segunda-feira, 25 de março de 2013

Papel e caneta

Um lugar qualquer, 24 de março de 2013

Meu querido,

Os caminhos dessa vida foram tantos, e tão longos que há algum tempo não te escrevo. Já digo antecipadamente que não te esqueci em nenhum momento de minha caminhada. Já digo antecipadamente que nunca me esqueço de suas palavras, conselhos, sorriso e abraços. Isso porque somente você marcou minha vida de um jeito totalmente único. Tocou minha alma o tempo que passei junto com você. Não, não te esqueci. Somente tive muitos outros conflitos a resolver que me tomaram tempo, tempo este que antes dedicava a te escrever. Não há nada de novo por aqui, agora. Tudo aconteceu junto alguns meses atrás. E foi uma verdadeira reviravolta. Mas não é sobre isso que quero te contar. Não falo mais sobre a tempestade. Falo sobre o arco-íris que veio em seguida. 

Meu querido, você não tem ideia do tanto que fui surpreendida por essa vida. Hoje vejo claramente tudo aquilo que você me dizia anos atrás e sei por experiência própria que tudo era verdade. O tempo passou e eu cresci. O tempo passou e eu mudei. O tempo passou e eu aprendi que nada nessa vida dura para sempre. Hoje me sinto mais feliz, mais forte, mais esperançosa e mais sonhadora. E vejo cada vez mais perto de mim a realização completa e concreta dos meus sonhos. Não, não foi assim sempre. Antes, meu querido, houve fortes ventos e grossa chuva, só que isso é assunto para outra carta. Nesta carta, te conto que ando pelas ruas a sorrir, que canto no chuveiro, que olho a vida por um lado mais iluminado e mais claro. Não que não tenha momentos de tristeza, eles sempre vem. Mas eu sempre sei que eles irão passar, então eu espero. Até nisso eu cresci. E aprendi que nunca é tarde para se reinventar. Que nunca é tarde para mudar as atitudes. Que nunca é tarde para amar mais as pessoas e estender a mão para o próximo. Tudo isso, veio de um dia para o outro, de uma noite para outra, depois de aprender que as pessoas gostam de quem gosta delas. Que atitude nobre, e isso aprendi com você, é a humildade. Lembra-se? Você sempre dizia que ser humilde era a maior característica de um ser humano. Eu achava que perdoar era a mais nobre ação, mas só quem é humilde sabe perdoar. E eu tento ser humilde. E me lembro de você. Dos seus olhos verdes e me ensinar, dos seus passo manso a andar pelo quarto branco, de seu sorrido tímido a me olhar de longe. Eu me lembro de você e sempre me lembrarei por mais longe que for. Por mais difícil que seja os caminhos, ou por mais fáceis. 

Te conto hoje que a a vida me fechou várias portas. No entanto, havia mais do que somente uma janela aberta. E eu agraço isso, agradeço por não desistir, quando todos esperavam minha queda. Eu  pensava em você, e seguia em frente. Afinal, como iria voltar e te encarar dizendo que desisti no primeiro grande obstáculo? E eu sempre pensava no que você me diria. E imaginava seus olhos a me repreender. Assim, buscava acordar toda manhã e seguir. Hoje estou bem. Hoje digo que encontrei pessoas que me ajudaram e me ajudam diariamente. E sou uma pessoa completa novamente. Sempre fui, somente não sabia. Hoje, me sinto mais feliz quem sabe. Mas tenho a certeza de que nada sei. De que muito pouco sei. E que nunca saberei o suficiente. Você sempre me dizia isso. E eu sempre achava que você era humilde de mais. E não era? 



Meu querido, deixo você agora a contemplar minhas palavras nesta carta. E saiba que aguardo sua resposta. Sei que pode demorar, afinal, depois de longos anos, essa carta será bem inesperada. A vida insiste em me afastar de você, só que te tenho comigo. Todos os dias.

Um grande beijo,
Um forte abraço.

Seus, eternos, olhos de carvalho.

CRZ.


---------------------------------------------------------------------------------

quarta-feira, 13 de março de 2013

Tudo dessa vida

-Depois de um tempo, aprendi que esperar é uma constante da vida. Aprendi que frustração é mais comum do que se imagina. Que tombos são frequentes e que é essencial ser forte diante da vida. Depois de um tempo percebi que confiança total e extrema só existe entre eu e meus pais. Que amigos irão decepcionar, que a vida vai insistir em te fazer incrédulo, fraco e pessimista. Aprendi que há mais dor que amor. Que ao final de uma caminhada, outra, mais desafiante se inicia. E que devo, independentemente do que for, ir em frente. Aprendi a dureza e a aspereza dessa vida. E sua amargura. Mas, aprendi que há cura para essas dores e tempo para as feridas fecharem. Aprendi que há amor em lugares inesperados. Aprendi que lar é aquele lugar que te acolhe independente de como você volta e que consolo sempre vem. Aprendi que o sol sempre nasce, que a chuva sempre passa, que o frio sempre traz junto consigo um cobertor. Aprendi que nada dura para sempre, seja alegre ou triste, bom ou ruim.  E que as coisas mudam sempre. Aprendi também a sempre esperar. A sempre ter fé. A acreditar. A vida judia. Mas ensina a amar.