisam. Eu preciso. Nós todos precisamos.
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